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Hamas chora morte de Sinwar e se nega a libertar reféns até que guerra em Gaza termine
O Hamas advertiu, nesta sexta-feira(18), que não vai libertar os reféns em seu poder até que Israel ponha fim à guerra em Gaza, apesar do assassinato de seu líder, Yahya Sinwar, que representou um duro golpe para o movimento islamista palestino.
Israel, que enfrenta uma dupla frente em Gaza e no Líbano, anunciou na quinta-feira a morte de Sinwar, abatido na véspera durante uma operação de suas tropas em Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Os israelenses também continuam atacando o Hezbollah libanês, aliado do Hamas e apoiado pelo Irã.
O Hamas, que governa Gaza desde 2007 e está bastante enfraquecido após mais de um ano de guerra com Israel, confirmou na sexta-feira a morte de seu chefe, considerado o mentor do ataque de 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra em Gaza.
Naquele dia, milicianos islamistas fizeram um incursão em Israel que resultou na morte de 1.206 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251, das quais 97 continuam em Gaza, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses, que também inclui os reféns mortos em cativeiro.
O movimento palestino assegurou que a morte de Sinwar o deixará "mais forte" e advertiu que não vai libertar os reféns até que Israel ponha fim à guerra em Gaza.
Já o braço armado do Hamas afirmou que a luta continuará "até a libertação da Palestina".
Por sua vez, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) fez um chamado à "unidade" das diferentes facções palestinas.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse ontem que a morte de Sinwar marca "o início do fim" da guerra em Gaza, enquanto vários líderes estrangeiros compartilharam a esperança de que abra caminho para um cessar-fogo.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, considerou que a morte de Sinwar é "uma oportunidade para buscar o caminho para a paz" no Oriente Médio.
Mais tarde, em uma declaração conjunta após se reunirem em Berlim, Biden e os líderes alemão, britânico e francês destacaram "a necessidade imediata de devolver os reféns [israelenses] às suas famílias, de interromper a guerra em Gaza e de garantir que a ajuda humanitária chegue aos civis".
- 'A guerra não parou' -
Sinwar, de 61 anos, liderava o Hamas em Gaza desde 2017 e foi nomeado líder político do movimento em agosto, após a morte de Ismail Haniyeh, assassinado em 31 de julho, em Teerã, em um ataque atribuído a Israel.
Em Gaza, no entanto, há poucas esperanças de que o assassinato de Sinwar ponha fim à guerra.
"Sempre pensamos que, quando chegasse esse momento, a guerra terminaria e nossas vidas voltariam ao normal", disse à AFP Jemaa Abu Mendi, um morador de Gaza de 21 anos.
"Mas a guerra não parou e os massacres continuam sem cessar", acrescentou.
Israel continuou bombardeando nesta sexta-feira o território palestino, com vários ataques durante a noite e nas primeiras horas da manhã, segundo um jornalista da AFP.
O Exército israelense anunciou que continua com suas operações em Jabalia, no norte de Gaza, onde afirma que o Hamas está tentando recompor suas forças. Na quinta-feira, pelo menos 14 pessoas refugiadas em uma escola morreram nesses bombardeios.
Segundo a ONU, cerca de 345.000 habitantes da Faixa de Gaza enfrentarão níveis "catastróficos" de insegurança alimentar neste inverno devido à redução da ajuda humanitária.
Pelo menos 42.500 palestinos, civis na maior parte, morreram desde o início da ofensiva israelense em Gaza há mais de um ano, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, considerados confiáveis pela ONU.
Alguns israelenses receberam a notícia da morte de Sinwar como um sinal de que tempos melhores estão por vir.
Sisil, de 60 anos, que deu apenas seu primeiro nome, participou de uma manifestação em Tel Aviv para exigir a libertação dos reféns e disse que o assassinato do líder islamista representa uma "oportunidade única na vida" para "um acordo sobre os reféns que ponha fim à guerra".
- Um sucessor? -
O Hezbollah abriu uma frente contra Israel há mais de um ano em apoio ao seu aliado Hamas com disparos de foguetes, em ataques que forçaram dezenas de milhares de israelenses a fugir de suas casas.
Após mais de um ano de disparos transfronteiriços, Israel bombardeia desde 23 de setembro posições de Hezbollah no Líbano em uma ofensiva que, desde esse dia, deixou pelo menos 1.418 mortos, segundo um levantamento da AFP com base em dados oficiais. A ONU contabiliza quase 700.000 deslocados.
O Hezbollah reivindicou, nesta sexta-feira, ataques no norte de Israel, especialmente em Safed e Haifa, e contra uma base militar no centro do país.
O Exército israelense informou que "cerca de 75 projéteis foram disparados pelo Hezbollah a partir do Líbano".
A força também afirmou que bombardeou "alvos no sul do Líbano" e que matou "cerca de 60 terroristas".
Suas tropas destruíram "o centro de comando regional de Hezbollah", utilizado nos últimos meses para lançar ataques contra o norte de Israel, acrescentou.
P.L.Madureira--PC