Portugal Colonial - UE decide iniciar diálogo de adesão com Ucrânia, que comemora 'vitória'

UE decide iniciar diálogo de adesão com Ucrânia, que comemora 'vitória'
UE decide iniciar diálogo de adesão com Ucrânia, que comemora 'vitória' / foto: Miguel Medina - AFP

UE decide iniciar diálogo de adesão com Ucrânia, que comemora 'vitória'

A União Europeia (UE) chegou a um acordo, nesta quinta-feira (14), para iniciar com a Ucrânia negociações formais para sua adesão ao bloco, uma decisão que envia uma mensagem sobre a unidade europeia e que o governo da Ucrânia comemorou como uma "vitória".

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O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, anunciou na rede X que os países do bloco "decidiram abrir negociações de adesão com Ucrânia e Moldávia".

Ademais, a UE concordou em conceder à Geórgia a condição de país aspirante à adesão.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, reagiu na rede X ao assinalar que a decisão é "uma vitória para a Ucrânia. Uma vitória para toda a Europa". Segundo o líder ucraniano, trata-se de um triunfo "que motiva, inspira e fortalece".

Esta era a decisão mais sensível que os dirigentes da UE tinham em mãos na cúpula que começou nesta quinta, já que a oposição da Hungria para abrir essas negociações parecia inflexível.

Ao chegar à sede da reunião, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, afirmou que "não há razões para discutir nada, porque as condições [impostas à Ucrânia] não foram cumpridas [...] Não estamos em posição de começar a negociar".

- Orban se ausenta da sala -

Uma fonte diplomática europeia garantiu à AFP que Orban aceitou se ausentar temporariamente da sala de reuniões no momento em que os 26 países restantes do bloco aprovaram a moção.

Outra fonte, um funcionário europeu, indicou que essa decisão "não encontrou oposição".

Um pouco mais tarde, Orban publicou no Facebook um vídeo afirmando que seu país se absteve na decisão, e acrescentou que a Hungria "não deseja compartilhar responsabilidade" por essa determinação.

Zelensky conversou com seus colegas europeus por videoconferência e, em seu pronunciamento, os advertiu que rejeitar o diálogo representaria um fracasso para a Ucrânia que a Rússia utilizaria em seu favor.

"Não deem a ele [o presidente russo, Vladimir Putin] sua primeira - e única - vitória deste ano", suplicou.

Por sua vez, a presidente da Moldávia, Maia Sandu, afirmou na rede X que seu país "virou hoje uma página com o sinal verde da UE para as conversas de adesão".

Esta decisão acontece no momento em que se acumulavam as dúvidas sobre a continuidade do apoio dos países ocidentais à Ucrânia em sua guerra contra a invasão russa, que começou em fevereiro de 2022.

O chefe de governo alemão, Olaf Scholz, se manifestou pelas redes sociais indicando que a decisão constitui "um forte sinal de apoio" à Ucrânia.

"É claro que esse país faz parte da família europeia", comentou o dirigente alemão.

Por sua vez, o primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, assinalou que é "uma poderosa mensagem geoestratégica também para o resto do mundo, não somente para a Rússia".

Durante a reunião, segundo Varadkar, Orban "apresentou seus argumentos e de maneira muito enfática. Ele está em desacordo com esta decisão [...] mas essencialmente decidiu não utilizar seu poder de veto".

Se Orban tivesse vetado a decisão, "teria deixado todos nós em uma posição muito difícil como União Europeia". "Devo dizer que respeito que ele não tenha feito isso", acrescentou.

Ao chegar à reunião em Bruxelas, o alto representante de política externa da UE, Josep Borrell, disse que o apoio do bloco à Ucrânia era uma "questão existencial".

"Penso que a Ucrânia fez um trabalho incrível para cumprir as condições que foram apresentadas", opinou.

- Unidade europeia em jogo -

O bloqueio da Hungria à abertura de negociações com a Ucrânia fez com que pairasse uma densa nuvem de incerteza sobre a cúpula, além de uma forte pressão sobre os líderes.

Em uma carta a Charles Michel, Orban tinha inclusive pedido formalmente que a questão da Ucrânia fosse retirada da agenda da reunião, para evitar que a falta de consenso provocasse o fracasso do encontro.

No entanto, na tarde de quarta-feira, véspera da cúpula, a UE anunciou o desbloqueio de pagamentos a Hungria de até 10,2 bilhões de euros (54 bilhões de reais) que haviam sido congelados por dúvidas sobre o funcionamento do Estado de Direito no país.

A sensibilidade da discussão sobre a ampliação do bloco e a adesão da Ucrânia é tão espinhosa que fontes diplomáticas não descartavam que a cúpula pudesse se estender inclusive até sábado.

Mesmo com esta decisão, o processo de adesão à UE normalmente leva muitos anos nos quais aumentam as conversas e há a implementação de reformas. Em alguns casos, podem durar mais de uma década.

N.Esteves--PC