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Putin ameaça entregar armas de longo alcance para atacar alvos ocidentais
O presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou nesta quarta-feira (5) entregar armas de longo alcance em áreas onde as potências ocidentais poderiam ser alvos de ataques, caso essas potências forneçam esse tipo de armamento à Ucrânia.
As declarações de Putin, pronunciadas em uma rara coletiva de imprensa com meios de comunicação estrangeiros em São Petersburgo, ocorrem após os Estados Unidos e vários países europeus autorizarem a Ucrânia a usar, sob certas condições, as armas que lhe entregam para atacar território russo.
"Se alguém pensa que é possível fornecer essas armas a uma zona de guerra para atacar nosso território [...] por que não temos o direito de enviar armas do mesmo tipo para regiões do mundo onde serão atingidas instalações sensíveis de países que agem contra a Rússia?", questionou Putin.
"Ou seja, a resposta pode ser assimétrica. Vamos pensar sobre isso", declarou aos jornalistas.
O presidente, de 71 anos, classificou, no entanto, como "bobagens" as alegações de que a Rússia planeja atacar os membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
"Não procurem nossas ambições imperiais. Elas não existem", sublinhou.
"Entregar armas a uma zona de guerra sempre está errado. Ainda mais se quem o faz não só entrega as armas, mas também as controla. Isso é um passo muito sério e muito perigoso", acrescentou o chefe do Kremlin.
O presidente russo citou a Alemanha e afirmou que quando os primeiros tanques fornecidos por Berlim "apareceram em solo ucraniano, provocou uma comoção moral e ética na Rússia".
"Quando dizem que haverá mais mísseis que alcançarão objetivos em território russo, isso destrói definitivamente as relações russo-alemãs", disse em referência às autoridades desse país.
A Alemanha autorizou a Ucrânia a usar suas armas contra objetivos militares na Rússia para se defender dos ataques lançados, em particular, na província de Kharkiv, anunciou o porta-voz do chefe de governo alemão no final de maio.
- Baixas militares -
Durante a coletiva de imprensa, Putin insistiu que seu país "não começou a guerra contra a Ucrânia" e culpou a revolução pró-ocidental de 2014 por isso.
"Todo mundo pensa que a Rússia começou a guerra na Ucrânia. Gostaria de sublinhar que ninguém no Ocidente, na Europa, quer lembrar como essa tragédia começou", disse.
O presidente russo se recusou a fornecer o número de baixas russas no campo de batalha nos mais de dois anos de conflito, limitando-se a dizer que as da ex-república soviética eram cinco vezes superiores.
"Se falarmos de perdas irrecuperáveis, a proporção é de um para cinco", disse.
O tema das baixas militares é extremamente delicado na Rússia, onde qualquer crítica ao conflito é proibida e onde "divulgar informações falsas" sobre o Exército implica uma pena máxima de 15 anos de prisão.
Quando perguntado sobre a morte do jornalista da AFP Arman Soldin na Ucrânia no ano passado, supostamente por disparos de foguetes russos, Putin indicou que Moscou estava disposto a colaborar na investigação.
Acrescentou, no entanto, que não sabia "como isso seria feito na prática", já que Soldin morreu em uma zona de combate.
- Democratas e republicanos -
Putin também foi questionado sobre o que significaria uma vitória do ex-presidente americano Donald Trump ou do atual presidente Joe Biden para as relações entre os Estados Unidos e a Rússia.
"Em geral, para nós não há nenhuma diferença", respondeu. "Não acreditamos que após as eleições haverá alguma mudança em relação à Rússia e na política americana", disse.
No entanto, atribuiu os problemas legais de Donald Trump, condenado por acusações criminais, a uma "luta política interna" entre democratas e republicanos antes das eleições presidenciais americanas de novembro.
O ex-presidente republicano, que aspira a voltar à Casa Branca, foi declarado culpado na semana passada de falsificação de registros empresariais para encobrir um escândalo sexual nas últimas etapas da campanha presidencial de 2016. Sua sentença será pronunciada em 11 de julho.
Por outro lado, Putin afirmou que Rússia e Estados Unidos estavam em "contato permanente" sobre uma possível troca de prisioneiros, que liberaria o jornalista americano Evan Gershkovich, detido no ano passado acusado de espionagem.
"Os serviços competentes dos Estados Unidos e da Rússia estão em contato permanente e, claro, decidirão apenas com base na reciprocidade", declarou Putin.
T.Resende--PC