Portugal Colonial - Com apoio dos EUA, Israel rompe laços com agência para refugiados palestinos

Com apoio dos EUA, Israel rompe laços com agência para refugiados palestinos

Com apoio dos EUA, Israel rompe laços com agência para refugiados palestinos

Israel romperá todos os laços com a agência da ONU para os refugiados palestinos, UNRWA, e com qualquer um que atuar em seu nome a partir de 30 de janeiro, anunciou nesta terça-feira (28) o embaixador israelense perante o Conselho de Segurança, em uma decisão que conta com apoio dos Estados Unidos.

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O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu ao governo israelense que reverta a medida: "Lamento essa decisão e peço ao Governo de Israel que a retire", escreveu em uma carta com data de segunda-feira, na qual assinala que Israel não pode "exercer um poder soberano" sobre Jerusalém Oriental.

Segundo o embaixador israelense no Conselho de Segurança, Danny Danon, "a legislação relativa às atividades da UNWRA em Israel entrará oficialmente em vigor em 48 horas, em 30 de janeiro", ou seja, a agência "deve suspender suas operações e esvaziar todas as instalações que opera em Jerusalém".

"A legislação proíbe a UNRWA de operar em território soberano do Estado de Israel e proíbe qualquer contato entre responsáveis israelenses e a UNWRA", detalhou.

Os escritórios e o pessoal da UNRWA em Israel desempenham um papel importante na assistência de saúde e na educação dos palestinos, particularmente na Faixa de Gaza, destruída após 15 meses de guerra com Israel.

Os combates provocaram uma profunda crise humanitária, devastando hospitais e desencadeando doenças infecciosas, enquanto centenas de milhares de habitantes de Gaza enfrentam fome e dependem totalmente da ajuda alimentar.

A UNRWA diz ser responsável por 60% dos alimentos que chegaram à Gaza desde o começo da guerra que veio na sequência dos ataques perpetrados pelo Hamas em outubro de 2023 contra Israel.

Mas faz tempo que a agência mantém atritos com as autoridades israelenses, que a acusam reiteradamente de minar a segurança do país.

- Paz e segurança 'em perigo' -

Uma série de investigações, incluída uma dirigida pela ex-ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, encontrou alguns "problemas relacionados com a neutralidade" na agência, mas ressaltou que Israel não tinha apresentado provas de suas acusações.

O diretor da agência Philippe Lazzarini reiterou perante o Conselho de Segurança que o "ataque incessante" de Israel contra a agência está "prejudicando as vidas e o futuro dos palestinos em todo o território palestino ocupado".

"Está erodindo sua confiança na comunidade internacional, colocando em perigo qualquer perspectiva de paz e segurança", disse, após lembrar que a "capacidade da UNRWA para proporcionar diretamente assistência de saúde primária a milhões de palestinos e retomar a educação de centenas de milhares de crianças excede em muito a de qualquer outra entidade".

- 'Debate matizado' -

A nova administração de Donald Trump apoiou a decisão de seu aliado mais próximo no Oriente Médio, acusando Lazzarini de exagerar o impacto dela.

"Os Estados Unidos apoiam a aplicação desta decisão", declarou Dorothy Shea, representante dos Estados Unidos na ONU.

"Que a UNRWA exagere os efeitos das leis e sugira que elas vão obrigar [a abandonar] toda a resposta humanitária é algo irresponsável e perigoso", afirmou.

"O que se necessita é um debate matizado sobre como podemos garantir que não haja interrupção no fornecimento de ajuda humanitária e dos serviços essenciais. A UNRWA não é, e nunca foi, a única opção", disse.

O embaixador palestino na ONU, Riyad Mansour, afirmou que só há duas forças capazes de "responder às desastrosas condições prevalecentes e devolver a vida e a esperança ao povo palestino": o governo palestino e a UNRWA.

"No entanto, Israel exige que todos os abandonem e trabalhem à sua margem, levando todos ao fracasso", afirmou.

O ataque do Hamas contra Israel em outubro de 2023 resultou na morte de 1.210 pessoas, em sua maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais israelenses.

Durante o ataque, os milicianos palestinos tomaram 251 reféns, dos quais 87 permanecem em Gaza, entre eles dezenas que Israel afirma estarem mortos.

A ofensiva de Israel matou pelo menos 47.317 pessoas em Gaza, a maioria civis, segundo números do Ministério da Saúde do território dirigido pelo Hamas, que a ONU considera confiáveis.

Israel e Hamas chegaram recentemente a um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns com o qual pretendem pôr fim a mais de 15 meses de guerra.

H.Silva--PC