Portugal Colonial - Maré vermelha, onda branca: chavismo e oposição abrem campanha na Venezuela

Maré vermelha, onda branca: chavismo e oposição abrem campanha na Venezuela
Maré vermelha, onda branca: chavismo e oposição abrem campanha na Venezuela / foto: Federico PARRA - AFP

Maré vermelha, onda branca: chavismo e oposição abrem campanha na Venezuela

Uma "maré vermelha" com milhares de pessoas, bandeiras, fotos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, que concorre à reeleição na Venezuela: a campanha presidencial começou oficialmente nesta quinta-feira (4), também com uma "onda branca" opositora maciça que busca romper com 25 anos de chavismo.

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O processo, a 24 dias das eleições de 28 de julho, começa em meio a muitas incertezas e denúncias de "perseguição", detenções e inabilitações de opositores, acusados pelo governo de conspiração.

"Estamos ganhando e ganhando bem, mas que ninguém baixe a guarda", disse Maduro diante de seus seguidores no centro de Caracas. "Preparem-se para a surra que vamos dar neles!"

Mais cedo, Maduro viajou ao estado petrolífero de Zulia (oeste) como parte de uma "tomada" de 70 cidades do país, um número simbólico pois é a idade que o finado Hugo Chávez completaria justamente no dia da eleição.

E com direito a uma grande festa com palcos gigantescos e artistas, em meio a denúncias de excessos e coação aos beneficiários de programas sociais para que votem em Maduro.

Milhares de pessoas compareceram com bandeiras gigantes, fotos de Chávez e Maduro e cartazes de apoio ao presidente "do povo".

E muitos bonecos infláveis de galos, símbolo da campanha do chavismo que apresenta Maduro como um "galo pinto" ou forte e de briga, diante do "galo pataruco" ou fraco, como ele se refere a Edmundo González, o candidato opositor de 74 anos.

"Com Maduro até que o mar seque", expressou Sandra Salazar, comerciante de café de 55 anos. "Vamos para uma vitória contundente", garantiu, por sua vez, Juan Molina, militante de 46 anos, na mobilização chavista.

"Não somos cegos, sabemos quem são os inimigos da pátria... a oposição", acrescentou.

- 'Já somos livres' -

A caravana da oposição, que percorre cerca de sete estados, esteve liderada por González e María Corina Machado, o principal rosto da campanha.

"Hoje começa o renascimento da esperança e o caminho da mudança para a Venezuela", disse González em cima do caminhão-palanque que os transporta por Caracas. Usava uma camisa da popular seleção de futebol da Venezuela, a 'Vinotinto', que avançou para as quartas de final na Copa América.

Milhares de pessoas acompanharam o percurso por outro setor da capital, oposto ao da marcha chavista.

"Sinto que já somos livres, a Venezuela acabou com a ditadura, Edmundo para todo o mundo!", afirmou Raiza Ramírez, uma enfermeira de 52 anos.

González, desconhecido até sua indicação, assumiu a candidatura após bloqueios e vetos a outros possíveis substitutos de Machado, que ganhou as primárias opositoras e era a candidata natural, mas que não pôde ser inscrita por estar inabilitada.

A dirigente também assumiu a campanha e percorreu todo o país em automóvel porque o chavismo a impede de viajar de avião. Em cada cidade, é recebida como uma "estrela do rock" por multidões que se aglomeram para ouvir sua promessa de mudança.

"Esta força eles não podem deter", disse Machado no caminhão com González. "Isto é muito mais que uma campanha eleitoral, é um sentimento profundo pela liberdade da Venezuela".

Maduro intensificou sua agenda eleitoral nas últimas semanas. Promete recuperação econômica, após uma crise sem precedentes que reduziu o PIB em 80% e levou a um êxodo maciço que a ONU estima em mais de sete milhões de pessoas, cerca de 25% da população.

A maioria das pesquisas mostra a oposição como vitoriosa, que se atém a esses prognósticos, embora o chavismo os desconsidere.

"Uma coisa é ganhar o processo eleitoral e, obviamente, outra coisa é o reconhecimento", alertou à AFP Guillermo Tell Aveledo, professor de Estudos Políticos na Universidade Metropolitana. "E aí se abrem outros temores, outras possibilidades."

Maduro busca legitimidade internacional com estas eleições, depois da ampla rejeição de sua reeleição em 2018. Estados Unidos e países vizinhos como Brasil e Colômbia pressionam por condições.

A.Motta--PC