Portugal Colonial - Maduro diz que concederá licenças em área disputada com Guiana, que cita 'ameaça direta'

Maduro diz que concederá licenças em área disputada com Guiana, que cita 'ameaça direta'

Maduro diz que concederá licenças em área disputada com Guiana, que cita 'ameaça direta'

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou, na terça-feira (5), à estatal petrolífera PDVSA a concessão de licenças para a exploração de recursos na região do Essequibo, a área disputada com a Guiana, onde Georgetown autorizou a operação de empresas petrolíferas estrangeiras e locais.

Tamanho do texto:

O presidente da Guiana, Irfaan Alí, reagiu e afirmou que as declarações de Maduro são uma "ameaça direta" contra seu país. Ele rejeitou as medidas anunciadas pelo chefe de Estado venezuelano sobre o território de Essequibo.

"Esta é uma ameaça direta à integridade territorial, à soberania e à independência política da Guiana", disse Ali pouco depois do discurso de Maduro sobre licenças de exploração na região de Essequibo.

Durante uma reunião com o alto escalão de seu governo, Maduro instruiu a criação da "divisão PDVSA-Essequibo" e a concessão "de imediato de licenças operacionais para a exploração de petróleo, gás e minerais em toda a área".

Ali anunciou que levará "o assunto ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para que o organismo adote as medidas apropriadas". Também disse que entrou em contato com secretário-geral da ONU, António Guterres, e o Comando Sul dos Estados Unidos para informá-los sobro o ocorrido.

"Não permitiremos a violação do nosso território, nem que o desenvolvimento do nosso país seja prejudicado por esta ameaça desesperada", disse Ali.

A estatal do petróleo venezuelana PDVSA prometeu seguir a tarefa ordenada por Maduro. A medida faz parte de um conjunto de anúncios feitos pelo presidente nesta terça-feira, após o referendo consultivo do último domingo, no qual perguntou-se à população se Caracas devia seguir adiante com sua reivindicação sobre a região disputada.

Participaram do referendo mais de 10,4 milhões de votantes, metade do eleitorado da Venezuela, e mais de 95% concordaram que o Essequibo se torne uma província do país. O resultado não muda em nada o litígio que os dois países mantêm sobre a região na Corte Internacional de Justiça (CIJ), mais alta instância judicial das Nações Unidas, cuja jurisdição Caracas não reconhece.

A manobra do governo chavista segue-se à concessão pela Guiana, em outubro passado, para seis empresas petrolíferas, incluindo a americana Exxon e a francesa TotalEnergy, explorarem suas costas, o que gerou protesto da Venezuela por serem "águas pendentes por delimitar", e, em resposta, convocou o referendo.

Venezuela e Guiana disputam há mais de um século o território do Essequibo, uma região de 160.000 km², rica em petróleo e minerais, que atualmente é administrada pela Guiana.

A disputa reacendeu depois que a companhia ExxoMobil descobriu grandes reservas de petróleo na região. As tensões, no entanto, aumentaram depois que a Guiana concedeu as licitações a empresas estrangeiras e locais para explorar estas jazidas.

- Nova província -

Além das licenças, Maduro propôs, também nesta terça, a elaboração de uma lei especial para "proibir" a contratação destas empresas que operam na área sob concessões concedidas pela Guiana.

"Proponho [dar] três meses a todas essas empresas para se retirarem dessas operações no mar a delimitar, três meses", disse. No entanto, afirmou, "estamos abertos a conversar".

Com base no resultado da consulta de domingo, Maduro disse que vai exercer o "poder" outorgado pelo povo e avançou na promulgação de uma lei para a "criação da Guiana Essequiba", uma província da região disputada sob administração de Caracas.

Além disso, ordenou a criação de uma "zona de defesa integral da Guiana Essequiba", sem dar maiores detalhes, mas que ficará situada na localidade de Tumeremo, estado de Bolívar (sul), fronteiriço com a região em disputa.

Maduro também pediu a implantação de um plano de "atenção social" para a população da região disputada, "assim como a realização de um censo e a entrega de cédulas de identidade a seus habitantes".

A Guiana defende esse laudo e pede que seja ratificado pela CIJ.

Ferreira--PC