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Trem Maia mexicano é inaugurado com promessa de prosperidade e acusações de 'ecocídio'
O Trem Maia, obra turística emblemática do presidente Andrés Manuel López Obrador, foi inaugurado nesta sexta-feira (15) com a promessa de levar prosperidade a uma das regiões mais pobres do México, e em meio a acusações de ter devastado o meio ambiente.
O presidente mexicano dará início à operação entre a cidade colonial de Campeche e o balneário caribenho de Cancún (leste), principal destino turístico deste país, que entre janeiro e outubro deste ano recebeu 34 milhões de visitantes estrangeiros, segundo números oficiais.
Este é o primeiro dos sete trechos que percorrerão um total de 1.554 km ao redor da península de Yucatán, uma região rica em fauna, flora e sítios arqueológicos. Os demais entrarão em operação no primeiro trimestre de 2024.
O projeto, cuja construção teve início há cinco anos, é inaugurado a seis meses das eleições presidenciais, nas quais pesquisas indicam que a esquerda é favorita para permanecer no poder com a ex-prefeita da Cidade do México Claudia Sheinbaum, que concorrerá pelo cargo com a ex-senadora da oposição Xóchitl Gálvez.
Com o orçamento original de 150 bilhões de pesos (cerca de 8,7 bilhões de dólares ou 42,4 bilhões de reais na cotação atual), o planejamento sofreu modificações e paralisações temporárias por demandas durante sua execução. No entanto, o Instituto Mexicano de Competitividade (IMCO, na sigla em espanhol) estima que o custo se multiplicou para 30 bilhões de dólares (146,7 bilhões de reais).
O Trem Maia é um dos principais projetos de infraestrutura do governo de López Obrador, que garante que seu funcionamento levará prosperidade para a economia do sudeste do país, região historicamente atrasada em comparação ao norte industrializado, na fronteira com os Estados Unidos.
Seu percurso inclui a passagem por trechos na paradisíaca Riviera Maya, que abrange uma região florestal considerada a segunda maior reserva florestal da América Latina depois da Amazônia, além de cenotes (poços de água doce) e rios subterrâneos.
Ativistas e organizações ambientais defendem que o projeto é um risco a este ecossistema e pediram a paralisação temporária das obras sob recursos judiciais que denunciavam um "ecocídio".
O Greenpeace e outras ONGs alertaram que o trem pode contaminar cenotes e rios subterrâneos. Também sinalizam que o solo pode colapsar com o peso da estrutura, além de atingir a fauna e a flora locais.
López Obrador chamou os manifestantes de "pseudoambientalistas" e defendeu a obra em diversas ocasiões, prometendo plantar milhões de árvores na área em questão. Porém, números oficiais divulgados pelo portal Animal Político em fevereiro deste ano indicavam que 3,4 milhões de árvores já haviam sido derrubadas ou removidas.
P.Cavaco--PC