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UNRWA teme nova 'tragédia' no Líbano, diz seu chefe à AFP
A agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) se prepara para uma crise tripla, já que os ataques israelenses no Líbano se somam à pressão que enfrenta em Gaza e na Cisjordânia, disse nesta terça-feira (24) seu chefe à AFP.
A UNRWA, fundada em 1949, presta serviços aos refugiados palestinos em Gaza, na Cisjordânia ocupada por Israel, no Líbano, na Síria e na Jordânia.
Com três de suas zonas de operações convertidas em "linhas de frente ativas", a assediada agência, que enfrenta um grave déficit de fundos, está prestes a sofrer ainda mais pressão, disse o comissário-geral, Philippe Lazzarini.
"Já temos Gaza, já temos Cisjordânia, então temos dois campos de operações que se tornaram frentes ativas", afirmou.
"[Agora] também temos o Líbano, o que significaria que, basicamente, três contextos de operação se transformarão em emergências humanitárias", acrescentou, classificando a situação como uma "tragédia tripla".
Diante dos crescentes ataques israelenses, a UNRWA interrompeu algumas operações no Líbano enquanto transforma suas escolas em abrigos para centenas de pessoas deslocadas do sul do país.
O deslocamento disparou após Israel bombardear alvos do Hezbollah na segunda-feira, matando pelo menos 558 pessoas no dia mais mortal de violência no país desde sua guerra civil de 1975-90, segundo as autoridades locais.
"O temor é que entremos em uma guerra total", disse Lazzarini na ONU, onde os líderes mundiais se reúnem na Assembleia Geral, o maior encontro diplomático anual.
"Outra preocupação é que partes do Líbano se tornem Gaza", advertiu.
- Mais pressão -
O ataque de 7 de outubro do Hamas contra Israel e a resposta militar israelense contra Gaza têm somado ameaças contra a UNRWA, a única organização da ONU criada especificamente para ajudar uma população de refugiados.
Pelo menos 222 membros do pessoal da organização morreram, e dois terços das instalações da agência em Gaza foram danificados ou destruídos desde o início da guerra de Gaza.
"Dependendo de como a guerra no Líbano se desenrole, temos milhares de funcionários lá, não se descarta... que também morram funcionários", disse Lazzarini.
Um novo frente no Líbano "exigirá muito mais de nós. As necessidades aumentarão e também precisaremos de mais apoio dos doadores", acrescentou.
A agência sofreu uma série de cortes de financiamento no início do ano depois que Israel acusou mais de uma dúzia dos 13 mil funcionários em Gaza de estarem envolvidos no ataque de 7 de outubro do Hamas.
Desde então, a maioria dos doadores retomou as contribuições, com exceção dos Estados Unidos, o maior contribuinte da agência.
"A UNRWA tem fundos suficientes até o final de outubro", disse Lazzarini.
Com um déficit de 80 milhões de dólares para 2024, Lazzarini está organizando uma conferência de doadores à margem da Assembleia Geral da ONU nesta semana para reforçar as promessas dos doadores.
O principal objetivo que o chefe da UNRWA busca é garantir que possam "operar até o final do ano", mas também conseguir compromissos de longo prazo dos doadores.
"Estou muito preocupado com 2025, porque há um certo número de doadores tradicionais que adotarão medidas de austeridade e reduzirão seu orçamento externo", disse, sem citar nenhum Estado.
E.Raimundo--PC