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Blinken afirma que Israel aceitou plano para trégua em Gaza e pressiona Hamas para 'fazer o mesmo'
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou nesta segunda-feira (19) em Tel Aviv que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu aceitou o plano de Washington para estabelecer um cessar-fogo na Faixa de Gaza, e pediu ao movimento islamista palestino Hamas para que "faça o mesmo".
Os diálogos atravessam "um momento decisivo", havia declarado previamente Blinken, durante sua nona viagem à região desde que a guerra em Gaza começou, desencadeada em 7 de outubro por um ataque inédito do movimento islamista em território israelense e no qual 251 pessoas foram capturadas e tornadas reféns.
Trata-se, "talvez, da última oportunidade de recuperar os reféns, de alcançar um cessar-fogo", acrescentou Blinken, que pediu para que as partes não tomem "ações que possam atrapalhar o processo" dos países mediadores, Estados Unidos, Catar e Egito, para conseguir uma trégua acompanhada de uma libertação de reféns.
"Em uma reunião muito construtiva com o primeiro-ministro Netanyahu hoje, ele me confirmou que Israel aceita a proposta de aproximação. Agora é a vez do Hamas fazer o mesmo", declarou Blinken.
Israel e Hamas trocaram acusações sobre a responsabilidade pelo fracasso na rodada anterior de negociações indiretas para um cessar-fogo, na quinta e sexta-feira em Doha, com a presença de representantes israelenses e dos países mediadores, Estados Unidos, Egito e Catar.
Os Estados Unidos, principal aliado israelense, apresentaram uma nova proposta de acordo na sexta-feira em Doha que o Hamas rejeitou ao considerar que responde às condições impostas por Israel.
Blinken chegou no domingo a Israel e na terça-feira viajará ao Egito, onde os mediadores retomarão suas conversas esta semana, antes de dirigir-se ao Catar.
Israel prometeu enviar uma delegação nas próximas negociações, segundo Blinken.
- "Nenhum vencedor" -
A pressão sobre o Executivo israelense também está aumentando internamente. Nesta segunda-feira, foi realizada em Tel Aviv uma nova manifestação para exigir um acordo. "A guerra não tem nenhum vencedor", dizia uma das faixas carregadas pelos manifestantes, segundo imagens da AFP.
Na segunda-feira, Netanyahu declarou que deseja que o "máximo" número de "reféns vivos" seja libertado durante a primeira das três fases do plano proposto por Washington.
Na véspera, ele havia exortado a "direcionar a pressão para o Hamas", que é considerado, como pelos Estados Unidos e a União Europeia, uma organização terrorista. Ele também denunciou a "obstinada recusa" do grupo em firmar um acordo.
O Hamas considera "Benjamin Netanyahu plenamente responsável pelo fracasso dos esforços dos mediadores e por obstruir um acordo", respondeu o grupo islamista, que não participou das conversas no Catar.
O Hamas pede a aplicação do plano apresentado por Biden no final de maio, que prevê uma primeira fase de seis semanas de trégua com uma retirada israelense das áreas densamente povoadas de Gaza e a libertação dos reféns sequestrados em 7 de outubro.
Em uma segunda fase, a proposta inclui uma retirada total das tropas israelenses de Gaza.
- Contenção das "provocações" -
A guerra não dá trégua em Gaza, mas também intensificou as tensões além do pequeno território palestino sitiado.
A chegada de Blinken a Israel coincidiu com um "atentado terrorista" que deixou um ferido leve em Tel Aviv no domingo, segundo a polícia israelense. Hamas e a Jihad Islâmica Palestina reivindicaram o ataque e ameaçaram realizar outros.
"Estamos trabalhando para garantir que não haja escalada, que não haja provocações, que não haja ações que possam nos afastar de concluir este acordo, ou que haja uma escalada em outros lugares", manifestou Blinken.
Além de pôr fim ao conflito em Gaza, os Estados Unidos esperam que um cessar-fogo contribua para evitar uma conflagração regional por um possível ataque do Irã e seus aliados contra Israel.
A República Islâmica ameaçou Israel após imputar a este o assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em 31 de julho em Teerã, e a morte, no dia anterior, do chefe militar do movimento libanês Hezbollah, em um bombardeio reivindicado pelo Estado hebreu perto de Beirute.
- Vacinação contra a pólio -
No ataque de 7 de outubro, militantes islamistas do Hamas mataram 1.198 pessoas, em sua maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um levantamento da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Do total de sequestrados, 111 ainda estão em Gaza, embora 39 tenham sido declarados mortos pelo Exército israelense.
A ofensiva israelense em Gaza deixou pelo menos 40.139 mortos, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado desde 2007 pelo Hamas.
Na segunda-feira, uma fonte médica indicou que três pessoas morreram no bombardeio de uma casa a leste de Khan Younis, no sul de Gaza.
A guerra forçou quase toda a população do território palestino, de 2,4 milhões de habitantes, a abandonar suas casas e provocou uma importante catástrofe humanitária e sanitária.
Nesta segunda-feira, Blinken assegurou que Israel aceitou apoiar os esforços para vacinar as crianças de Gaza contra a pólio, após um apelo da ONU nesse sentido.
Na sexta-feira, a ONU pediu que fossem estabelecidas "pausas humanitárias" na Faixa de Gaza para vacinar mais de 640 mil crianças, após a detecção de um caso de pólio em um bebê de dez meses, o primeiro caso relatado no território palestino em 25 anos.
E.Raimundo--PC