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Israel bombardeia instalação do Hezbollah no Líbano no 2º dia de trégua
Israel afirmou, nesta quinta-feira (28), que bombardeou uma instalação do Hezbollah no sul do Líbano, no dia seguinte ao início de um cessar-fogo com o grupo islamista após 13 meses de confrontos na fronteira e dois de guerra aberta.
O Exército libanês, que começou a enviar soldados e tanques para o sul, ainda que sem avançar por enquanto para áreas com presença israelense, acusou Israel de violar "várias vezes" o acordo.
Por sua vez, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ameaçou ordenar uma "guerra intensiva" contra o Hezbollah se o movimento islamista pró-Irã romper a trégua.
Ele também disse que faria "tudo" o que estivesse a seu alcance para impedir que o Irã consiga uma arma nuclear.
Após a trégua entrar em vigor na madrugada de quarta-feira, dezenas de milhares de libaneses voltaram para suas casas, que foram forçados a deixar por causa do conflito.
O Exército israelense disse que "identificou atividade terrorista" em uma instalação usada pelo Hezbollah para armazenar foguetes de médio alcance no sul do Líbano e "frustrou a ameaça" com um ataque aéreo.
Os militares israelenses acrescentaram que suas forças "permaneceram no sul do Líbano e agiram para fazer cumprir" o cessar-fogo.
Duas pessoas ficaram feridas por disparos israelenses na praça do vilarejo de Markaba, no sul do Líbano, de acordo com a agência de notícias libanesa NNA.
As forças libanesas posicionadas nas regiões fronteiriças do sul do Líbano "estão realizando patrulhas e estabelecendo postos de controle", sem avançar para áreas onde ainda há presença israelense, disse uma fonte militar libanesa à AFP sob condição de anonimato.
No vilarejo fronteiriço de Qlaaya, os moradores jogaram arroz e flores ao ar para comemorar a chegada dos soldados libaneses.
"Nós só queremos o Exército libanês", cantavam os habitantes do vilarejo de maioria cristã, agitando a bandeira nacional.
"Apesar de toda a destruição e dor, estamos felizes por estar de volta", disse Um Mohammed Bzeih, uma viúva que fugiu há dois meses com seus quatro filhos da cidade de Zibqin, no sul do país.
"Sinto como se nossas almas tivessem voltado", disse ela enquanto varria os cacos de vidro e os detritos espalhados pelo chão.
- Por fases -
O Hezbollah, então, abriu uma frente de apoio ao seu aliado palestino contra Israel, que em setembro concentrou suas operações no Líbano com uma campanha de bombardeio e operações terrestres que infligiram duros golpes ao movimento pró-Irã.
O acordo de cassar-fogo prevê que as forças israelenses mantenham suas posições, mas estabelece um período de 60 dias no qual "o Exército libanês e as forças de segurança começarão a se deslocar para o sul", disse uma autoridade dos Estados Unidos.
Israel procederá com uma retirada em fases sem deixar um vácuo para o Hezbollah explorar, disse ele.
O Hezbollah, embora não esteja diretamente envolvido nas negociações sobre a proposta de trégua apresentada pela França e pelos Estados Unidos, declarou na quarta-feira que havia alcançado a "vitória" na guerra contra Israel.
A formação político-militar, predominante na maioria muçulmana xiita do país, é o único grupo que não se desarmou após a guerra civil entre 1975 e 1990.
Ela possui um arsenal fornecido pelo Irã, considerado ainda mais poderoso que o do Exército libanês.
No entanto, Israel dizimou amplamente suas capacidades e desmantelou sua liderança, começando com o assassinato de seu influente líder, Hassan Nasrallah, em setembro.
O deputado do Hezbollah, Hassan Fadlallah, disse à AFP que o grupo coopera "totalmente" com o destacamento do Exército libanês e afirmou que não possui mais "bases ou armas visíveis" no sul.
- Ceticismo -
O caminho para a recuperação será longo para o Líbano, que, mesmo antes do conflito, estava mergulhado em uma grave crise política e econômica há anos.
Em um primeiro passo rumo à normalidade, a agência NNA informou que o Parlamento se reunirá em 9 de janeiro para eleger um novo presidente após um vácuo de dois anos.
No norte de Israel, onde dezenas de milhares de pessoas foram deslocadas por causa dos combates, há ceticismo em relação à trégua.
"Ainda não nos sentimos seguros e não estamos felizes com isso", disse Nissim Ravivo, um homem de 70 anos da cidade costeira de Nahjariya, a 10 quilômetros do Líbano.
"É uma pena, deveríamos ter continuado por pelo menos mais dois meses e terminado o trabalho", protestou.
O conflito já matou pelo menos 3.961 pessoas no Líbano desde outubro de 2023, a maioria delas nas últimas semanas, de acordo com o Ministério da Saúde.
Do lado israelense, as hostilidades com o Hezbollah mataram pelo menos 82 soldados e 47 civis, segundo autoridades israelenses.
C.Amaral--PC