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Israel retoma operações terrestres e lança 'último aviso' a Gaza
Israel bombardeou Gaza nesta quinta-feira (20) e retomou as operações terrestres, depois de anunciar um "último aviso" aos residentes do território palestino para que devolvam os reféns e expulsem o movimento islamista Hamas do poder.
Israel realizou nesta semana a onda mais mortal de ataques aéreos desde o início da trégua em janeiro, ações que mataram centenas de pessoas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, governada pelo Hamas.
A Defesa Civil da Faixa informou que pelo menos 10 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em novos bombardeios na manhã de quinta-feira ao leste de Khan Yunis.
As vítimas desta quinta-feira se somam às 470 pessoas que faleceram nos ataques aéreos israelenses iniciados na madrugada de terça-feira, incluindo 14 integrantes da mesma família na quarta-feira no norte do território.
Israel afirmou que interceptou um míssil lançado do Iêmen, onde os rebeldes huthis apoiados pelo Irã anunciaram que tentaram atingir o Aeroporto Internacional Ben Gurion.
Fred Oola, médico do hospital de campanha da Cruz Vermelha em Rafah, sul de Gaza, afirmou que a retomada dos ataques acabou com a calma relativa dos últimos dois meses.
"Agora, podemos sentir o pânico no ar (...) e ver a dor e devastação nos rostos das pessoas que ajudamos", declarou em um comunicado.
O Exército israelense indicou em um comunicado que iniciou "operações terrestres seletivas no centro e sul da Faixa de Gaza para ampliar o perímetro de segurança".
"Residentes de Gaza, este é o último aviso", declarou o ministro da Defesa, Israel Katz. "Devolvam os reféns e eliminem o Hamas, e outras opções serão abertas, incluindo a possibilidade de se deslocarem para outros lugares do mundo para aqueles que desejarem".
Homens, mulheres e crianças fugiram nesta quarta em meio a uma paisagem de destruição, a pé ou aglomerados em carroças, um êxodo que já viveram durante os meses de guerra.
- Portas abertas para negociar -
No centro de Gaza, o escritório das Nações Unidas de Serviços e Projetos (Unops) anunciou que um de seus funcionários morreu e outras cinco pessoas ficaram feridas em Deir al Balah vítimas de um "artefato explosivo" que atingiu um de seus prédios.
O Ministério da Saúde do governo do Hamas culpou Israel, enquanto o Exército israelense negou ter bombardeado um prédio da ONU.
A chancelaria israelense anunciou posteriormente que estava investigando "as circunstâncias" da morte "de um cidadão búlgaro, funcionário da ONU".
O secretário-geral da ONU, António Guterres, havia pedido uma "investigação completa" sobre o incidente. O Reino Unido também exigiu um inquérito "transparente".
Por enquanto, o Hamas não respondeu militarmente aos ataques, e um representante do grupo declarou que estão abertos a iniciar conversas para retomar o cessar-fogo.
"O Hamas não fechou a porta" para as negociações, mas insistiu que "não há necessidade de novos acordos", afirmou à AFP Taher al Nunu, um dirigente do movimento, que pediu para que Israel seja obrigado a respeitar o acordo de cessar-fogo existente.
Ele também pediu o início da "segunda fase das negociações", prevista no acordo de trégua em vigor desde 19 de janeiro.
- Manifestação em Jerusalém -
"Esperamos que todo o povo de Israel se una ao movimento e continue até que se restabeleça a democracia e libertem os reféns", disse Zeev Berar, de 68 anos, que saiu de Tel Aviv para se manifestar.
Das 251 pessoas sequestradas durante o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, 58 permanecem em Gaza, 34 delas declaradas mortas pelo Exército.
A primeira fase da trégua, que expirou em 1º de março, significou a devolução de 33 reféns a Israel, oito deles mortos, e a libertação de 1.800 presos palestinos.
Desde então, as negociações realizadas com a mediação de Catar, EUA e Egito foram paralisadas.
O Hamas quer passar para a segunda fase do acordo, que prevê um cessar-fogo permanente, a retirada israelense de Gaza, a reabertura das passagens fronteiriças para ajuda humanitária e a libertação dos últimos reféns.
Por sua vez, Israel quer que a primeira fase se estenda até meados de abril e, para passar para a segunda, exige a "desmilitarização" de Gaza e a saída do Hamas, que governa o território desde 2007.
O ataque de 7 de outubro de 2023, executado pelo Hamas, deixou 1.218 mortos do lado israelense, que lançou uma ofensiva de represália em Gaza que já causou pelo menos 48.570 mortes.
A.Aguiar--PC