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Palestinos reafirmam seu 'direito ao retorno', no 75º aniversário da 'Nakba'
Os palestinos lembraram nesta segunda-feira (15) a "Nakba", ou "Catástrofe", como identificam a criação do Estado de Israel, que provocou o êxodo de cerca de 760.000 palestinos durante a primeira guerra árabe-israelense.
Milhares de pessoas procedentes de todas as regiões da Cisjordânia ocupada se reuniram em Ramallah, a sede da Autoridade Palestina, com bandeiras palestinas e cartazes pretos com a palavra "Retorno" em árabe e inglês, ou com a imagem de uma chave.
Israel foi criado em 14 de maio de 1948, em aplicação de uma resolução da ONU que previa a partição da Palestina, até então sob mandato britânico, em dois Estados, um árabe e outro judeu.
No dia seguinte, os exércitos de cinco países árabes invadiram o novo Estado com a intenção de fazê-lo desaparecer, mas Israel saiu vencedor desta guerra, durante a qual cerca de 760.000 palestinos fugiram ou viram-se obrigados a deixar suas casas.
Desde então, os refugiados ainda vivos e seus descendentes reivindicam o "direito ao retorno", algo que Israel rejeita categoricamente, alegando que isso significaria o fim de sua condição de Estado judeu.
Atualmente, a ONU estima em 5,9 milhões o número de refugiados palestinos, distribuídos entre Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967, Faixa de Gaza, Jordânia, Líbano e Síria.
Israel, por outro lado, comemora o 75º aniversário de sua independência, que este ano foi festejado em 26 de abril, seguindo o calendário judaico.
- 'O mais cedo possível' -
Mais uma vez, as efemérides do nascimento de Israel e da "Nakba" palestina estiveram marcadas este ano por uma escalada de violência. Desde janeiro, já são mais de 170 mortos, 35 deles nos cinco dias de confronto entre o Exército israelense e os grupos armados palestinos da Faixa de Gaza, entre 9 e 13 de maio.
Em Nova York, a ONU realizou uma solenidade por ocasião da "Nakba" pela primeira vez, graças a uma resolução aprovada em novembro.
Nesta cerimônia, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, pediu que seja permitido que "os refugiados [palestinos] que assim o desejarem retornem a seus lares o mais cedo possível e vivam em paz com seus vizinhos".
Também pediu que Israel aplique as resoluções da ONU e que, caso se negue a fazê-lo, "se suspenda" sua adesão a essa organização multilateral.
- 'Pelos jovens' -
Na manifestação em Ramallah, havia avós com seus filhos e netos, reivindicando o "direito ao retorno".
Jairi Hanun, um senhor de 64 anos, participou do ato vestido com sua tradicional vestimenta palestina, carregando uma maleta, símbolo do exílio, e uma chave antiga, similar às utilizadas em 1948.
"Viemos para dizer à ocupação [israelense] que foi nestas condições que expulsaram nossos pais e avós, apenas com a roupa do corpo", explicou.
O festival também contou com a participação de descendentes de palestinos que permaneceram em suas terras depois da criação de Israel. Estes "árabes-israelenses", como são chamados em Israel, somam 1,4 milhão de pessoas na atualidade e representam 20% da população israelense.
"Um dos maiores erros cometidos pelo movimento sionista é que entre 150.000 e 160.000 palestinos permaneceram em Israel depois da Nakba", declarou Mohamed Baraka, representante desta comunidade. "Hoje, somos cerca de 2 milhões, e não somos um número, mas um testemunho da identidade da pátria que Israel tentou assassinar", acrescentou Baraka em seu pronunciamento.
De acordo com os números mais recentes disponíveis do Escritório Central de Estatísticas de Israel, o país tem mais de 2 milhões de árabes, ou 21% de sua população, incluindo os moradores de Jerusalém Oriental, anexada por Israel e não reconhecida pela ONU.
Nohad Wahdan, descendente de refugiados, explica que "as comemorações são organizadas todos os anos para que os jovens aprendam sua história e não se esqueçam dela".
Abla al Kuk, diretora de uma escola, ressalta que esta efeméride permite "reafirmar o direito ao retorno, que é imprescritível, para todos aqueles que foram expulsos de suas terras e casas".
L.Carrico--PC