Portugal Colonial - México inaugura nova etapa sob a liderança de Claudia Sheinbaum

México inaugura nova etapa sob a liderança de Claudia Sheinbaum
México inaugura nova etapa sob a liderança de Claudia Sheinbaum / foto: Gerardo Luna - AFP

México inaugura nova etapa sob a liderança de Claudia Sheinbaum

O México iniciou nesta segunda-feira (3) uma nova etapa após a eleição de sua primeira presidente, Claudia Sheinbaum, um marco comemorado por milhões de pessoas em todo o mundo, mas que também preocupa os seus adversários diante da crescente hegemonia da esquerda.

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Sheinbaum, uma cientista de 61 anos, conquistou uma vitória esmagadora com mais de 30 pontos de vantagem sobre a conservadora Xóchitl Gálvez, e obteve maioria de 2/3 na Câmara dos Deputados e possivelmente no Senado.

Gálvez, senadora de centro-direita, aceitou o resultado final, mas anunciou nesta segunda-feira que denunciará a eleição perante os órgãos eleitorais devido à "competição desigual" e à violência política.

"Estávamos enfrentando uma concorrência desigual contra todo o aparelho do Estado, dedicado a favorecer sua candidata", afirmou na rede social X.

O partido no poder também manteve o governo da Cidade do México, seu bastião há quase 30 anos. Sheinbaum é a presidente eleita com mais votos na história deste país, que tem 129 milhões de habitantes e é a 12ª maior economia do mundo.

Os mercados reagiram com uma desvalorização do peso mexicano de 4,3% para 17,7 unidades (R$ 5,2) por dólar, segundo dados do Banxico (central), contra os 16,96 (R$ 5) de sexta-feira passada. O mercado de ações despencou 6%.

Do americano Joe Biden ao russo Vladimir Putin, passando pelos presidentes latino-americanos e pela União Europeia, o mundo saudou esta virada em um país de tradição sexista, duramente atingido pelo tráfico de droga e pela violência de gênero.

Aproximadamente 450 mil pessoas foram assassinadas e quase 100 mil desapareceram desde 2006, quando a luta antidrogas foi militarizada. Cerca de 10 mulheres são assassinadas diariamente no México, segundo a ONU.

- Entusiasmo -

Depois dos resultados esmagadores, há entusiasmo no México entre os seguidores de Sheinbaum e o seu popular mentor, o presidente Andrés Manuel López Obrador, que lhe entregará a faixa presidencial no dia 1º de outubro.

"As pessoas estão acordando [...] e os grupos sociais estão se voltando para reconhecer esta mudança", disse María Gordillo, 37 anos, que comemorou a vitória de Sheinbaun no Zócalo da Cidade do México, entre mariachis e fogos de artifício.

É um exemplo de "como estamos felizes com o trabalho que o presidente fez. Não estamos inventando", disse María Fernanda Vela, 27 anos, referindo-se aos programas sociais que ajudaram AMLO - acrônimo do presidente - a ter um aprovação de 66%.

O fim do processo eleitoral não impediu, contudo, a violência. No domingo, após o fechamento das urnas, Yonis Baños, candidato a prefeito em uma cidade do estado de Oaxaca (sul), foi assassinado.

Durante o processo eleitoral, cerca de trinta candidatos a cargos locais foram mortos.

Junto com o otimismo, alguns mexicanos estão preocupados com o poder crescente do partido governista Morena, que no domingo aumentou o número de estados que governa para 24, de um total de 32.

"Tudo o que foi avançado para desmantelar o antigo presidencialismo do PRI está agora seriamente em risco", diz Jorge Romero, cientista político da Universidade Autônoma Metropolitana, evocando o partido que governou o México durante 70 anos ininterruptos até 2000, sob a sombra do autoritarismo e da corrupção.

Se conseguir uma "supermaioria" de 2/3 em ambas as câmaras do Congresso, Sheinbaum poderá levar a cabo reformas constitucionais propostas por AMLO, incluindo algumas muito controversas, como a eleição de juízes da Suprema Corte e outros magistrados por voto popular, e aumentar as aposentadorias.

O máximo tribunal impediu diversas iniciativas do presidente, que o acusa de estar a serviço da "máfia do poder".

"A vitória esmagadora do Morena significa menos freios e contrapesos, o que aumenta os riscos institucionais e regulatórios", alerta Arantza Alonso, da consultoria de análise de risco Verisk Maplecroft.

- Mercados reagem -

A reação adversa dos mercados "sublinha a preocupação sobre uma provável maioria absoluta em ambas as câmaras que permitirá finalmente ao governo realizar reformas constitucionais", observou a Oxford Economics.

Sheinbaum enfrenta o desafio de manter a ajuda direta de AMLO aos jovens e aos idosos, mas herda um déficit fiscal de quase 6% do PIB e um baixo crescimento.

Após a vitória na eleição, Sheinbaum tentou tranquilizar os mercados, esclarecendo que praticará a "austeridade republicana" defendida por López Obrador, bem como a "disciplina financeira e fiscal".

L.Carrico--PC