Portugal Colonial - COP28 pede ao mundo uma 'transição' para abandonar os combustíveis fósseis

COP28 pede ao mundo uma 'transição' para abandonar os combustíveis fósseis
COP28 pede ao mundo uma 'transição' para abandonar os combustíveis fósseis / foto: Giuseppe CACACE - AFP

COP28 pede ao mundo uma 'transição' para abandonar os combustíveis fósseis

Representantes de quase 200 países aprovaram nesta quarta-feira (13) um apelo histórico a favor de uma "transição" energética que permita abandonar progressivamente o uso dos combustíveis fósseis.

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A transição das energias que provocaram o aquecimento do planeta deve ser acelerada "nesta década crucial", afirma o texto.

O objetivo é chegar a 2050 com um balanço "neutro" de emissões de gases do efeito estufa, como estipula o Acordo de Paris de 2015.

"Estabelecemos as bases para alcançar uma mudança transformadora histórica", declarou o presidente da conferência, o emiradense Sultan Ahmed Al Jaber, em meio aos aplausos dos participantes.

Os países precisaram negociar por um dia a mais que o previsto para o encerramento oficial da COP28 para concretizar o acordo.

Oito anos após o Acordo de Paris, a comunidade internacional afirma que uma preparação é necessária para deixar para trás as fontes de energia que permitiram o maior crescimento econômico da história.

- Motivos para otimismo -

"A era dos combustíveis fósseis deve acabar - e deve acabar com justiça e equidade", destacou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, em um comunicado.

"Em um mundo abalado pela guerra na Ucrânia e no Oriente Médio, há motivos para otimismo, motivos para gratidão e motivos para alguns parabéns significativos a todos aqui", afirmou o enviado especial do governo dos Estados Unidos para o Clima, John Kerry.

Duramente negociado, o texto pede às partes que contribuam com uma lista de ações climáticas, "de acordo com as circunstâncias nacionais".

"É fundamental que os países desenvolvidos tomem a dianteira na transição rumo ao fim dos combustíveis fósseis e assegurem os meios necessários para os países em desenvolvimento", declarou a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva.

O texto propõe "triplicar a capacidade energética renovável" e "dobrar a eficiência energética média" até 2030.

A transição energética deverá ser "justa, ordenada e equitativa", afirma o acordo.

Mais de 80% das emissões de gases do efeito estufa são provocadas pelo petróleo, gás e carvão. Mas estes combustíveis também representam grande parte da energia que o planeta consome diariamente.

O termo em inglês utilizado no texto, "transition away", é ambíguo e sujeito a interpretação, reconheceram os especialistas.

A meta é 2050, mas o texto não deixa claro se até esta data, fundamental no calendário da batalha climática, os países devem ter abandonado completamente a dependência das fontes de energia fósseis.

O que a comunidade internacional reitera é que, até meados do século, o planeta deve equilibrar o CO2 que envia para a atmosfera com o que retém ("neutralidade de carbono").

- Vozes divergentes -

O ambiente no centro de convenções de Dubai era de cansaço e satisfação, mas as vozes divergentes também marcaram presença.

"Não reconhecemos que a produção de combustíveis fósseis tem que começar a diminuir", alertou a ministra colombiana Susana Muhamad, cujo país anunciou em Dubai que vai aderir a uma coalizão de países comprometidos com a interrupção dos investimentos na exploração de petróleo.

O texto representa um "passo adiante, mas não oferece o equilíbrio necessário para reforçar a ação mundial", reagiu a Aliança dos Pequenos Estados Insulares, ameaçados pelo aumento do nível dos oceanos.

- Promessas não cumpridas -

A presidência emiradense organizou uma grande conferência em Dubai, com mais de 80.000 delegados, um recorde.

A COP28 começou com boas notícias em 30 de novembro, quando os países aprovaram, após apenas um ano de negociações, um fundo de perdas e danos para os países mais afetados pela mudança climática.

Apesar de todas as promessas, o mundo aumenta invariavelmente as emissões de gases do efeito estufa. Os cientistas alertam que, até 2030, os compromissos de redução propostos em Dubai representarão apenas um terço do sacrifício necessário.

O planeta vive em 2023 o ano mais quente desde o início dos registros das temperaturas, segundo os cientistas.

J.Pereira--PC