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Bombardeios israelenses e combates em Gaza, onde falta 'de tudo'
Combatentes do Hamas e soldados israelenses protagonizaram, nesta segunda-feira (11), combates intensos na Faixa de Gaza, onde, segundo a ONU, a população "carece de tudo" e busca desesperadamente se refugiar dos bombardeios lançados por Israel em resposta ao ataque do grupo islamista em 7 de outubro.
Ataques aéreos potentes atingiram as cidades de Khan Yunis e Rafah, no extremo sul do pequeno território palestino, onde milhares de civis se refugiaram depois que fugiram dos combates que assolavam o norte.
O Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas desde 2007, indicou que foram registradas "dezenas" de mortes em todo o território, incluindo na cidade de Gaza e no campo de refugiados de Jabaliyia, no norte, assim como nos campos de Nuseirat e Maghazi, no centro.
O Exército israelense relatou disparos de foguetes de Gaza em direção a Israel e a polícia indicou que uma pessoa ficou ferida em Holon, no subúrbio de Tel Aviv.
Israel bombardeia o pequeno território desde 7 de outubro, em resposta ao ataque promovido pelo Hamas contra o seu território, no qual milicianos islamistas mataram 1.200 pessoas, a maioria civis, e raptaram cerca de 240 pessoas, segundo as autoridades israelenses.
Paralelamente aos bombardeios, Israel, que prometeu "aniquilar" o Hamas, realiza operações terrestres no enclave desde 27 de outubro.
Segundo o Hamas, classificado como grupo terrorista pela União Europeia, Israel e Estados Unidos, quase 18 mil pessoas morreram em Gaza desde o início da guerra, a maioria civis.
- "As pessoas carecem de tudo" -
"Não há lugar verdadeiramente seguro na Faixa de Gaza, até os escritórios da ONU [...] foram atingidos", declarou nesta segunda-feira Philippe Lazzarini, diretor da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (Unrwa).
"Há cada vez mais pessoas sem comer há um dia, dois dias, três dias [...] As pessoas carecem de tudo", acrescentou, antes de uma visita ao pequeno território palestino onde, segundo ele, a situação dos civis é desesperadora.
A situação em Gaza é "apocalíptica", admitiu nesta segunda-feira Josep Borrell, chefe da diplomacia europeia, lamentando que o nível de destruição no território palestino é "equivalente, ou até superior" ao da Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.
Israel impõe um "cerco total" a Gaza desde 9 de outubro, impedindo a entrada de água, alimento, medicamento e combustível.
O Exército israelense indicou nesta segunda-feira à noite que não prevê abrir novos postos fronteiriços, mas que usará os de Nitzana e Kerem Shalom para supervisionar os caminhões de ajuda humanitária, o que permitirá aumentar a quantidade de suprimentos que chegam diariamente à Faixa de Gaza.
Quase 1,9 milhão dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza foram deslocados, incluindo quase um milhão deles crianças, segundo a agência da ONU para a infância.
Israel ordenou que os civis se refugiassem no sul do território, mas o Exército ataca alvos em toda a Faixa.
Os bombardeios deixaram campos em ruínas e danificaram a infraestrutura de saúde na Faixa. De acordo com o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA), 14 dos 36 hospitais de Gaza funcionam normalmente.
- Assembleia Geral da ONU se reúne na terça -
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu no domingo aos combatentes do Hamas que deponham as armas, e afirmou que houve muitas rendições nos últimos dias.
Seu conselheiro de Segurança Nacional afirmou que o Exército matou cerca de 7.000 milicianos durante os combates.
O Exército anunciou nesta segunda-feira que 104 soldados israelenses foram mortos e que 582 ficaram feridos desde o início da ofensiva terrestre.
Os bombardeios foram interrompidos durante uma semana, depois que um cessar-fogo de sete dias entrou em vigor em 24 de novembro. A trégua permitiu trocar dezenas de reféns por centenas de prisioneiros palestinos.
Israel afirma que 137 reféns ainda estão detidos em Gaza, enquanto o Hamas declarou no domingo que nenhum deles sairá de Gaza "vivo" de Gaza "sem uma troca e negociação, e sem cumprir as exigências" do movimento islamista.
O Catar, principal mediador entre os dois lados, garantiu que os esforços para uma nova trégua e mais libertações de reféns continuaram, mas que os bombardeios israelenses estavam "reduzindo" as possibilidades.
A Assembleia Geral da ONU se reunirá na terça-feira para discutir a situação em Gaza. A reunião poderia ser concluída com uma declaração escrita, indicaram fontes diplomáticas.
O projeto de texto, ao qual a AFP teve acesso no domingo, retoma em grande parte a resolução que pede uma nova trégua, vetada na sexta-feira no Conselho de Segurança pelos Estados Unidos.
A guerra aumentou o receio de que o conflito se alastre a outros países da região.
Grupos de combatentes pró-Irã atacaram nesta segunda-feira na Síria e no Iraque duas bases da coalizão internacional de combate ao Estado Islâmico, indicou um responsável militar americano.
Na Síria, ao menos quatro pessoas, incluindo dois combatentes do Hezbollah, morreram no domingo à noite em bombardeios israelenses nos subúrbios de Damasco, segundo o Observatório Síria de Direitos Humanos.
P.Serra--PC