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Pequim, Seul e Tóquio concordam em reforçar cooperação frente a desafios internacionais
Os chefes da diplomacia de Japão, China e Coreia do Sul acordaram, em Tóquio, reforçar sua cooperação em meio às tensões com os Estados Unidos pelas novas tarifas alfandegárias impostas pelo governo de Donald Trump e preocupações com os testes armamentísticos da Coreia do Norte.
"Tivemos uma franca troca de pontos de vista sobre a cooperação trilateral e sobre assuntos regionais de caráter internacional de uma perspectiva ampla e confirmamos que promovemos uma cooperação orientada ao futuro", disse a jornalistas, após a reunião, o ministro japonês de Assuntos Exteriores, Takeshi Iwaya.
"A situação internacional se tornou mais difícil e não é um exagero dizer que estamos em um ponto de inflexão da história", afirmou Iwaya no início da reunião.
O encontro trilateral, o décimo primeiro do tipo, ocorre enquanto a Ásia oriental se vê particularmente afetada pela ofensiva tarifária lançada pelo presidente americano, Donald Trump.
"Mais do que nunca, é preciso redobrar os esforços para superar as divisões e os confrontos pela via do diálogo e da cooperação", acrescentou Iwaya.
Sua contraparte chinesa, Wang Yi disse, por sua vez, que este ano marca o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial e considerou que é "refletindo sinceramente na história que podemos construir um futuro melhor".
- "Resistir aos riscos" -
Reforçar a cooperação permitirá "resistirmos juntos aos riscos" e promover a "compreensão mútua" entre os povos, acrescentou o ministro chinês das Relações Exteriores.
"A cooperação entre os três países pode enviar ao mundo uma mensagem de esperança para o futuro", declarou seu contraparte sul-coreano, Cho Tae-yul, ao acrescentar que espera "discussões abertas e francas (...) sobre o tema nuclear norte-coreano".
Cho também se referiu à Coreia do Norte, ao afirmar que "a manutenção da paz e a estabilidade na península coreana são um interesse compartilhado e uma responsabilidade dos três países".
"Além disso, expressei que a cooperação ilegal militar entre a Rússia e a Coreia do Norte deve parar de imediato", acrescentou.
Em termos gerais, Seul e Tóquio adotam uma posição mais firme em relação a Pyongyang do que Pequim, que segue sendo um de seus principais aliados e apoiadores financeiros.
Os chefes de Estado dos três países se reuniram em maio de 2024, em Seul, para a primeira cúpula trilateral em cinco anos, na qual acordaram aprofundar seus laços comerciais e reafirmaram seu objetivo de desnuclearização na península coreana, ao se referir às armas nucleares desenvolvidas pela Coreia do Norte.
- Tarifas alfandegárias -
As tarifas adotadas pelos Estados Unidos afetaram a China e, em menor medida, a Coreia do Sul e o Japão, mas nenhum dos ministros abordou o assunto diretamente em suas declarações à imprensa.
Iwaya disse, ao contrário, que "acordaram acelerar sua coordenação para a próxima cúpula" entre os chefes de Estado de seus países.
Esta nova reunião "deveria dar prioridade a questões econômicas frente à ofensiva tarifária da administração Trump", advertiu Lim Eul-chul, professor do instituto de estudos sobre o Extremo Oriente, baseado em Seul.
Os Estados Unidos desferiram um primeiro golpe com tarifas adicionais de 20% às importações de produtos chineses e de 25% sobre o aço e o alumínio, o que impacta fortemente o Japão e a Coreia do Sul, antes da série de tarifas alfandegárias "recíprocas" para todos os países, aguardada para o começo de abril.
O ministro japonês das Relações Exteriores prevê manter conversas bilaterais neste sábado, particularmente com seu contraparte chinês para manter o primeiro "diálogo econômico de alto nível" em seis anos.
Antes de sua reunião, os ministros foram recebidos na sexta-feira pelo premiê japonês, Shigeru Ishiba, que defendeu uma "diplomacia pragmática", especialmente "sobre os temas mais preocupantes".
As duas potências tentam renovar suas relações há anos, afetadas sobretudo por conflitos territoriais.
Tóquio também busca convencer Pequim a retirar totalmente a proibição às importações de produtos do mar japoneses, imposta depois do início do despejo de águas residuais da usina nuclear de Fukushima.
O.Gaspar--PC