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Bombardeios israelenses deixam 100 mortos no Líbano
Israel anunciou que atingiu mais de 300 alvos do movimento islamista Hezbollah no Líbano nesta segunda-feira (23), em bombardeios que deixaram pelo menos 100 mortos e mais de 400 feridos, apesar dos apelos de moderação da comunidade internacional.
"Os ataques israelenses contra as cidades e vilarejos do sul deixaram, segundo um balanço atualizado, 100 mortos e mais de 400 feridos", incluindo crianças, mulheres e socorristas, afirmou o Ministério da Saúde libanês em um comunicado.
O Hezbollah anunciou que, em resposta, lançou foguetes contra três alvos no norte de Israel.
A onda de ataques a partir do amanhecer contra alvos do movimento pró-Irã no sul e leste do Líbano é a maior executada pelas tropas de Israel desde o início da guerra.
"Até o momento, mais de 300 alvos do Hezbollah foram atacados", informou o Exército em um comunicado. Mais cedo, as forças militares israelenses anunciaram 150 ataques aéreos em apenas uma hora, das 6H30 às 7H30 (entre 0H30 e 1H30 de Brasília).
O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, denunciou um "plano de destruição" executado por Israel contra o país e pediu à ONU e aos "países influentes" para "dissuadir" o governo israelense da "agressão".
A agência estatal libanesa de notícias ANI relatou "mais de 80 bombardeios em meia hora".
"Estamos vivendo sob bombardeios, dormimos e acordamos com os bombardeios", declarou Wafaa Ismail, uma dona de casa de 60 anos, na localidade de Zautar, sul do Líbano.
O Exército israelense aconselhou os libaneses a "se afastarem" das posições do Hezbollah e alertou que prosseguirá com bombardeios mais "extensos e precisos" contra o grupo islamista.
- Ligações de alerta -
A ANI informou que "moradores de Beirute e de diversas regiões" receberam ligações telefônicas de israel com pedidos para que "abandonem rapidamente os locais onde se encontram". O gabinete do ministro da Informação, Ziad Makari, confirmou à AFP que recebeu o mesmo alerta.
"Quando a secretária do ministro atendeu, ouviu uma mensagem gravada que pedia (aos funcionários) que abandonassem o edifício ou ficariam sob escombros", segundo a agência. O ministro denunciou uma "guerra psicológica".
As autoridades libanesas ordenaram o fechamento de escolas nas áreas atingidas pelos bombardeios na segunda e terça-feira.
O Hezbollah, um influente ator político e militar no Líbano, abriu uma frente de batalha na fronteira com Israel há quase um ano, após o início da guerra na Faixa de Gaza, em apoio a seu aliado islamista Hamas, que governa o território palestino.
Os ataques de artilharia aumentaram desde as explosões de pagers e walkie-talkies utilizados por membros do Hezbollah, atribuídas a Israel, na semana passada, que deixaram 39 mortos e quase três mil feridos em redutos da milícia no Líbano, segundo as autoridades.
"As ameaças não vão nos parar: estamos preparados para todos os cenários militares contra Israel", afirmou no domingo o número dois do Hezbollah, Naim Qasem, que anunciou uma "nova fase" na batalha contra Israel, a do "acerto de contas".
- "À beira da catástrofe" -
Diante do agravamento do cenário, o governo dos Estados Unidos, principal aliado de Israel, recomendou que seus cidadãos abandonem o Líbano.
"Faremos todo o possível para impedir a explosão de uma guerra mais ampla", disse o presidente Joe Biden.
A China aconselhou seus cidadãos a deixarem Israel "o mais rápido possível".
"A região está à beira de uma catástrofe iminente", disse a coordenadora especial das Nações Unidas para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert.
O Egito afirmou que teme uma "guerra total" no Oriente Médio e alertou que a escalada entre Israel e Hezbollah pode minar os esforços para alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza, onde o Exército israelense prossegue com a ofensiva devastadora de represália.
A guerra na Faixa de Gaza começou em 7 de outubro de 2023, após o ataque do movimento islamista Hamas em Israel, no qual morreram 1.205 pessoas, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.
Dos 251 sequestrados durante a incursão islamista, 97 ainda continuam em cativeiro em Gaza, embora 33 deles tenham sido declarados mortos pelo Exército israelense.
A ofensiva israelense matou pelo menos 41.455 palestinos, de acordo com dados do Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas, que a ONU considera confiáveis.
M.A.Vaz--PC