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Zelensky pede à Otan que suspenda 'todas as restrições' a ataques em território russo
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, pediu aos líderes dos países da Otan nesta quinta-feira (11) que eliminem "todas as restrições" aos ataques de Kiev em território russo com armas ocidentais, no último dia de uma cúpula da Aliança Atlântica em que a China foi acusada de apoiar a Rússia.
"Se quisermos vencer, se quisermos prevalecer, se quisermos salvar nosso país e defendê-lo, devemos eliminar todas as restrições", declarou Zelensky em uma coletiva de imprensa ao lado do secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg.
Diversos países da Otan impõem restrições ao uso das armas que fornecem à Ucrânia, o que impede que atinjam as posições de onde a Rússia lança ataques contra as cidades e infraestruturas ucranianas.
Essas nações, como a Alemanha, temem uma escalada do conflito com a Rússia.
Mas Zelensky, em geral, está satisfeito com as medidas de ajuda militar ao seu país decididas pelos 32 membros da Otan, reunidos em uma cúpula desde terça-feira em Washington.
São "decisões muito importantes", disse.
Os aliados anunciaram o iminente envio de aviões de combate F-16 de fabricação americana, novos sistemas de defesa aérea, um compromisso financeiro de pelo menos 40 bilhões de euros (R$ 235,1 bilhões) em ajuda militar e o reconhecimento de que o país está em um "caminho irreversível" para se tornar membro da Otan.
Zelensky disse que espera que os cinco sistemas de defesa aérea prometidos cheguem à Ucrânia "o mais rápido possível" e lembrou dos ataques russos no início desta semana, os quais devastaram um hospital infantil em Kiev e mataram 43 pessoas em todo o país.
- Otimista -
O presidente ucraniano também afirmou aguardar que seu país se torne parte da Otan algum dia, embora ainda não tenha sido formalmente convidado.
"Estamos fazendo e continuaremos fazendo todo o possível para garantir que chegue o dia em que a Ucrânia seja convidada e se torne membro da Otan, e estou confiante de que conseguiremos", declarou.
Durante esta cúpula, que comemora os 75 anos de existência da Aliança Atlântica, os líderes da Otan também expressaram preocupação com o apoio da China à Rússia na guerra na Ucrânia.
A questão foi mencionada durante uma reunião na quinta-feira com seus parceiros da Austrália, Japão, Coreia do Sul e Nova Zelândia. A China considera que o convite a esses países é um pretexto para ampliar sua influência na Ásia.
Em uma declaração incomum, os líderes da Otan expressaram suas "profundas preocupações" com o "papel decisivo" da China no apoio à Rússia desde a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.
A Otan acusa a China de fornecer à Rússia equipamentos civis e militares de uso duplo, como microprocessadores, com os quais Moscou pode "fabricar mísseis, bombas, aviões e armas", afirmou Stoltenberg.
- Provocação -
O Ministério das Relações Exteriores da China acusou a Aliança Atlântica de "preconceito, difamação e provocação".
Esta cúpula também foi marcada pelo clima de incerteza política nos Estados Unidos.
O presidente americano, Joe Biden, dará uma coletiva de imprensa após semanas de questionamentos sobre sua saúde e sua capacidade de enfrentar o republicano Donald Trump nas eleições presidenciais de novembro.
À margem da cúpula, a Casa Branca anunciou que os Estados Unidos vão instalar na Alemanha, a partir de 2026, armamento com maior alcance do que o atualmente posicionado na Europa.
"Isto faz parte da dissuasão e garante a paz, é uma decisão necessária e importante, tomada no momento adequado", declarou o chanceler alemão Olaf Scholz.
A Rússia considerou esse anúncio e o reforço do apoio à Ucrânia como prova do envolvimento "direto" da Otan no conflito e de um retorno "à Guerra Fria".
Nesta quinta-feira, a emissora americana CNN relatou uma tentativa frustrada de assassinato na Alemanha contra Armin Papperger, diretor-geral da Rheinmetall, uma importante fabricante de munições.
Neste clima de tensão, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou em Washington que a perspectiva de um "conflito direto entre a Otan e a Rússia é preocupante".
F.Carias--PC