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Macron nomeia Michel Barnier, ex-negociador do Brexit, como primeiro-ministro
O presidente Emmanuel Macron nomeou nesta quinta-feira (5) Michel Barnier, um político de direita e que foi o principal negociador europeu do Brexit, como primeiro-ministro da França, que terá como primeira missão obter maioria em um Parlamento dividido para evitar uma rápida monção de censura.
Após uma reunião entre os dois no Palácio do Eliseu em Paris, a presidência francesa anunciou em um comunicado que Macron solicitou a Barnier a "formação de um governo de unidade", após de semanas consultas "sem precedentes".
"O presidente garantiu que o primeiro-ministro e o próximo governo reunissem as condições para que sejam os mais estáveis quanto possível" e para que tenham o maior apoio possível no Parlamento, afirma o comunicado.
Macron provocou uma crise política na França ao antecipar para junho as eleições legislativas que estavam previstas para 2027. A votação deixou a Assembleia Nacional (Câmara Baixa) com três principais blocos, todos distantes da maioria absoluta.
Embora a coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) tenha vencido as eleições com 193 deputados, o presidente de centro-direita se recusou nomear a candidata do bloco ao cargo de chefe de Governo, a economista Lucie Castets, em nome da "estabilidade".
Aos 73 anos, Barnier, que foi ministro em diversas ocasiões, comissário europeu e negociador-chefe para a saída do Reino Unido da União Europeia, pode contar com o apoio de seu partido Os Republicanos (LR) e da aliança de centro-direita de Macron.
Mas isto seria insuficiente diante de uma possível moção de censura, caso tanto o partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN) e seus aliados como a coalizão de esquerda votassem contra Barnier. Os dois blocos juntos totalizariam 335 votos, muito acima dos 289 necessários.
Uma queda rápida de Barnier seria um revés para Macron, que justificou as longas consultas para formar um governo com a busca da "estabilidade institucional", quase dois meses depois do bloqueio político provocado pelas eleições legislativas.
Para demonstrar a complexidade da situação, o governo do primeiro-ministro Gabriel Attal, que Macron pediu para continuar à frente do gabinete durante os Jogos Olímpicos de Paris-2024, está no poder há 51 dias de maneira interina, um recorde na França desde o final da Segunda Guerra Mundial.
Após quase três semanas de consultas, Macron escolheu Barnier, que superou o ex-premiê socialista Bernard Cazeneuve e o presidente regional de direita Xavier Bertrand, depois que o LR se mostrou mais flexível a uma nomeação de alguém de seu partido.
Agora resta saber qual será o programa de governo. Após seu breve retorno à política francesa em 2021, para disputar sem sucesso as primárias do LR para as eleições presidenciais de 2022, ele defendeu especialmente uma "moratória" sobre a imigração.
O partido de extrema direita de Marine Le Pen afirmou que aguardará o discurso de política geral de Barnier antes de decidir sobre a sua eventual censura. As condições antecipadas pelo RN são uma reforma do sistema eleitoral e novas legislativas em 2025.
Na França, o primeiro-ministro é nomeado pelo presidente e não precisa ser confirmado no Parlamento. Mas o tempo era curto para Macron, porque o futuro governo deve apresentar os seus orçamentos para 2025 até 1º de outubro, em um contexto de aumento do déficit.
O novo primeiro-ministro deve confirmar se seguirá a recomendação do ministro da Economia em exercício, Bruno Le Maire, de fazer cortes de 16 bilhões de euros (99 bilhões de reais).
O desejo de Macron de manter a reforma da Previdência que impôs por decreto em 2023, e que a NFP prometeu revogar, também pesou na escolha de seu primeiro-ministro.
R.J.Fidalgo--PC