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Macron elogia 'espírito de sacrifício' na abertura das cerimônias dos 80 anos do 'Dia D'
O presidente da França, Emmanuel Macron, elogiou nesta quarta-feira (5) o "espírito de sacrifício" dos militares na abertura dos três dias de cerimônias de celebração dos 80 anos do Desembarque dos Aliados nas praias da Normandia, nas quais também participarão Estados Unidos e Ucrânia.
A principal cerimônia está prevista para quinta-feira, dia do 80º aniversário, na praia de Omaha, com a presença de vários líderes internacionais, incluindo o ucraniano Volodimir Zelensky, mas sem o presidente russo, Vladimir Putin.
A localidade britânica de Plumelec, no oeste da França, deu início às celebrações nesta quarta com uma primeira homenagem à resistência e aos paraquedistas da França Livre entre as forças especiais britânicas.
"O nosso país tem uma juventude (...) disposta ao mesmo espírito de sacrifício que os seus mais velhos", declarou Macron diante das unidades de elite representadas, alertando para um contexto atual em que "os perigos aumentam" na Europa.
Em 6 de junho de 1944, o "Dia D", 156 mil soldados e 20 mil veículos chegaram às praias da Normandia, onde os nazistas, que sob as ordens de Adolf Hitler ocuparam a Europa ocidental, não os aguardavam.
A operação titânica contribuiu decisivamente para o fim da Segunda Guerra Mundial em território europeu em 1945 com a Alemanha nazista, que estava encurralada entre duas frentes: Atlântico, ao oeste, e União Soviética, ao leste.
O presidente francês recordou que o "primeiro soldado francês" que participou no Desembarque, o cabo Emile Bouétard, morreu em Plumelec.
"Ele era um dos meus amigos", disse Achille Muller, o último sobrevivente dos paraquedistas franceses que participaram da operação.
- "73.000 americanos corajosos" -
Os convidados mais ilustres das cerimônias de recordação do Dia D serão os veteranos da Segunda Guerra Mundial ainda vivos: as autoridades francesas aguardam quase 200 combatentes do conflito, com idades que superam 90 anos e, em alguns casos, 100. Dezenas deles já chegaram dos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chegou nesta quarta-feira a Paris e participará nas cerimônias previstas para quinta-feira nas praias da Normandia, juntamente a Macron, o rei Charles III da Inglaterra e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.
Os líderes das antigas potências rivais do Eixo, o chanceler alemão Olaf Scholz e o presidente italiano Sergio Mattarella também participarão, bem como o chefe de Estado ucraniano, Volodimir Zelensky.
Biden homenageará em seus discursos nas praias conhecidas pelos codinomes Utah e Omaha os "73 mil americanos corajosos" que desembarcaram para "abrir o caminho à libertação da França e da Europa", afirmou a Casa Branca.
Apesar do preço muito elevado que a União Soviética pagou na vitória final (27 milhões de mortes entre civis e militares), Putin não foi convidado, ao contrário do que aconteceu há 10 anos, devido à invasão da Ucrânia, iniciada em 2022.
Macron, para quem a ofensiva russa representa uma ameaça existencial para a Europa, espera que a comemoração do desembarque aliado também sirva para expressar o apoio das potências ocidentais à Ucrânia.
Durante a viagem à França, Zelensky pretende abordar, com Biden e Macron, as necessidades do seu país na guerra. A Ucrânia também será um tema de discussão da visita de Estado do presidente americano, no sábado, a Paris.
"Quando a guerra voltou ao continente oitenta anos depois da libertação da Europa", Macron e Biden "discutirão o apoio inabalável e a longo prazo que deve ser dado à Ucrânia", segundo a presidência francesa.
- "Capital das ruínas" -
O desembarque das forças aliadas, apoiado por operações aerotransportadas que lançaram tropas de paraquedas diretamente no solo ocupado, foi a maior operação naval da história em número de navios mobilizados e tropas participantes.
O "dia mais longo", como passou a ser conhecido, marcou o início do fim da ocupação nazista da Europa - mas ainda foram necessários meses de combates intensos e violentos antes da vitória sobre o regime de Hitler.
Durante os três dias de cerimônias, Macron prestará homenagem às vítimas civis. Em Saint-Lô, recordará aqueles que morreram nos bombardeios aliados que destruíram 90% desta "capital das ruínas" em uma única noite, nas palavras do dramaturgo irlandês Samuel Beckett. Ao todo, entre 50.000 e 70.000 civis foram mortos.
Na noite desta quarta, também recordará os membros da Resistência Francesa executados pelos alemães na prisão de Caen, na Normandia.
As homenagens acontecem dias antes das eleições para o Parlamento Europeu, no domingo (9), cujas pesquisas anunciam um forte revés para Macron. Mas não é o único evento eleitoral que ocorre durante o aniversário.
Na sexta-feira, Biden fará um discurso em Pointe du Hoc – um promontório no topo de uma falésia cujos bunkers alemães foram atacados pelas tropas americanas em um ataque ousado – sobre a defesa da liberdade e da democracia.
M.Gameiro--PC