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Ucrânia alerta para 'consequências devastadoras' em caso de desacordo sobre adesão à UE
A Ucrânia acionou o alarme nesta segunda-feira (11) sobre as consequências de um eventual fracasso de suas aspirações de adesão à União Europeia (UE), três dias antes de uma reunião de cúpula que deve apresentar uma resposta a seu pedido.
Os líderes da UE se reunirão na quinta e sexta-feira em Bruxelas para discutir a abertura formal de negociações de adesão da Ucrânia, mas a Hungria já antecipou que pode bloquear o consenso.
Ao chegar nesta segunda-feira a Bruxelas para uma reunião de ministros europeus das Relações Exteriores, o chefe da diplomacia da Ucrânia, Dmitro Kuleba, advertiu para as "consequências devastadoras", caso a UE não alcance um consenso sobre a abertura de negociações para a adesão do país ao bloco.
"Não quero nem falar sobre as consequências devastadoras que ocorrerão, se o Conselho Europeu (a reunião de cúpula prevista para esta semana) não tomar uma decisão, não apenas para a Ucrânia, mas também para a ampliação", afirmou Kuleba.
Em junho de 2022, a UE concedeu à Ucrânia o "status" formal de país aspirante à adesão e apresentou um plano inicial de reformas para permitir o avanço das negociações. Kiev afirma que cumpriu a maioria das demandas.
"Como já afirmamos, fizemos nossa parte no trabalho. Esperamos que a UE faça sua parte", disse Kuleba, ao comentar as divisões entre os 27 países-membros do bloco.
Na capital da Bélgica, os líderes europeus também devem discutir um pacote de ajuda financeira de quase 50 bilhões de euros, assim como a continuidade do apoio em armas e equipamentos bélicos.
- Apoio -
A continuidade do apoio bilionário do Ocidente à Ucrânia é incerta, devido à ameaça do Partido Republicano de bloquear novos pacotes de ajuda no Congresso dos Estados Unidos.
Na UE, o primeiro-ministro de Hungria, Viktor Orban, ameaça bloquear a discussão por considerar que a UE precisa, antes, iniciar um "debate estratégico" sobre as relações com a Ucrânia e somente depois tomar uma decisão sobre uma eventual adesão.
Em uma carta aberta, Orban destacou que os líderes da UE não estarão em condições de tomar decisões fundamentais, "a menos que um consenso seja alcançado sobre nossa estratégia para a Ucrânia".
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, fez um apelo urgente a favor da manutenção do bloco.
"Espero que a unidade da União Europeia não seja quebrada, porque não é o momento de enfraquecer nosso apoio à Ucrânia", disse.
- Posição "muito deplorável" -
A ministra das Relações Exteriores da Finlândia, Elina Valtonen, afirmou que a postura da Hungria é "muito, muito deplorável (...) É crucial que mantenhamos a ajuda à Ucrânia pelo tempo que for necessário".
A diplomata reagiu desta maneira aos boatos de que a posição da Hungria era uma tentativa de forçar a UE a liberar recursos para o governo húngaro que foram congelados, devido a uma disputa pela situação do Estado de Direito no país.
O chefe da diplomacia da Letônia, Kristjanis Karins, afirmou que, "na Europa, enfrentamos muitas vezes desafios internos e sempre os superamos".
Para o ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, os países da UE devem se comprometer com "uma vitória da Ucrânia. Se não fizermos isso, o preço será incrivelmente alto".
Em Berlim, o chefe do governo alemão, Olaf Scholz, manifestou-se a favor do envio de uma "mensagem" ao governo russo e a seu presidente, Vladimir Putin, renovando o apoio à Ucrânia.
Putin - disse Scholz em entrevista coletiva - espera que a disponibilidade dos países da UE em apoiar a Ucrânia "diminua, mas seria uma excelente mensagem se pudéssemos dizer a ele: 'Não conte com isso'".
E.Raimundo--PC