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Líderes da UE adiam para próxima semana decisão sobre principais cargos do bloco
Os dirigentes da União Europeia (UE) tiveram que adiar para uma cúpula na próxima semana sua decisão final sobre os principais cargos do bloco, mas delinearam um acordo que permitiria o apoio a um segundo mandato de Ursula von der Leyen na Comissão Europeia.
Os mesmos dirigentes da UE têm na agenda uma cúpula na próxima semana, em 27 e 28 de junho, quando todas as atenções estarão voltadas para a possibilidade de um acordo geral.
Na reunião informal desta segunda, os dirigentes pretendiam avançar nos critérios de distribuição dos cargos mais importantes, como os titulares da Comissão e do Conselho Europeu, bem como a condução da diplomacia do bloco.
Ao término da reunião, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que "foi uma boa conversa". "Acho que foi na direção correta. Mas não há nenhum acordo nesta fase", apontou.
Segundo Michel, "os partidos políticos estão desempenhando um papel, e isso é natural em um momento político como este".
Os partidos "fizeram propostas e, nos próximos dias, teremos a oportunidade de seguir trabalhando e preparar as decisões que devemos tomar", disse Michel.
Ao fim do encontro, o presidente da França, Emmanuel Macron, disse acreditar que era necessário seguir "cozinhando a fogo baixo" uma decisão e acrescentou que um acordo não está "muito longe".
"Temos que tirar conclusões das eleições europeias, temos que entender qual é a agenda estratégica, e depois vêm os nomes por trás dela", acrescentou o líder francês sobre as eleições europeias recentes, nas quais partidos de extrema direita tiveram forte crescimento.
Ao sair da reunião, o primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte, disse que "quando não se toma nenhuma decisão na UE, as coisas sempre podem caminhar numa direção diferente [...] Mas não é o caso aqui".
Por sua vez, o primeiro-ministro da Hungria, o nacionalista Viktor Orban, afirmou na rede social X que "a vontade do povo europeu foi ignorada hoje em Bruxelas".
"O resultado das eleições europeias é claro: os partidos de direita se fortaleceram, a esquerda e os liberais perderam terreno", pontuou.
Para Orban, o bloco de direita, "em vez de ouvir os eleitores, se associou a socialistas e liberais: chegaram a um acordo e dividiram entre si os principais cargos da UE".
- Equilíbrio delicado -
Este foi o primeiro encontro pessoal dos líderes da União Europeia depois das eleições realizadas entre 6 e 9 de junho.
O bloco do Partido Popular Europeu (PPE, direita) se confirmou como o principal da Eurocâmara, e por isso exigiu reservar os principais cargos.
Von der Leyen (apoiada pelo PPE) aparece como franca favorita para receber o apoio dos mandatários que compõem o Conselho Europeu, mas seu nome ainda deve ser submetido à votação no Parlamento Europeu.
Por sua vez, o bloco dos social-democratas lançou o nome do ex-primeiro-ministro português António Costa para conduzir o Conselho Europeu.
Além disso, o PPE se posiciona para colocar dois de seus representantes em outros dois cargos: renovar o mandato de Roberta Metsola na presidência do Parlamento Europeu e promover a primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, como alta representante de política externa e comércio exterior da UE.
De acordo com fontes diplomáticas, os representantes do PPE propuseram na reunião informal que o mandato de cinco anos do Conselho Europeu seja dividido em dois, de dois anos e meio cada.
Segundo as fontes, a ideia é que um nome do PPE assuma também o Conselho na segunda metade do mandato. Dessa forma, esse bloco político controlaria os quatro cargos mais importantes da UE.
Outra fonte diplomática europeia disse que, no geral, houve um consenso sobre os nomes, mas que o acordo final não foi possível por causa da busca de um equilíbrio entre PPE e social-democratas.
Atualmente, o PPE tem nas mãos a Comissão Europeia (Von der Leyen) e o Parlamento (Metsola); os centristas e liberais estão encarregados do Conselho (Michel), enquanto os social-democratas comandam a diplomacia (Josep Borrell).
H.Portela--PC