Portugal Colonial - Oposição e chavismo nas ruas dois meses após a contestada reeleição de Maduro na Venezuela

Oposição e chavismo nas ruas dois meses após a contestada reeleição de Maduro na Venezuela
Oposição e chavismo nas ruas dois meses após a contestada reeleição de Maduro na Venezuela / foto: JAVIER SORIANO - AFP

Oposição e chavismo nas ruas dois meses após a contestada reeleição de Maduro na Venezuela

A oposição concentrada em pequenas assembleias na Venezuela e em outras cidades do mundo denunciou fraude, neste sábado (28), dois meses após as eleições, enquanto centenas de apoiadores do chavismo marcharam em Caracas para reivindicar a vitória do presidente de esquerda Nicolás Maduro.

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Em Madri, onde se exilou em 8 de setembro após passar mais de um mês escondido, Edmundo González Urrutia, candidato que substituiu a líder opositora María Corina Machado, saudou um grupo de venezuelanos exibindo uma bandeira de seu país.

"Na Puerta del Sol (centro de Madrid) está o vencedor das eleições na Venezuela", dizia uma das organizadoras do evento. Pequenas manifestações se replicaram em outras cidades da Venezuela e em vários países.

"Eles não têm mais o que mostrar além de um covarde em uma praça de Madri, absolutamente sozinho", exclamou o poderoso líder parlamentar Jorge Rodríguez, dirigindo-se a uma multidão reunida em Caracas. "São um deserto, uma tristeza, uma inexistência", ironizou, referindo-se à baixa adesão aos protestos da oposição.

Machado, na clandestinidade após denunciar fraude nas eleições, convocou assembleias de vizinhos para protestar contra a "fraude", no que chamou de uma nova fase de protestos, evitando grandes concentrações para "ter um risco menor" em meio à "brutal repressão".

A dirigente se comunicou por meio de um vídeo ao vivo nas redes sociais com os venezuelanos reunidos em Madri.

"Aqui estamos firmes, avançando, a cada dia com mais força e mais vontade, nós aqui reunidos como a Venezuela corajosa e boa", disse Machado mais cedo em uma mensagem de áudio divulgada por sua equipe.

A reeleição de Maduro nas eleições de 28 de julho não é reconhecida pela oposição, que denuncia fraude e reivindica a vitória de seu candidato, o ex-diplomata Edmundo González Urrutia, com 67% dos votos.

Maduro, porém, foi proclamado vencedor com 52% dos votos pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), pró-governo, que até agora não divulgou os resultados detalhados da contagem de votos, conforme exigido por lei.

A oposição, liderada por Machado, publicou em um site cópias de cerca de 80% dos registros eleitorais, o que comprovaria a vitória de González Urrutia.

"No último 28 de julho, o povo venezuelano emitiu um mandato soberano, claro e irrefutável, a favor da mudança, da paz, da liberdade e da democracia. Um mandato que deve ser reconhecido", destacou González Urrutia em suas redes sociais.

- Medo de sair na rua -

"Nicolás Maduro, que vá embora porque perdeu", afirmou Leída Brito, conhecida como a ‘avó do capacete vermelho’, enquanto agitava um cartaz com a seção eleitoral onde votou em uma praça de Caracas. "Edmundo González venceu", enfatizou.

“Defender o voto é um direito”, escreveu em um cartaz a fiel eleitora da oposição, que há anos participa de manifestações contra o governo.

O militar aposentado Hidalgo Valero, presente na mesma assembleia em que Brito estava, referiu-se ao ocorrido como "a maior fraude da história".

"Temos a liberdade da Venezuela em perigo", disse à AFP. "Hoje, nosso povo tem medo de sair às ruas porque há uma tremenda repressão, há uma violação dos direitos humanos terrível, mas isso não deve nos deter", acrescentou.

Na quinta-feira, cerca de 30 países, liderados pelos Estados Unidos e pela Argentina, pediram aos líderes políticos venezuelanos que iniciassem negociações “construtivas e inclusivas” para uma “transição com garantias” para resolver a crise política.

Eles também pediram o fim da “repressão generalizada” contra a oposição e dos “abusos e violações dos direitos humanos” durante os protestos contra a reeleição de Maduro, que deixaram 27 pessoas mortas, 200 feridas e cerca de 2.400 detidas, incluindo 164 adolescentes.

H.Silva--PC