Portugal Colonial - Assembleia Geral da ONU pede fim da ocupação israelense dos territórios palestinos

Assembleia Geral da ONU pede fim da ocupação israelense dos territórios palestinos
Assembleia Geral da ONU pede fim da ocupação israelense dos territórios palestinos / foto: Bryan Smith - AFP

Assembleia Geral da ONU pede fim da ocupação israelense dos territórios palestinos

A Assembleia Geral da ONU pediu nesta quarta-feira (18) o fim da ocupação israelense dos territórios palestinos "em 12 meses", em uma resolução não vinculante criticada por Israel.

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A resolução, que era debatida desde ontem pelos 193 Estados-membros da ONU, segue a decisão da Corte Internacional de Justiça (CIJ), que, ao examinar a ocupação israelense desde 1967 a pedido da Assembleia Geral, determinou em julho que "a presença contínua de Israel nos Territórios Palestinos ocupados é ilegal", e que Israel "tem a obrigação de encerrá-la o quanto antes".

Aprovado por 124 votos a favor, 14 contra (entre eles os de Israel e Estados Unidos) e 43 abstenções, o texto "exige" que Israel "ponha fim sem demora à sua presença ilegal" nos territórios palestinos e que o faça "no mais tardar 12 meses depois da aprovação da presente resolução". Um primeiro rascunho estabelecia um prazo de apenas seis meses para a retirada.

A missão palestina na ONU chamou a votação de "histórica", em mensagem publicada na rede social X. Já Israel a considerou "vergonhosa", apesar de não ser vinculante.

"O teatro político que leva o nome de Assembleia Geral adotou hoje uma decisão tendenciosa que foge da realidade, incentiva o terrorismo e prejudica as possibilidades de paz (…), tal é o cinismo na política internacional", denunciou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Oren Marmorstein, no X.

O embaixador israelense na ONU, Danny Danon, lamentou na terça-feira na tribuna o "circo" palestino em que "o mal é legítimo, a guerra é a paz, o assassinato é justificado, o terrorismo é aplaudido".

O texto aprovado também "exige" a retirada das forças israelenses dos territórios palestinos, a paralisação de novos assentamentos, a devolução das terras e propriedades confiscadas e a possibilidade de retorno dos palestinos deslocados.

- Embargo de armas -

A resolução também pede aos Estados-membros que adotem medidas para pôr fim às importações procedentes dos assentamentos e ao fornecimento de armas a Israel se houver motivos "razoáveis" para acreditar que poderiam ser usadas nos territórios palestinos. Propõe, ainda, sanções contra quem participar da "manutenção da presença ilegal de Israel" nos territórios palestinos.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, ressaltou que a resolução é "de grande importância" e reafirma o direito de autodeterminação palestino.

"Israel deve ouvir imediatamente a demanda da maioria esmagadora dos Estados-membros da ONU", disse Louis Charbonneau da Human Rights Watch, que apoia um embargo de armas a Israel.

Na tribuna da Assembleia, o embaixador palestino na ONU, Ryad Mansour, pediu ontem aos países da ONU que "escolham o lado certo da História", apoiando a resolução, a primeira apresentada em nome do Estado observador da Palestina graças a um direito que acaba de conquistar.

"Quantos palestinos mais devem ser assassinados para que, por fim, ocorra uma mudança que ponha fim a esta desumanidade?", disse, poucos dias antes da reunião anual da Assembleia Geral, na qual se espera que a guerra em Gaza centralize os debates das dezenas de chefes de Estado e de governo que vão participar.

Enquanto o Conselho de Segurança está, em grande medida, paralisado neste tema devido ao uso reiterado do veto por parte dos Estados Unidos para proteger seu aliado, Israel, a Assembleia Geral presta regularmente apoio aos palestinos.

A Assembleia deu em maio um apoio esmagador, embora simbólico (143 votos a favor, 9 contra e 25 abstenções), ao ingresso de pleno direito dos palestinos na ONU, bloqueado pelos Estados Unidos.

O ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, sem precedentes por sua magnitude e violência, causou a morte de 1.205 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais e que incluem os reféns mortos em cativeiro.

As represálias israelenses em Gaza provocaram um desastre humanitário e deixaram mais de 41.000 mortos, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas em Gaza.

G.M.Castelo--PC