Portugal Colonial - Após um ano de ChatGPT, gigantes da tecnologia dão as cartas na IA

Após um ano de ChatGPT, gigantes da tecnologia dão as cartas na IA
Após um ano de ChatGPT, gigantes da tecnologia dão as cartas na IA / foto: SEBASTIEN BOZON - AFP

Após um ano de ChatGPT, gigantes da tecnologia dão as cartas na IA

Um ano depois do lançamento do ChatGPT, a revolução da inteligência artificial (AI) segue em curso, mas a recente crise na empresa por trás da ferramenta, a OpenAI, deixou claro que são os gigantes da tecnologia que estão no comando.

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A revelação, em 30 de novembro de 2022, das possibilidades oferecidas pelo ChatGPT foi de certa forma uma revanche dos “geeks”, os pesquisadores e engenheiros que vinham discretamente construindo nos bastidores a inteligência artificial generativa.

Conforme os usuários descobriam sua capacidade de gerar em segundos conteúdos como poemas ou receitas, o ChatGPT se tornou o aplicativo de mais rápida adesão na história, até ser desbancado pelo Threads, a rede social lançada pela Meta em resposta ao X, antigo Twitter.

O sucesso se deve em boa medida a Sam Altman, de 38 anos, número um da OpenAI e até então pouco conhecido fora do setor. Esse ex-aluno da Universidade de Stanford - que abandonou antes de obter um diploma - virou uma espécie de rei filósofo da IA, consultado por autoridades do mundo inteiro.

Com a IA, trata-se de “fabricar e vender coisas que não se pode tocar”, analisa a historiadora americana Margaret O’Mara, autora de "The Code", livro sobre a história do Vale do Silício.

“Ter um representante capaz de explicá-la, especialmente sendo uma tecnologia avançada, é realmente importante”, explica.

- “Fundamentalismo religioso” -

A devoção de Altman à IA parecia em alguns momentos quase religiosa. Os entusiastas da OpenAI acreditam que o mundo será um lugar mais seguro se tiverem a liberdade (e o capital) para desenvolver uma inteligência artificial geral, que teria as mesmas capacidades da mente humana.

Mas essa missão tem um custo: inicialmente uma organização sem fins lucrativos, a OpenAI precisou se aliar à Microsoft, que investiu US$ 13 milhões (cerca de R$ 63,6 milhões) no projeto.

Para justificar os gastos, Altman redirecionou a OpenAI ao lucro, o que acabou levando-o a um desentendimento há poucos dias com o conselho, onde alguns membros preferem manter afastadas as potências financeiras.

Há um “fundamentalismo religioso em jogo aqui”, resumiu o investidor Dave Morin em um podcast do site especializado The Information.

Subitamente demitido como CEO da OpenAI, Altman retornou ao posto cinco dias depois. A Microsoft lhe estendeu a mão e funcionários da empresa de IA o apoiaram, ameaçando pedir demissão, mais preocupados com o futuro comercial da companhia do que com discussões filosóficas sobre o uso da inteligência artificial.

Essa tensão entre os benefícios e os perigos da IA é constante.

Elon Musk, da Tesla, SpaceX e X, foi um dos signatários de uma carta pedindo uma pausa na inovação ligada a essa tecnologia, antes de criar sua própria empresa no setor, a xAI, em um mercado cada vez mais disputado.

Google, Meta e Amazon prometeram incluir a IA em seus produtos e investiram em startups da área. Em todos os setores, empresas começaram a experimentar a inteligência artificial.

Mas as tentativas de integração se mantêm prudentes, devido ao receio de que os robôs produzam materiais falsos, absurdos ou ofensivos.

A explosão da IA gera temores que vão desde a extinção da humanidade até a eliminação em massa de postos de trabalho, passando pela desinformação em escala industrial.

- “Os capitalistas venceram” -

Seja qual for o futuro da inteligência artificial, as gigantes da tecnologia estarão a bordo. A Microsoft, por exemplo, pode em breve obter um assento no conselho da OpenAI, na esteira da recente crise interna.

“Assistimos a mais uma batalha do Vale do Silício entre os idealistas e os capitalistas, e os capitalistas venceram”, ressalta Margaret O'Mara.

O próximo capítulo da IA será também escrito pela Nvidia, fabricante de um ingrediente essencial nesta ‘receita tecnológica’: a unidade de processamento gráfico (GPU), um poderoso chip que é indispensável no treinamento da IA generativa.

Companhias gigantes, startups ou pesquisadores, todos precisam desses componentes fabricados em Taiwan, caros e escassos. E gigantes como Microsoft, Amazon e Google estão na frente da fila.

O.Salvador--PC