Portugal Colonial - 'Não ficarei calada' diante do sofrimento em Gaza, diz Harris após encontro com Netanyahu

'Não ficarei calada' diante do sofrimento em Gaza, diz Harris após encontro com Netanyahu
'Não ficarei calada' diante do sofrimento em Gaza, diz Harris após encontro com Netanyahu / foto: ROBERTO SCHMIDT - AFP

'Não ficarei calada' diante do sofrimento em Gaza, diz Harris após encontro com Netanyahu

A vice-presidente Kamala Harris deu nesta quinta-feira (25) uma reviravolta na política dos Estados Unidos em relação a Gaza, ao pedir ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que alcance um acordo de paz e adverti-lo que não ficará "calada" sobre o sofrimento neste território palestino.

Tamanho do texto:

Harris, que lançou sua candidatura à Casa Branca após a desistência do presidente Joe Biden da corrida eleitoral, deixou claro que não seguirá a estratégia do mandatário de 81 anos, que consistia em exercer pressão sobre Israel nos bastidores.

Depois de se reunir com Netanyahu, a vice-presidente afirmou que já era hora de pôr fim à "devastadora" guerra.

"O que ocorreu em Gaza nos últimos nove meses é devastador. As imagens de crianças mortas e de pessoas famintas e desesperadas fugindo em busca de segurança, às vezes deslocadas pela segunda, terceira ou quarta vez", declarou aos jornalistas.

"Não podemos desviar o olhar dessas tragédias. Não podemos nos permitir ficar insensíveis ao sofrimento e não vou me calar", acrescentou Harris, que ainda precisa ser oficialmente nomeada como candidata presidencial na convenção do Partido Democrata em agosto.

A vice-presidente, de 59 anos, disse que a reunião com Netanyahu foi "franca".

"Expressei ao primeiro-ministro minha grande preocupação com a magnitude do sofrimento humano em Gaza, incluindo a morte de muitos civis inocentes", bem como "com a terrível situação humanitária", declarou.

- "Fechar este acordo" -

Ela também pediu a criação de um Estado palestino e instou Netanyahu e o Hamas a aceitarem um acordo de cessar-fogo e a libertação de reféns para pôr fim à guerra desencadeada pelos ataques desse grupo islâmico palestino em 7 de outubro contra Israel.

"Como acabei de dizer ao primeiro-ministro Netanyahu, é hora de fechar este acordo", disse.

A franqueza de Harris contrasta com o aperto de mão efusivo entre Biden e Netanyahu horas antes, embora a relação entre os dois esteja muito tensa há meses.

"De um orgulhoso judeu sionista para um orgulhoso sionista irlandês-americano, quero agradecer-lhe pelos 50 anos de serviço público e pelos 50 anos de apoio ao Estado de Israel", disse Netanyahu em homenagem a Biden.

"E espero ansiosamente falar com você hoje e trabalhar com você nos próximos meses", acrescentou.

Harris tem sido mais franca sobre Gaza no passado e especulou-se que poderia adotar uma abordagem mais dura em relação a Israel, embora fontes governamentais neguem que existam divergências entre ela e Biden.

A Casa Branca estima que Netanyahu não se recusa a um acordo, apesar do acalorado discurso no Congresso dos Estados Unidos na quarta-feira, no qual prometeu uma "vitória total" contra o Hamas.

"O presidente reiterará ao primeiro-ministro Netanyahu que acredita que precisamos alcançar um acordo, e precisamos alcançá-lo em breve", declarou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby.

Biden e Netanyahu se reuniram posteriormente com as famílias dos reféns americanos mantidos em Gaza, muitos dos quais pediram ao líder israelense um acordo de cessar-fogo.

- "Mais otimistas" -

"Provavelmente nos sentimos mais otimistas do que desde a primeira rodada de liberações no final de novembro", afirmou aos jornalistas Jonathan Dekel-Chen, pai do refém americano Sagui Dekel-Chen, após a reunião.

Perto da Casa Branca, um grupo de manifestantes gritou palavras de ordem contra a visita.

Na sexta-feira, Netanyahu terá um encontro com o candidato republicano Donald Trump em sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida.

O ex-presidente instou nesta quinta-feira Israel a "terminar" rapidamente a guerra em Gaza.

Biden se tornou cada vez mais crítico de Israel pelo número de mortes palestinas em sua ofensiva em Gaza e pelas restrições à quantidade de ajuda humanitária que chega ao devastado território.

 

Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 111 continuam em cativeiro na Faixa de Gaza, incluindo 39 que o Exército acredita que estejam mortas.

A ofensiva militar de Israel contra Gaza matou mais de 39 mil palestinos, também em sua maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do território controlado pelo Hamas.

L.Torres--PC