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Israel anuncia operações terrestres e lança 'último aviso' a Gaza
Israel anunciou, nesta quarta-feira (19), novas operações terrestres em Gaza e lançou um "último aviso" aos residentes do território para que devolvam os reféns e expulsem o movimento islamista Hamas do poder.
Israel realizou nesta semana a onda mais mortal de bombardeios desde o início da trégua em janeiro, matando centenas de pessoas, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas.
O ministério havia anunciado mais de 400 mortes e nesta quarta publicou um número muito maior correspondente às últimas 48 horas, mas um alto funcionário recuou mais tarde, alegando um "erro técnico".
A Defesa Civil de Gaza indicou depois que 436 pessoas morreram nos bombardeios israelenses desde a madrugada de terça-feira, um número confirmado pelo governo do Hamas.
O exército israelense indicou em um comunicado que "nas últimas 24 horas (...) foram iniciadas operações terrestres seletivas no centro e sul da Faixa de Gaza para ampliar o perímetro de segurança".
"Residentes de Gaza, este é o último aviso", declarou o ministro da Defesa, Israel Katz. "Devolvam os reféns e eliminem o Hamas, e outras opções serão abertas, incluindo a possibilidade de se deslocarem para outros lugares do mundo para aqueles que desejarem".
Assim como na véspera, no norte de Gaza, homens, mulheres e crianças fugiram nesta quarta em meio a uma paisagem de destruição, a pé ou aglomerados em carroças, um êxodo que já viveram durante os meses de guerra.
Segundo uma fonte da ONU, duas pessoas, uma delas funcionária das Nações Unidas, morreram em um ataque em Deir al Balah, no centro da Faixa de Gaza.
O escritório das Nações Unidas de Serviços e Projetos (Unops) confirmou a morte de um de seus funcionários em Gaza por um "artefato explosivo" que foi "lançado ou disparado" contra um de seus prédios.
Pouco antes, o Ministério da Saúde do governo do Hamas havia afirmado que um funcionário estrangeiro da ONU morreu e cinco ficaram feridos em um ataque que atingiu seus escritórios. Israel negou ter bombardeado um prédio da ONU.
- Portas abertas a negociações -
Taher al Nunu, dirigente do Hamas, afirmou nesta quarta-feira que o movimento "não fechou a porta" para as negociações, mas insistiu que "não há necessidade de novos acordos" e que Israel deve ser obrigado a aplicar o acordo de trégua existente.
"Não precisamos de condições prévias, mas exigimos que (Israel) seja obrigado a cessar imediatamente (as hostilidades) e inicie a segunda fase das negociações", previstas pelo acordo de trégua em vigor desde 19 de janeiro, acrescentou.
Os ataques, realizados em "total coordenação" com os Estados Unidos, segundo Israel, provocaram indignação nos países árabes, no Irã e na Europa.
- Manifestação em Jerusalém -
Em Jerusalém, milhares de manifestantes vaiaram Netanyahu, acusando-o de tomar um caminho antidemocrático e de continuar a guerra contra o Hamas sem levar em consideração os reféns nas mãos do movimento palestino.
"Esperamos que todo o povo de Israel se una ao movimento e continue até que se restabeleça a democracia e libertem os reféns", disse Zeev Berar, de 68 anos, que saiu de Tel Aviv para se manifestar.
Das 251 pessoas sequestradas durante o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, 58 permanecem em Gaza, 34 delas declaradas mortas pelo Exército.
A primeira fase da trégua, que expirou em 1º de março, significou a devolução de 33 reféns a Israel, oito deles mortos, e a libertação de 1.800 presos palestinos.
Desde então, as negociações realizadas com a mediação de Catar, EUA e Egito estagnaram.
O Hamas quer passar para a segunda fase do acordo, que prevê um cessar-fogo permanente, a retirada israelense de Gaza, a reabertura das passagens fronteiriças para ajuda humanitária e a libertação dos últimos reféns.
Por sua vez, Israel quer que a primeira fase se estenda até meados de abril e, para passar para a segunda, exige a "desmilitarização" de Gaza e a saída do Hamas, que governa o território desde 2007.
O ataque de 7 de outubro de 2023, executado pelo Hamas, deixou 1.218 mortos do lado israelense, que lançou uma ofensiva de represália em Gaza que já causou pelo menos 48.570 mortes.
A.Seabra--PC