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Forças israelenses lutam contra o Hamas no sul da Faixa de Gaza
Forças israelenses enfrentavam nesta terça-feira (5) combatentes do Hamas no sul da Faixa de Gaza após a expansão da ofensiva no território palestino, onde a ONU fez um alerta a respeito de um "cenário ainda mais infernal" para os civis bloqueados.
Israel inicialmente concentrou sua ofensiva no norte de Gaza, mas o Exército a lançar panfletos no sul do território para avisar os civis palestinos que devem fugir para outras áreas.
Tanques israelenses, veículos armados e escavadeiras foram observados na segunda-feira perto da cidade Khan Yunes, no sul de Gaza, lotada de civis que fugiram de suas casas mais ao norte no início da guerra.
O Exército afirmou na segunda-feira que adotou ações "agressivas" contra o "Hamas e outras organizações terroristas" em Khan Yunes. Também alertou que a principal rodovia no norte e leste da cidade "constitui um campo de batalha".
Durante a noite, testemunhas relataram à AFP violentos combates nas proximidades de Khan Yunes e bombardeios aéreos em Rafah, no extremo sul do território. A agência palestina Wafa informou "várias mortes" em um ataque na cidade de Gaza.
O Hamas anunciou no Telegram que seus combatentes atingiram dois veículos militares e um tanque perto de Khan Yunes. Foguetes também foram lançados a partir de Gaza contra o território israelense.
O Exército israelense notificou as mortes de três soldados em Gaza, o que eleva a 78 as baixas das Forças Armadas no território.
Organizações internacionais de ajuda alertaram que os civis no território densamente povoado estão ficando sem locais de refúgio.
"Nenhum lugar é seguro em Gaza e não há para onde ir", disse Lynn Hastings, coordenadora humanitária da ONU para os territórios palestinos.
"Um cenário ainda mais infernal, à qual as operações humanitárias não vão poder responder, está prestes a se desencadear", acrescentou Hastings em um comunicado.
Israel declarou guerra ao Hamas depois do ataque de 7 de outubro do grupo islamista, que terminou com 1.200 mortos, a maioria civis, e 240 sequestrados, segundo as autoridades israelense.
Em resposta, o governo israelense prometeu aniquilar o Hamas e libertar todos os reféns em Gaza.
O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, afirma que a guerra matou quase 15.900 pessoas no território, 70% delas mulheres e menores de idade.
- "Como um terremoto" -
Na cidade de Rafah, perto da fronteira com o Egito, Abu Jahar al-Hajj afirmou que um bombardeio aéreo perto de sua casa foi "como um terremoto".
"Pedaços de concreto começaram a cair sobre nós", disse.
Em Deir al-Balah, mais ao norte, Walaa Abu Libda buscou refúgio em um hospital, mas disse que a sua filha de quatro anos permanece presa nos escombros.
"Não sei se está viva ou morta", declarou Libda, uma das 1,8 milhão de pessoas deslocadas em Gaza, o que equivale a quase 75% da população do território, segundo a ONU.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, publicou na rede social X que Israel ordenou que a entidade esvazie, no prazo de 24 horas, um armazém de material médico no sul da Faixa de Gaza. O governo israelense negou nesta terça-feira.
O governo dos Estados Unidos, aliado crucial de Israel, afirmou que é necessário fazer mais para evitar as mortes de civis com as operações ampliadas para o sul.
Israel afirmou na segunda-feira que não pretende obrigar os palestinos a deixar suas casas de maneira permanente. Também anunciou que busca o apoio de grupos de ajuda para melhorar a infraestrutura na região costeira de Al Mawasi, em Gaza.
Militares israelenses de alto escalão admitiram, sob anonimato, que cerca de dois civis morreram para cada combatente do Hamas na Faixa de Gaza.
“Esperamos que [a proporção] seja muito menor” na próxima fase da guerra, acrescentou uma fonte militar.
O Exército utiliza, segundo as autoridades, um software de mapeamento complexo para rastrear os movimentos dos moradores dentro de Gaza e emitir ordens de evacuação baseadas em sinais de telefones celulares, vigilância aérea e fontes locais, além de inteligência artificial.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) questionou, porém, a utilidade da ferramenta em uma área onde o acesso às telecomunicações e à eletricidade é esporádico.
P.Serra--PC