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Israel segue bombardeando Gaza e EUA pressiona por trégua
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou nesta quarta-feira (12) que ainda é possível alcançar uma trégua e um acordo de libertação de reféns para pôr fim à guerra entre Hamas e Israel, que continua assolando a Faixa de Gaza.
Por sua vez, o movimento xiita libanês Hezbollah, aliado do Hamas, lançou uma série de projéteis contra o norte de Israel, um dia após um ataque israelense matar um de seus altos dirigentes.
Em Genebra, uma comissão de investigação da ONU concluiu que Israel cometeu "crimes contra a humanidade" em sua campanha militar no território palestino, iniciada após o ataque do Hamas em Israel em 7 de outubro.
Blinken, em meio a sua viagem pelo Oriente Médio, chegou ao Catar, um dos mediadores do conflito junto com Estados Unidos e Egito, que estão atualmente examinando a resposta do Hamas ao plano para um cessar-fogo em Gaza.
Entre as reivindicações do movimento islamista palestino, "algumas mudanças são realizáveis, outras não", declarou o secretário de Estado americano.
Osama Hamdan, alto dirigente do movimento islamista, disse à AFP que as emendas propostas exigem "um cessar-fogo permanente e a retirada completa" das tropas israelenses de Gaza, requisitos que Israel rejeita.
O plano, anunciado por Biden, contempla em uma primeira fase um cessar-fogo "imediato e completo", a troca de reféns por prisioneiros palestinos, a retirada do Exército israelense das áreas povoadas de Gaza e a entrada de ajuda humanitária.
Os Estados Unidos apresentaram a proposta como uma iniciativa israelense, mas o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, cujo governo inclui membros da extrema direita que se opõem fortemente ao acordo, ainda não a apoiou formalmente.
"Estamos determinados a tentar preencher as lacunas. E acredito que essas lacunas podem ser remediadas", indicou Blinken. "Isso não significa que serão remediadas porque, no fim das contas, é o Hamas que terá que decidir."
- Bombardeios e confrontos -
A guerra em Gaza, que já entrou em seu nono mês, também provocou um aumento das tensões na fronteira de Israel com o Líbano.
O exército israelense anunciou que cerca de 150 foguetes foram lançados do Líbano em direção a Israel na manhã desta quarta-feira, depois que um bombardeio israelense matou um comandante do Hezbollah na véspera no sul libanês.
Alguns foram derrubados e outros atingiram Israel, provocando incêndios, indicou a mesma fonte, que não relatou vítimas.
Depois que o Hezbollah reivindicou os disparos de "dezenas de [mísseis] Katiusha e de mísseis teleguiados", o comandante do comitê executivo do grupo, Hashem Safieddin, afirmou que o movimento vai "aumentar as operações em intensidade, potência, número e qualidade".
Blinken disse que "a melhor maneira" de resolver os frequentes confrontos entre o Hezbollah e o exército israelense é "resolver o conflito em Gaza e alcançar um cessar-fogo".
As forças israelenses mantêm suas operações na Faixa de Gaza, onde uma testemunha declarou que estavam ocorrendo "bombardeios aéreos e de artilharia" em Rafah.
Segundo o exército, suas tropas participaram de "confrontos corpo a corpo" nessa cidade do sul do território e a força aérea atingiu mais de "30 alvos terroristas" em Gaza durante o último dia.
Uma criança morreu no bombardeio de sua casa em Rafah, afirmou um médico do hospital Nasser. Também houve disparos de artilharia na cidade vizinha de Khan Yunis, de acordo com testemunhas.
No norte, a Defesa Civil informou que pelo menos quatro pessoas morreram no bombardeio de uma casa na Cidade de Gaza, onde um hospital havia relatado anteriormente sete mortos.
- "Crimes contra a humanidade" -
A guerra estourou em 7 de outubro, quando combatentes islamistas mataram 1.194 pessoas e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um balanço baseado em dados oficiais israelenses.
O exército israelense estima que 116 reféns ainda estão detidos em Gaza, embora 41 deles estariam mortos.
A operação lançada por Israel contra Gaza deixou 37.202 mortos, de acordo com o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas.
O conflito levou pelo menos 1,7 milhão das 2,4 milhões de pessoas que vivem no território palestino a abandonarem suas casas.
Os moradores de Gaza estão à beira da fome devido à escassez de suprimentos causada pelo cerco de Israel.
"O Hamas não vê que estamos cansados, mortos, destruídos", declarou à AFP um homem em Gaza, que se identificou como Abu Shaker.
"O que estão esperando?", acrescentou. "A guerra deve terminar custe o que custar."
No âmbito da ofensiva israelense na Faixa de Gaza, uma comissão de investigação da ONU considerou que Israel é responsável por "crimes contra a humanidade", incluindo o de "extermínio".
A comissão também acusou as autoridades israelenses e sete grupos armados palestinos, incluindo o braço armado do Hamas, de crimes de guerra.
A embaixada de Israel em Genebra acusou a comissão de "discriminação sistemática" contra o país.
J.V.Jacinto--PC