Portugal Colonial - Os dois 'Méxicos' que votarão para presidente

Os dois 'Méxicos' que votarão para presidente
Os dois 'Méxicos' que votarão para presidente / foto: ALFREDO ESTRELLA - AFP

Os dois 'Méxicos' que votarão para presidente

Blanca López dirige uma empresa que fabrica peças para a indústria aeroespacial no norte do México. Sandra Sánchez espera que o restaurante onde trabalha se beneficie de uma gigantesca refinaria que o governo construiu no sul.

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Ambas votarão nas eleições presidenciais do próximo domingo (2), embora pareçam vir de dois países diferentes.

O primeiro, o México exportador e industrial, ligado ao vizinho Estados Unidos pelo acordo de livre comércio T-MEC; o segundo, um México historicamente atrasado e com alta pobreza, pelo qual optou o presidente em exercício Andrés Manuel López Obrador.

Na Mimsa, fábrica de López, de 41 anos, as máquinas moldam com precisão peças de aço para a Boeing na região metropolitana de Monterrey, a mesma área onde o magnata Elon Musk planeja construir uma megafábrica da Tesla.

Neste complexo, que o pai de López iniciou em uma pequena oficina, também são fabricadas peças para as indústrias química e alimentícia, entre outras.

"Dá muito orgulho saber que você está fazendo bem as coisas, que seu pessoal está bem treinado", diz López, que investiu dois anos para obter o certificado como fornecedora da Boeing.

- "Levantar o país" -

A cerca de 1.400 km dali, Sandra Sánchez aguarda por clientes no restaurante El Malecón, em Chiltepec, pitoresca cidade costeira perto de Paraíso (estado de Tabasco), onde o governo de esquerda construiu a refinaria Dos Bocas com um investimento de 16,8 bilhões de dólares.

Sánchez deposita sua esperança no "cabeça de algodão", como chama o presidente López Obrador por causa de seus cabelos grisalhos, também originário de Tabasco e que tem 66% de aprovação.

"Dava para ver o potencial que ele tinha (...) para levantar Tabasco, para levantar o país. A economia mudou muito desde que começou o mandato de seis anos do ‘avô’", diz ela.

Quando a refinaria estava em construção, o restaurante recebia centenas de funcionários de construtoras que iam para Chiltepec.

Em um fim de semana, o negócio arrecadou até 120 mil pesos, cerca de US$ 7 mil (R$ 36 mil). Agora que a construção foi concluída, a renda caiu para cerca de US$ 1,2 mil (R$ 6,1 mil) no mesmo período.

- É sustentável? -

Nuevo León e Tabasco não poderiam ser mais diferentes. O primeiro ocupa o quarto lugar no índice de competitividade estatal do Instituto Mexicano de Competitividade (IMCO, privado) que mede inovação, infraestrutura, mercado de trabalho e meio ambiente. Tabasco ocupa o 20º lugar entre 32 estados.

Em termos de pobreza, Nuevo León registra 16% contra 46,5% em Tabasco, segundo dados oficiais de 2022, que mostram uma queda de oito pontos em ambas as regiões desde 2020.

O sudeste "nunca mais será esquecido", garante López Obrador, cuja sucessão está sendo disputada por sua candidata Claudia Sheinbaum – uma grande favorita – e pela centro-direitista Xóchitl Gálvez.

Mas há dúvidas sobre a sustentabilidade desta política e se ela irá finalmente reduzir a brecha entre os "dois Méxicos", não apenas em Tabasco, mas também em outros estados historicamente atrasados, como Chiapas e Oaxaca (sul).

"Vimos que os índices de emprego formal já não são tão dinâmicos como nos anos em que o trabalho [na refinaria] era mais forte", afirma Jesús Carrillo, diretor de Economia Sustentável do IMCO.

A.P.Maia--PC