Portugal Colonial - Suprema Corte do México rejeita invalidação da eleição de juízes pelo voto popular

Suprema Corte do México rejeita invalidação da eleição de juízes pelo voto popular
Suprema Corte do México rejeita invalidação da eleição de juízes pelo voto popular / foto: VICTOR CRUZ - AFP

Suprema Corte do México rejeita invalidação da eleição de juízes pelo voto popular

A Suprema Corte do México rejeitou nesta terça-feira (5) a invalidação da eleição de juízes pelo voto popular, aprovada pelo Congresso e defendida pelo governo de esquerda para combater a corrupção, mas que, segundo críticos, afetará a independência dos membros da corte.

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Após cinco horas de debate, o tribunal rejeitou as impugnações, apresentadas por dois partidos de oposição. A maioria de 8 votos - de um total de 11 ministros - para aprovar o projeto de sentença não foi alcançada.

Promovida pelo ex-presidente Andrés Manuel López Obrador em meio a um confronto com a Suprema Corte, a reforma converteu o México no primeiro país a eleger todos os seus juízes pelas urnas. O texto votado propunha a manutenção da eleição popular dos membros do Supremo, mas não a de juízes de tribunais inferiores.

"Celebro que a razão, a decência e a legalidade tenham prevalecido", disse o líder do Senado, Gerardo Noroña.

- Choque de poderes -

O governo da presidente Claudia Sheinbaum, que tomou posse em 1º de outubro, acusa o Poder Judiciário de servir à elite conservadora, enquanto a oposição afirma que a reforma acabará com a separação de poderes.

Estados Unidos e Canadá, parceiros do México no acordo comercial T-MEC, alertaram que a eleição popular vai minar a independência dos juízes e os deixará à mercê do crime organizado.

Durante o debate, os ministros se declararam competentes para analisar o conteúdo da reforma. Os oito juízes contrários à ela renunciaram na semana passada, como estabeleceu a emenda para aqueles que se recusaram a participar das eleições. Sua saída se tornará efetiva em agosto de 2025.

Dezenas de funcionários da justiça se reuniram mais cedo em frente à corte, no centro da capital mexicana. "A reforma tem que cair, porque o México vai afundar ainda mais no narcotráfico, na pobreza, na corrupção de juízes plantados pelo Morena [partido do governo]", disse à AFP María Ortiz, 54 anos, secretária do tribunal.

A presidente mexicana havia insistido ontem em que "não se pode negociar o que o povo decidiu e o que já faz parte da Constituição".

Especialistas estavam divididos. "O conteúdo de uma reforma constitucional não é impugnável", afirmou Diego Valadés, ex-ministro da corte. Mas o constitucionalista Francisco Burgoa alertou que o México enfrentaria uma "crise sem precedentes" se Claudia Sheinbaum desacatasse uma decisão contrária.

- Choque de poderes -

A reforma foi promovida pelo ex-presidente López Obrador após a Suprema Corte derrubar reformas como a que autorizava a participação militar na segurança pública e outra que reforçava o papel do Estado no setor elétrico.

López Obrador e Claudia Sheinbaum consideram que o Poder Judiciário está mergulhado na corrupção, em uma impunidade quase total e no nepotismo. Mas os críticos da reforma alegam que a situação não será solucionada apenas com a mudança dos juízes, e sim aumentando a capacidade de investigação das promotorias.

Um choque institucional "não seria uma boa notícia para a economia, mas o impacto da reforma já foi precificado pelos mercados financeiros mexicanos", disse à AFP Kimberley Sperrfechter, economista da empresa britânica Capital Economics.

O investimento estrangeiro direto no México superou em 2023 os 36 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 174 bilhões, na cotação da época), enquanto o país espera se beneficiar da realocação de empresas em suas regiões de fronteira com os Estados Unidos.

Após a decisão de hoje, a Suprema Corte ainda tem que resolver outro recurso de inconstitucionalidade, enquanto em tribunais há inúmeras impugnações de membros do Judiciário contra a reforma, embora especialistas considerem que dificilmente elas poderão prosperar.

O Congresso modificou na semana passada um artigo da Constituição, para impedir que a Suprema Corte possa revisar as mudanças na Carta Política. Antes do debate de hoje, Claudia Sheinbaum foi enfática ao dizer que o tribunal superior não tinha poderes para anular a emenda e acusou seus membros de violarem a Carta Magna.

T.Resende--PC