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Zelensky comparece a um Congresso americano dividido sobre ajuda à Ucrânia
Volodymyr Zelensky viajou a Washington em busca do apoio dos Estados Unidos a um novo pacote de ajuda ao seu país, mas deparou-se, nesta terça-feira (12), com a divisão no Congresso americano.
O presidente ucraniano expôs seus argumentos no Senado, controlado pelo Partido Democrata, do presidente Joe Biden, que simpatiza com sua causa. Depois, fez o mesmo na Câmara dos Representantes, controlada pelos republicanos, mais reticentes a conceder uma nova ajuda à Ucrânia, em guerra com a Rússia.
O republicano Mike Johnson, líder da Câmara, indicou que a presença de Zelensky não dissipou as dúvidas entre os conservadores. “O que o governo Biden parece querer são bilhões de dólares a mais sem uma supervisão adequada, sem uma estratégia real para a vitória”, comentou, após se reunir com o chefe de Estado ucraniano.
O líder da maioria democrata no Senado, no entanto, insistiu na importância da ajuda à Ucrânia. “Se perdermos, Putin vencerá, o que será muito perigoso para os Estados Unidos”, declarou Chuck Schumer após se reunir com Zelensky, no momento em a Rússia reivindica avanços militares no sul ucraniano.
O presidente da Ucrânia publicou na rede social X (antigo Twiiter) que a conversa com os senadores foi "franca e amigável". À tarde, ele foi à Casa Branca para se reunir com o colega Joe Biden antes de uma entrevista coletiva.
Moscou aposta em que "um impasse militar durante o inverno minará o apoio ocidental à Ucrânia", por isso, está "determinada a pressionar" em todas as frentes, advertiu a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Adrienne Watson.
Esta é a terceira vez em um ano que Zelensky vai ao Capitólio, sua visita mais importante, segundo o líder democrata no Senado, Chuck Schumer.
O Congresso americano se comprometeu a desembolsar mais de US$ 110 bilhões (R$ 544,5 bilhões) desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022, mas não consegue chegar a acordo sobre o novo pacote solicitado por Biden de cerca de US$ 61 bilhões (R$ 301,9 bilhões), suficientes para resistir pelo menos até a eleição presidencial americana de 2024.
- Política migratória -
Os democratas são a favor desse novo pacote. Os republicanos não se opõem completamente, mas exigem, em troca, mudanças importantes na política migratória americana.
O Kremlin afirmou hoje que qualquer nova ajuda americana será "um fiasco". A Rússia pressiona cada vez mais no leste e sul da Ucrânia. Segundo os serviços de Inteligência americanos, isso se dá à custa de muitas baixas.
Uma estimativa enviada por essas fontes à AFP fala em 13 mil soldados russos mortos, ou feridos, desde outubro e mais de 220 veículos perdidos na linha da frente de batalha entre Avdivka e Novopavlivka desde que a Rússia retomou seu ataque em outubro.
O Exército russo fez avanços "significativos" na região ucraniana de Zaporizhzhia, parcialmente ocupada, declarou o governador empossado por Moscou, Evgeny Balitsky, nesta terça-feira.
Há dois dias, os russos também lançaram uma "ofensiva maciça" em torno de Avdivka e Mariinka, na frente leste, afirmou Oleksandre Tarnavski, comandante ucraniano na zona, que garante que suas tropas mantêm suas posições. A AFP não conseguiu verificar essas afirmações.
Em tese, o Congresso tem até sexta-feira, quando começa o recesso parlamentar, para chegar a um acordo. A Casa Branca alertou que "ficará sem dinheiro" até o fim do ano se nada for feito.
A Ucrânia teme que um impasse duradouro nos Estados Unidos também afete a ajuda militar europeia, apesar da chegada ao poder na Polônia de um novo governo, mais favorável a apoiar Kiev.
L.Torres--PC