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Calma relativa dá alívio a Gaza pelo segundo dia consecutivo
Israel bombardeou o norte da Faixa de Gaza e várias testemunhas reportaram explosões no sul do território palestino, mas os combates diminuíram nesta segunda-feira (17), após um primeiro dia de relativa calma enquanto os muçulmanos comemoram a festa do Eid al Adha.
O Exército israelense anunciou no domingo, durante o primeiro dia do Eid al Adha, a instauração de uma pausa diurna em suas operações militares, entre 8h00 e 19h00 (2h00 às 13h00 Brasília) em uma área do sul de Gaza para facilitar a entrada de ajuda humanitária pelo posto de Kerem Shalom.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, defendeu no domingo à noite, em uma mensagem por ocasião do Eid, a aplicação do plano de cessar-fogo que seu governo apresentou no mês passado e reiterou que este "é o melhor meio para acabar com a violência em Gaza" e de ajudar os civis que sofrem "os horrores da guerra entre o Hamas e Israel.
Na Cidade de Gaza, fontes do Hospital Batista Al-Ahli afirmaram que dois bombardeios deixaram cinco mortos e vários feridos.
O porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmoud Basal, disse à AFP que o Exército israelense executou dois bombardeios durante a noite que atingiram um apartamento e uma casa e deixaram "vários mártires, incluindo uma criança e um idoso".
"O restante da Faixa de Gaza está sob uma calma relativa", acrescentou.
Os residentes do acampamento de refugiados de Bureij, no centro da Faixa de Gaza, relataram que houve um bombardeio.
O Exército anunciou que a "pausa tática local" de suas atividades prosseguirá "todos os dias e até novo aviso" na área que vai da passagem de Kerem Shalom, em Israel, até a estrada de Salahedin, em Gaza, e em direção ao norte do território palestino.
Uma fonte do governo israelense declarou que "não há mudança na política do Exército", em particular em Rafah, onde os militares iniciaram uma operação terrestre no início de maio que provocou a fuga de centenas de milhares de pessoas.
A nível político, uma fonte israelense informou à AFP que o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, dissolveu o gabinete de guerra, após a demissão do político centrista Benny Gantz, que entrou no governo após o ataque de 7 de outubro.
- "Não é Eid" -
Amer Ajur, um deslocado de Rafah que está em Deir el Balah, no centro de Gaza, disse que este ano não sente o "espírito do Eid".
"Eid é quando voltamos para nossas casas, é quando a guerra termina e há um cessar-fogo", disse. "Todos os dias há uma vítima e um mártir, isto não é o Eid".
A guerra entre Israel e o Hamas eclodiu em 7 de outubro, quando militantes do movimento islamista mataram 1.194 pessoas, a maioria civis, e sequestraram outras 251 no sul de Israel, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.
O Exército afirma que 116 estejam em cativeiro em Gaza, mas acredita que 41 delas podem estar mortas.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que deixou pelo menos 37.347 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas desde 2007.
A ONU afirmou que "celebra" a pausa estabelecida pelo Exército israelense, mas disse esperar "novas medidas concretas" para facilitar a entrega de ajuda humanitária. O território palestino está sitiado quase desde o início do conflito e as Nações Unidas alertam que a população enfrenta o risco de um cenário de fome.
- Emissário americano na fronteira com o Líbano -
Desde que o Exército israelense iniciou a ofensiva terrestre em Rafah e assumiu o controle da passagem na fronteira com o Egito, Kerem Shalom virou o único ponto de entrada de ajuda humanitária no sul da Faixa de Gaza.
A pausa busca "permitir que a ONU recolha e distribua mais ajuda", declarou um porta-voz das autoridades israelenses, Shimon Freedman, em Kerem Shalon nesta segunda-feira.
Do lado palestino, havia "mais de 1.000 caminhões", disse, acusando as organizações internacionais de "não ter tomado as medidas necessárias" para garantir a entrega de ajuda.
Apesar da mediação internacional, ainda não houve nenhuma trégua, com Israel determinado a destruir o Hamas, e o movimento islamista pedindo um cessar-fogo definitivo.
Um emissário de Joe Biden chegou a Israel nesta segunda-feira para tentar diminuir as tensões na fronteira com o Líbano, entre o Exército israelense e o movimento libanês Hezbollah, aliado do Hamas.
X.Matos--PC