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Riade sedia diálogos EUA-Ucrânia neste domingo; Kremlin espera negociações 'difíceis'
A reunião entre representantes da Ucrânia e dos Estados Unidos sobre uma possível trégua parcial na guerra com a Rússia será realizada na noite deste domingo (23) na Arábia Saudita, na véspera dos diálogos entre as delegações russa e americana, que o Kremlin antecipa como "difíceis".
Steve Witkoff, o enviado do presidente americano, Donald Trump, mostrou-se, por sua vez, muito mais otimista neste domingo e disse esperar um "progresso real" durante a reunião em Riade com os negociadores do presidente russo, Vladimir Putin.
Quanto aos diálogos entre os enviados ucranianos e americanos, uma fonte da delegação de Kiev informou a veículos de comunicação, entre eles a AFP, que a reunião "está programada para esta noite".
Os Estados Unidos e a Ucrânia pressionam para conseguir, no mínimo, uma trégua nos ataques contra instalações energéticas dos dois lados.
Enquanto Kiev se diz "pronta" para um cessar-fogo completo, o Kremlin parece tentar dilatar qualquer acordo de trégua para ganhar tempo, enquanto suas tropas expulsam as forças ucranianas da região russa de Kursk.
Por enquanto, a Rússia assegura que só acordou com Washington nesta etapa uma suspensão nos ataques a instalações de energia.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, já moderou as expectativas sobre as novas conversações com vistas a encerrar o conflito, iniciado pela ofensiva russa contra a Ucrânia, em fevereiro de 2022.
"É um tema muito complexo e há muito trabalho a fazer. Estamos só no começo do caminho", disse à televisão russa. As negociações serão "difíceis", acrescentou.
Como exemplo destas diferenças, a delegação ucraniana será liderada pelo ministro da Defesa, Rustem Umerov, enquanto Putin decidiu enviar um senador que foi diplomata de carreira e um funcionário do Serviço Federal de Segurança (FSB) russo, ambos de perfis mais baixos.
- Diálogos sobre o mar Negro -
Outra divergência notável é que Peskov assegurou, neste domingo, que "o principal tema de discussão" com os Estados Unidos será "a retomada" do acordo de grãos no mar Negro, omitindo qualquer menção a um possível acordo de cessação dos combates, limitado ou incondicional.
O acordo, em vigor entre 2022 e 2023, permitiu à Ucrânia exportar seus cereais, estratégicos para a alimentação mundial, apesar da presença da frota russa na região.
A Rússia deixou o acordo após um ano, depois de acusar as potências ocidentais de descumprirem seus compromissos de atenuar as sanções às exportações russas de produtos agrícolas e fertilizantes.
"Nossos negociadores estarão dispostos a discutir as nuances desta questão", prosseguiu Peskov.
Witkoff, o enviado americano, afirmou, por sua vez, que espera ver um "progresso real na Arábia Saudita na segunda-feira" com os russos, "especialmente no que diz respeito ao mar Negro".
Em declarações à emissora Fox News, Witkoff fez alusão a um "cessar-fogo para os barcos entre ambos os países. E a partir daí, se tenderá naturalmente para um cessar-fogo total".
Um alto funcionário ucraniano a par dos diálogos afirmou à AFP, na sexta-feira, que as negociações entre ucranianos e americanos se concentrarão nos aspectos "técnicos" de uma cessação provisória e parcial dos combates.
- Êxito ucraniano incomum -
Em paralelo a estes diálogos diplomáticos, o exército ucraniano anunciou, neste domingo, que tinha retomado o pequeno povoado de Nadia, no leste de Lugansk, um êxito incomum no terreno para as forças de Kiev nesta região controlada quase totalmente pela Rússia.
À noite, a capital da Ucrânia foi alvo de um ataque "maciço" de drones russos, segundo as autoridades locais. Dez pessoas morreram e outras dez ficaram feridas.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, voltou a pedir ao Ocidente "mais sistemas de defesa aérea e apoio real" após estes novos ataques.
Para responder aos bombardeios russos, a Ucrânia lança represálias, tentando atacar alvos militares ou energéticos em solo russo.
Na região de Rostov, ao sul do país, um homem morreu em um ataque com drones que atingiu seu veículo, segundo o governador regional russo, Yuri Slyussar.
No terreno, o exército russo, que avança contra um exército ucraniano em dificuldades, informou, neste domingo que havia retomado a cidade de Sribne, no leste da Ucrânia.
J.Oliveira--PC