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UE decide iniciar diálogo de adesão com Ucrânia, que comemora 'vitória'
A União Europeia (UE) chegou a um acordo, nesta quinta-feira (14), para iniciar com a Ucrânia negociações formais para sua adesão ao bloco, uma decisão que envia uma mensagem sobre a unidade europeia e que o governo da Ucrânia comemorou como uma "vitória".
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, anunciou na rede X que os países do bloco "decidiram abrir negociações de adesão com Ucrânia e Moldávia".
Ademais, a UE concordou em conceder à Geórgia a condição de país aspirante à adesão.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, reagiu na rede X ao assinalar que a decisão é "uma vitória para a Ucrânia. Uma vitória para toda a Europa". Segundo o líder ucraniano, trata-se de um triunfo "que motiva, inspira e fortalece".
Esta era a decisão mais sensível que os dirigentes da UE tinham em mãos na cúpula que começou nesta quinta, já que a oposição da Hungria para abrir essas negociações parecia inflexível.
Ao chegar à sede da reunião, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, afirmou que "não há razões para discutir nada, porque as condições [impostas à Ucrânia] não foram cumpridas [...] Não estamos em posição de começar a negociar".
- Orban se ausenta da sala -
Uma fonte diplomática europeia garantiu à AFP que Orban aceitou se ausentar temporariamente da sala de reuniões no momento em que os 26 países restantes do bloco aprovaram a moção.
Outra fonte, um funcionário europeu, indicou que essa decisão "não encontrou oposição".
Um pouco mais tarde, Orban publicou no Facebook um vídeo afirmando que seu país se absteve na decisão, e acrescentou que a Hungria "não deseja compartilhar responsabilidade" por essa determinação.
Zelensky conversou com seus colegas europeus por videoconferência e, em seu pronunciamento, os advertiu que rejeitar o diálogo representaria um fracasso para a Ucrânia que a Rússia utilizaria em seu favor.
"Não deem a ele [o presidente russo, Vladimir Putin] sua primeira - e única - vitória deste ano", suplicou.
Por sua vez, a presidente da Moldávia, Maia Sandu, afirmou na rede X que seu país "virou hoje uma página com o sinal verde da UE para as conversas de adesão".
Esta decisão acontece no momento em que se acumulavam as dúvidas sobre a continuidade do apoio dos países ocidentais à Ucrânia em sua guerra contra a invasão russa, que começou em fevereiro de 2022.
O chefe de governo alemão, Olaf Scholz, se manifestou pelas redes sociais indicando que a decisão constitui "um forte sinal de apoio" à Ucrânia.
"É claro que esse país faz parte da família europeia", comentou o dirigente alemão.
Por sua vez, o primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, assinalou que é "uma poderosa mensagem geoestratégica também para o resto do mundo, não somente para a Rússia".
Durante a reunião, segundo Varadkar, Orban "apresentou seus argumentos e de maneira muito enfática. Ele está em desacordo com esta decisão [...] mas essencialmente decidiu não utilizar seu poder de veto".
Se Orban tivesse vetado a decisão, "teria deixado todos nós em uma posição muito difícil como União Europeia". "Devo dizer que respeito que ele não tenha feito isso", acrescentou.
Ao chegar à reunião em Bruxelas, o alto representante de política externa da UE, Josep Borrell, disse que o apoio do bloco à Ucrânia era uma "questão existencial".
"Penso que a Ucrânia fez um trabalho incrível para cumprir as condições que foram apresentadas", opinou.
- Unidade europeia em jogo -
O bloqueio da Hungria à abertura de negociações com a Ucrânia fez com que pairasse uma densa nuvem de incerteza sobre a cúpula, além de uma forte pressão sobre os líderes.
Em uma carta a Charles Michel, Orban tinha inclusive pedido formalmente que a questão da Ucrânia fosse retirada da agenda da reunião, para evitar que a falta de consenso provocasse o fracasso do encontro.
No entanto, na tarde de quarta-feira, véspera da cúpula, a UE anunciou o desbloqueio de pagamentos a Hungria de até 10,2 bilhões de euros (54 bilhões de reais) que haviam sido congelados por dúvidas sobre o funcionamento do Estado de Direito no país.
A sensibilidade da discussão sobre a ampliação do bloco e a adesão da Ucrânia é tão espinhosa que fontes diplomáticas não descartavam que a cúpula pudesse se estender inclusive até sábado.
Mesmo com esta decisão, o processo de adesão à UE normalmente leva muitos anos nos quais aumentam as conversas e há a implementação de reformas. Em alguns casos, podem durar mais de uma década.
N.Esteves--PC