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Israel realiza novos ataques em Gaza e ameaça anexar partes do território
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, ameaçou, nesta sexta-feira (21), anexar partes da Faixa de Gaza caso o movimento islamista Hamas não liberte os israelenses que ainda são mantidos como reféns, no quarto dia de uma nova ofensiva após romper a trégua.
A ameaça ocorre três dias depois de Israel ter retomado os bombardeios maciços contra esse território, rompendo a relativa calma que prevalecia desde a trégua de 19 de janeiro.
Uma fonte palestina próxima às negociações sobre o cessar-fogo disse à AFP nesta sexta-feira que o Hamas recebeu uma proposta dos mediadores Egito e Catar para restabelecer a trégua e realizar uma troca de reféns por prisioneiros palestinos "de acordo com um cronograma que precisa ser estabelecido".
"A proposta inclui a entrada de ajuda humanitária em Gaza", bloqueada por Israel desde 2 de março, acrescentou a fonte.
Israel retomou sua ofensiva em Gaza na terça-feira, alegando um impasse nas negociações indiretas sobre as próximas fases da trégua, cuja primeira etapa expirou no início do mês.
A Defesa Civil de Gaza anunciou que os ataques de Israel causaram 11 mortes adicionais nesta sexta-feira.
Com isso, chega a 520 o saldo de mortos anunciados por essa organização desde a retomada dos bombardeios, um dos balanços mais altos desde que a guerra teve início há mais de 17 meses, desencadeada pelo ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro.
O ministro Katz declarou nesta sexta-feira, em comunicado, que ordenou ao Exército israelense "tomar mais territórios em Gaza". "Quanto mais o Hamas se recusar a libertar os reféns, mais território perderá, e esse território será anexado por Israel", frisou.
Katz também ameaçou "ampliar as zonas-tampão ao redor de Gaza para proteger as áreas de população civil", por meio de uma "ocupação israelense permanente" dessas regiões.
O Exército israelense instou os moradores das áreas de Al Salatin, Al Karama e Al Awda, no sul de Gaza, a evacuarem suas casas devido à ameaça de um ataque.
- 'Retorno do cessar-fogo' -
As novas operações militares israelenses em grande escala, coordenadas com o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, provocaram uma condenação generalizada na comunidade internacional.
O Ministério das Relações Exteriores da Turquia condenou nesta sexta-feira o que chamou de ataque "deliberado" de Israel contra um hospital construído pelo Estado turco em Gaza.
Questionado sobre essas acusações, um porta-voz militar afirmou à AFP que o Exército israelense atacou "terroristas em um local de infraestrutura terrorista do Hamas que anteriormente havia servido como hospital" no centro de Gaza.
O Ministério da Saúde de Gaza condenou o "crime atroz cometido pela ocupação" contra o que classificou como "o único hospital designado para o tratamento de pacientes com câncer" no território.
Por sua vez, os ministros das Relações Exteriores de Alemanha, França e Reino Unido pediram na noite desta sexta que se restabeleça o cessar-fogo em Gaza.
"Estamos consternados pelas baixas civis e fazemos um chamado urgente para o retorno imediato de um cessar-fogo", escreveram os ministros em comunicado conjunto.
Milhares de manifestantes saíram às ruas de Jerusalém, nos últimos dias, acusando o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de retomar as operações militares sem levar em consideração a segurança dos reféns.
Das 251 pessoas sequestradas durante o ataque do Hamas em Israel em 7 de outubro de 2023, 58 continuam cativas em Gaza, das quais 34 foram declaradas mortas pelo Exército israelense.
- Pontos de pressão -
Este é o quarto míssil lançado desse país em direção a Israel desde terça-feira, quando os rebeldes ameaçaram intensificar os ataques em apoio aos palestinos, após os novos bombardeios de Israel em Gaza.
Mais cedo, o Exército afirmou ter interceptado dois "projéteis" disparados do norte de Gaza.
O ministro da Defesa prometeu intensificar a ofensiva israelense, utilizando "meios de pressão" tanto civis quanto militares para derrotar o Hamas.
"Intensificaremos a luta com bombardeios aéreos, navais e terrestres, assim como ampliando a operação terrestre até que os reféns sejam libertados e o Hamas seja derrotado", prometeu.
Katz também fez alusão à "implementação do plano de deslocamento voluntário do presidente dos Estados Unidos, [Donald] Trump".
No início de fevereiro, o líder americano propôs deslocar os 2,4 milhões de habitantes de Gaza para Jordânia e Egito e transformar o território devastado em um destino turístico de luxo, como "uma Riviera do Oriente Médio".
L.Carrico--PC