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Parlamento Europeu aprova nova Comissão, que deve reforçar economia e defesa do bloco
Os eurodeputados aprovaram, nesta quarta-feira (27), a nova composição da Comissão Europeia, que iniciará um mandato em 1º de outubro que, segundo sua presidente, Ursula von der Leyen, terá como objetivo o reforço da defesa e da economia do bloco.
Os eurodeputados aprovaram a nova composição do Poder Executivo da União Europeia (UE) por 370 votos a favor, 282 contrários e 36 abstenções.
Foi a primeira vez desde 1995 que a equipe no comando da Comissão Europeia obteve menos de 400 votos para sua aprovação no Parlamento Europeu.
Em 2019, em o seu primeiro mandato como presidente da Comissão Europeia, a equipe de Von der Leyen foi aprovada por 461 votos a favor, 157 contra e 89 abstenções.
Ao apresentar sua equipe de 26 comissários e comissárias, Von der Leyen, que vai liderar a Comissão pelo segundo mandato, alertou que a UE "não tem tempo a perder" para reforçar sua defesa e sua economia.
"Não temos tempo a perder e devemos ser tão ambiciosos quanto as ameaças são graves", disse a alemã no plenário do Parlamento Europeu em Estrasburgo, França.
"A segurança europeia será sempre uma prioridade para esta Comissão", acrescentou.
A guerra, disse Von der Leyen, está nas "fronteiras da Europa e devemos estar preparados para o que nos aguarda".
A dirigente alemã destacou que a liberdade e a soberania do bloco europeu dependem "mais do que nunca" da sua força econômica.
Ela disse que uma das prioridades da nova Comissão será o fortalecimento da competitividade do bloco.
Von der Leyen antecipou que está disposta a liderar um "diálogo" com a indústria automotiva da UE. Os contatos serão mantidos "sob minha direção porque dou grande importância a este setor. Milhões de postos de trabalho dependem dele", disse.
O setor, disse Von der Leyen, enfrenta uma "transição muito profunda e disruptiva".
A UE decidiu eliminar os automóveis com motor a combustão a partir de 2035, com metas intermediárias até 2025 em termos de emissões. As montadoras pedem ajuda ao bloco para a adaptação às novas normas.
- Acordo -
A definição dos integrantes da Comissão havia sido bloqueada na semana passada, mas um acordo entre os três principais blocos políticos acabou com o impasse e abriu caminho para a sessão desta quarta-feira.
A aprovação da nova Comissão foi possível graças a um acordo entre o Partido Popular Europeu (PPE, direita), os Socialistas e Democratas (S&D, centro-esquerda) e o Renew (liberais centristas).
Além disso, o pacto compromete o PPE a permanecer na aliança, um pilar fundamental dos grandes acordos no Parlamento Europeu, e impede que o partido busque constituir maioria com a extrema direita.
O processo havia sido obstruído pelas objeções do S&D e do Renew à nomeação do italiano Rafaelle Fitto, do partido de extrema direita Irmãos da Itália, como um dos vice-presidentes da Comissão.
Em contrapartida, o PPE expressou oposição à designação da socialista espanhola Teresa Ribera como primeira vice-presidente, o que deixou o processo em um impasse.
Mas Von der Leyen tinha pressa em conseguir a confirmação de sua equipe, já que a UE busca desesperadamente definir um plano para enfrentar os desafios geopolíticos que o bloco tem pela frente.
- Desafios -
O mais urgente é representado pelo retorno de Donald Trump à Casa Branca e a possibilidade de tensões comerciais.
A nova Comissão também deve elaborar um plano coletivo para lidar com a guerra entre Rússia e Ucrânia, o conflito no Oriente Médio e as crescentes tensões comerciais com a China.
A direita controla 15 das 26 pastas da Comissão. Para o alemão Manfred Weber, presidente do PPE, bloco majoritário no Parlamento Europeu, trata-se de uma equipe "muito equilibrada".
Weber, no entanto, sofreu fortes críticas por sua disposição a estabelecer uma aproximação com os partidos de extrema direita no Parlamento em busca de apoio.
Nesta quarta-feira, a líder do bloco S&D, a espanhola Iraxte García, advertiu que "os acordos devem ser cumpridos". O apoio social-democrata ao acordo com a direita e os centristas "não é um cheque em branco", acrescentou.
A designação do ultradireitista Fitto continua sendo uma ferida aberta e mais de 20 legisladores do bloco S&D votaram contra a nova Comissão, enquanto outros optaram pela abstenção.
Da mesma forma, mais de 20 eurodeputados do PPE (a maioria procedente do Partido Popular da Espanha) votaram contra a presença de Ribera na Comissão.
O bloco dos Verdes também chegou dividido à votação.
T.Resende--PC