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EUA e Rússia iniciam nova etapa de diálogo sobre a Ucrânia
Representantes dos Estados Unidos e da Rússia iniciaram nesta segunda-feira (24) uma nova etapa das negociações para um cessar-fogo parcial na guerra na Ucrânia, um dia após as conversações entre Washington e Kiev.
O presidente americano, Donald Trump, pressiona por um rápido fim da guerra iniciada há três anos e espera que as deliberações em Riad abram o caminho para um entendimento.
Cada parte apresentou planos diferentes para uma trégua temporária, enquanto prosseguem os ataques transfronteiriços.
A princípio, as conversações aconteceriam de maneira simultânea, mas agora ocorrem de maneira sucessiva.
A agência russa de notícias TASS anunciou por volta das 7h30 GMT (4h30 de Brasília) o início das negociações Rússia-EUA.
O encontro da equipe ucraniana, liderada pelo ministro da Defesa, Rustem Umerov, com os americanos foi concluído na noite de domingo.
"A discussão foi produtiva e específica. Abordamos pontos-chave, principalmente a energia", disse Umerov, antes de acrescentar que a Ucrânia faz esforços para alcançar o objetivo de "uma paz justa e duradoura".
O enviado americano, Steve Witkoff, expressou otimismo e disse esperar um "progresso real na Arábia Saudita nesta segunda-feira" com os russos, "em particular no que diz respeito ao Mar Negro".
Witkoff mencionou, em entrevista ao canal rede Fox News, um "cessar-fogo para os navios entre ambos os países, e a partir daí, naturalmente, se avançará para um cessar-fogo total".
- Pontos pendentes -
O Kremlin, no entanto, reduziu no domingo as expectativas de uma solução rápida.
"É um tema muito complexo e há muito trabalho por fazer. Estamos apenas no início do caminho", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. Ele ressaltou que há muitos pontos pendentes para alcançar um cessar-fogo.
O presidente russo, Vladimir Putin, rejeitou um apelo conjunto dos Estados Unidos e da Ucrânia para uma pausa total e imediata de 30 dias. Ele propôs a interrupção dos ataques apenas contra as instalações do setor de energia.
Segundo Peskov, "o principal tema de discussão" com os Estados Unidos seria a possível retomada do acordo de 2022 para a exportação de grãos pelo Mar Negro, e não o fim das hostilidades.
"Nossos negociadores estarão dispostos a discutir os detalhes desta questão", declarou Peskov sobre o acordo que permitiu à Ucrânia exportar seus grãos, cruciais para a alimentação mundial, apesar da presença da frota russa na região.
A Rússia abandonou o acordo em 2023, depois de acusar as potências ocidentais de não cumprirem seus compromissos de flexibilizar as sanções contra as exportações russas de produtos agrícolas e fertilizantes.
Uma fonte de alto escalão do governo ucraniano disse à AFP que Kiev proporia um cessar-fogo mais amplo, incluindo ataques a instalações de energia, infraestruturas e ataques navais.
As duas partes executaram ataques com drones na véspera das negociações.
- Mais pressão -
Autoridades ucranianas afirmaram que um ataque russo com drones, na noite de sábado, matou três civis em Kiev, incluindo uma menina de cinco anos e seu pai.
Correspondentes da AFP na cidade observaram funcionários dos serviços de emergência atendendo pessoas feridas na manhã de domingo diante de edifícios residenciais danificados no ataque.
Os ataques fatais na capital são menos frequentes do que em outras regiões da Ucrânia.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, fez um apelo para que os aliados de seu país pressionem mais a Rússia.
"São necessárias novas decisões e uma nova pressão contra Moscou para acabar com os ataques e com esta guerra", publicou Zelensky no domingo nas redes sociais.
Moscou chega ao diálogo em Riad após uma aproximação com os Estados Unidos desde o início do governo Trump, que fortaleceu a confiança do Kremlin.
Peskov afirmou que "não se pode exagerar o potencial de uma cooperação mutuamente benéfica em várias esferas entre nossos países".
"Podemos discordar em algumas coisas, mas isso não significa que devemos nos privar do benefício mútuo", acrescentou.
C.Cassis--PC