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Governo da Alemanha promete explicações após atropelamento em mercado de Natal
O governo da Alemanha prometeu neste domingo (22) investigar possíveis erros cometidos pelas autoridades que poderiam ter evitado o atropelamento de sexta-feira em um mercado de Natal de Magdeburgo, que deixou cinco mortos e mais de 200 feridos.
"As autoridades responsáveis pela investigação vão esclarecer todos os aspectos do caso, o que incluirá uma análise exaustiva das pistas que existiam no passado e como foram seguidas", disse a ministra do Interior, Nancy Faeser, ao jornal Bild am Sonntag.
Faeser será interrogada no dia 30 de dezembro sobre as falhas que podem ter possibilitado o ataque, mais um sinal da pressão que o governo enfrenta a dois meses das eleições antecipadas de fevereiro
A comissão parlamentar de controle e a comissão de assuntos internos do Bundestag (Câmara Baixa do Parlamento) também interrogarão vários funcionários de alto escalão, indicou uma fonte parlamentar à AFP.
A Agência Federal da Polícia Criminal (BKA) apoia as investigações das autoridades de Saxônia-Anhalt, a região do leste da Alemanha da qual Magdeburgo é capital, afirmou a ministra.
As perguntas não param desde sexta-feira sobre o que motivou o suspeito, um médico saudita de 50 anos, a cometer o ataque. E também sobre os sinais preocupantes que o homem demonstrou nos últimos anos na Alemanha, que parecem não ter sido levados em consideração.
- Ameaças -
Taleb Jawad al Abdulmohsen teve uma audiência com um juiz no sábado e foi colocado em detenção provisória.
Segundo a revista Der Spiegel, os serviços secretos sauditas alertaram as forças de segurança alemãs há um ano sobre o perfil de Al Abdulmohsen, depois que ele ameaçou a Alemanha na rede social X pelo tratamento reservado aos refugiados sauditas.
A advertência, no entanto, foi ignorada e o médico se envolveu cada vez mais com teorias da conspiração violentas. Ele acusava a Alemanha de não fazer o suficiente para proteger os sauditas que fugiam de seu país para escapar do islã rigoroso.
O suspeito escreveu em agosto em sua conta na rede social X: "Existe um caminho para a justiça na Alemanha sem explodir uma embaixada alemã ou sem degolar aleatoriamente cidadãos alemães? Procuro este caminho pacífico desde janeiro de 2019 e não o encontro".
Em 2013, ele foi multado em Rostock por "perturbar a ordem pública" e "ameaçar cometer crimes".
O médico também gerou medo dentro da comunidade saudita exilada na Alemanha. Mina Ahadi, presidente do Conselho Central dos Muçulmanos Antigos, o descreveu como um "psicopata conspirador de extrema direita" que odeia qualquer um que não compartilhe seu ódio.
A polícia alemã, após uma avaliação de "risco" no ano passado, considerou que ele não apresentava nenhum "perigo em particular", informou o jornal Die Welt neste domingo.
Um dia antes de executar o ataque, o suspeito ignorou uma intimação judicial em Berlim, onde era processado por um surto em uma delegacia de polícia que se recusou a registrar uma denúncia que apresentou, segundo a imprensa alemã.
- Homenagens -
Alice Weidel, líder da extrema direita alemã, criticou "a inação do governo que permitiu o horror de Magdeburgo".
Seu partido, Alternativa para a Alemanha (AfD), está em segundo lugar nas pesquisas para as eleições legislativas antecipadas de 23 de fevereiro de 2025.
Sahra Wagenknecht, líder do BSW, um partido da esquerda radical que defende uma linha dura contra a imigração, exigiu explicações depois de "tantas advertências foram ignoradas".
A autoridades políticas do país visitaram o local do ataque durante fim de semana para homenagear as cinco vítimas fatais, quatro mulheres com idades entre 45 e 75 anos e um menino de nove anos.
O criminoso avançou com um veículo da marca BMW contra a multidão. O número de mortes pode aumentar porque 40 pessoas atropeladas foram internadas em estado graves.
O chefe de Governo, Olaf Scholz, pediu aos alemães que permaneçam unidos. Mas o ataque de Magdeburgo aumentou as críticas a sua administração em plena campanha eleitoral.
L.E.Campos--PC