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Xi Jinping chega ao Peru para reunião com Biden e cúpula Ásia-Pacífico
O presidente da China, Xi Jinping, chegou a Lima nesta quinta-feira (14) para se reunir com seu par dos EUA, Joe Biden, em paralelo a uma cúpula da Ásia-Pacífico dominada pelo nervosismo sobre as guerras comerciais que Donald Trump poderia desencadear.
Xi aterrissou por volta das 13h00 em uma base militar próxima à capital peruana, onde, mais tarde, irá inaugurar o megaporto de Chancay, financiado por Pequim.
Biden e Xi se encontrarão no sábado, no encerramento da reunião anual da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), que reúne 21 economias que respondem por 60% do PIB global.
O presidente americano também tem previsão de chegar a Lima nesta quinta.
Esse terceiro encontro será possivelmente o último entre os chefes das duas superpotências antes de Biden entregar as chaves da Casa Branca de volta a Trump em janeiro.
A reunião ocorrerá em meio a tensões devido ao apoio da China à Rússia em sua guerra contra a Ucrânia.
Os dois líderes, que chegaram a acordos sobre combate às drogas e melhoria da comunicação militar na reunião anterior em São Francisco, EUA, participarão da cúpula do G20 na próxima segunda e terça-feira no Brasil.
A cúpula em Lima teve início nesta quinta com reuniões ministeriais a portas fechadas e a participação de representantes do Japão, Coreia do Sul, Canadá, Austrália e Indonésia, entre outros, segundo os organizadores.
- Protagonista ausente -
Xi participará da inauguração do megaporto de Chancay com a presidente peruana, Dina Boluarte.
Localizado 80 km ao norte de Lima, o terminal foi financiado pela China a um custo de 3,5 bilhões de dólares (20 bilhões de reais), em mais um sinal da crescente influência de Pequim na América Latina.
"Estamos dispostos a (...) praticar o verdadeiro multilateralismo, promover um mundo multipolar igualitário e ordenado e uma globalização econômica universalmente benéfica e inclusiva", escreveu Xi em um artigo publicado no jornal oficial El Peruano.
Embora não participe da cúpula, o interesse gravitará em torno de Trump, o magnata republicano que retorna à presidência dos EUA após uma vitória esmagadora nas eleições de 5 de novembro, nas quais seu partido também ganhou o controle do Congresso.
"Acho que a única coisa sobre a qual os líderes da Apec e do G20 estarão falando é sobre o único líder mundial que não está lá, Donald Trump', disse Victor Cha, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), com sede em Washington.
As conversas girarão em torno do que "esperar do novo governo Trump em termos de comércio, alianças e outras questões", acrescentou o especialista em declarações à imprensa.
- Falcão para a China -
Na quarta-feira, o presidente eleito nomeou o senador republicano Marco Rubio, defensor de uma postura linha-dura em relação à China e ao Irã, para chefiar a diplomacia dos EUA.
Criado em 1989, o fórum da Apec defende o comércio sem barreiras, uma agenda que vai contra a promessa de campanha de Trump de impor tarifas de até 60% sobre as exportações da China.
Sua retórica aumenta os temores de tensões crescentes entre Washington e Pequim, assim como o PIB da aliança Ásia-Pacífico está previsto para diminuir de 3,5% em 2024 para 3,1% em 2025.
Também membro da Apec, o México ultrapassou o gigante asiático como o principal parceiro comercial dos Estados Unidos no ano passado.
No entanto, Trump também ameaçou seu vizinho do sul com tarifas de 25% se ele não reduzir a migração ilegal e o tráfico de drogas através da vasta fronteira.
O republicano também alertou que poderia impor "uma tarifa geral de 10% a 20% sobre produtos estrangeiros", observou a pesquisadora do CSIS, Erin Murphy.
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, foi excluída da reunião em Lima devido à crise diplomática desencadeada pela destituição, em 2022, do presidente peruano, Pedro Castillo, que está atualmente na prisão.
O México não reconheceu o governo de Boluarte.
- Protestos -
Lima foi blindada com cerca de 13 mil soldados da polícia para proteger a terceira cúpula da Apec que sediou desde 2008.
Além disso, o Congresso autorizou a entrada temporária de até 600 militares americanos para apoiar a vigilância.
Sob o slogan "Empower, Include, Grow" (Empoderar, Incluir, Crescer), a cúpula será realizada em meio a uma greve e marchas convocadas por trabalhadores do setor de transportes e comerciantes contra o crime.
Os organizadores querem usar a reunião para dar visibilidade à sua reclamação persistente sobre a falta de ação do governo diante do aumento explosivo da extorsão.
As manifestações se estenderão até a próxima sexta-feira.
S.Pimentel--PC