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EUA evitam por pouco paralisação do governo antes do Natal
Embora ligeiramente fora do prazo, os Estados Unidos evitaram neste sábado (21) uma paralisação do governo federal que teria enviado centenas de milhares de funcionários para suas casas sem o pagamento dos salários durante as festas de Natal.
Para encerrar uma sequência tumultuada de vários dias que contaram com o envolvimento do presidente eleito Donald Trump e do empresário Elon Musk, o Congresso aprovou por ampla margem uma lei que assegura o financiamento do governo federal até meados de março.
O texto prevê mais de 100 bilhões de dólares de ajuda para regiões americanas afetadas recentemente por desastres naturais.
"É um bom resultado para os Estados Unidos e para os americanos", celebrou o líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer.
O projeto de lei aprovado algumas horas antes na Câmara dos Representantes foi votado no Senado pouco depois do horário limite, meia-noite de sexta-feira em Washington D.C. (2H00 de Brasília).
O gabinete da Casa Branca responsável por decretar o estado de "shutdown" (paralisação do governo) não tomou a iniciativa diante da iminência da votação no Senado.
Uma paralisação orçamentária forçaria a dispensa de quase 875 mil funcionários públicos e obrigaria outros 1,4 milhão a trabalhar sem receber seus salários.
As ajudas sociais também seriam congeladas e alguns jardins de infância seriam fechados, consequências muito impopulares, em particular antes do Natal.
Democratas e republicanos acreditaram na terça-feira (17) que haviam evitado o "shutdown" quando o presidente da Câmara de Representantes, o republicano Mike Johnson, anunciou que os dois partidos haviam alcançado um consenso para uma lei orçamentária.
- Interferência de Musk e Trump -
Mas o espírito natalino não durou muito: Elon Musk e o presidente eleito Donald Trump dinamitaram o acordo no dia seguinte.
"Matem o projeto de lei", escreveu o homem mais rico do mundo em sua rede social X, denunciando um nível de gastos que, segundo ele, levaria o país à "falência".
O CEO da SpaceX e da Tesla, que virou um dos principais aliados de Trump, foi apoiado poucas horas depois pelo presidente eleito, que classificou o acordo como "ridículo e extraordinariamente oneroso".
Sua oposição fez com que os responsáveis pelo acordo negociado por ambas as bancadas voltassem a começar do zero.
Isso dá indícios de que o retorno de Trump à Casa Branca, até mesmo antes de sua posse em 20 de janeiro, não estaria longe do estilo adotado em seu primeiro mandato, que gerou momentos de caos.
A influência de Musk, o homem mais rico do planeta, sobre Trump tem sido alvo de críticas dos democratas, que questionam como um cidadão não eleito pode exercer tanto poder.
Entre os republicanos também há vozes de discordância. "Na última vez que verifiquei, Elon Musk não tinha voto no Congresso", disse ao canal CNN o legislador republicano Rich McCormick, congressista pelo estado da Geórgia na Câmara de Representantes.
Como principal responsável pelas negociações, o presidente da Câmara, Mike Johnson, foi pressionado pelos democratas para retornar ao texto previamente negociado e também por alguns conservadores que pediam cortes orçamentários para compensar as novas ajudas.
- Críticas -
O novo plano votado na sexta não implica elevar o teto da dívida americana, embora Donald Trump tenha se posicionado contra o primeiro texto principalmente por este motivo.
Habitualmente prolixo na sua plataforma Truth Social, Trump permaneceu em silêncio sobre o novo projeto de lei. Johnson afirmou que permaneceu em "contato constante" com o presidente eleito e que estava "satisfeito com o resultado".
Ele também disse que conversou com Musk, que elogiou no X o "bom trabalho" do "speaker" da Câmara para renegociar um orçamento menor.
Antes do resultado, cada partido atribuiu ao outro a responsabilidade por uma possível paralisação.
"É um problema que (o presidente Joe) Biden deve resolver", escreveu o presidente eleito na manhã de sexta-feira.
A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, havia afirmado o contrário e alegou que correspondia aos republicanos "resolver a bagunça que eles criaram".
L.Torres--PC