Portugal Colonial - Último dia de trégua em Gaza com vários pedidos de extensão do acordo

Último dia de trégua em Gaza com vários pedidos de extensão do acordo
Último dia de trégua em Gaza com vários pedidos de extensão do acordo / foto: Hazem Bader - AFP

Último dia de trégua em Gaza com vários pedidos de extensão do acordo

A trégua entre Israel e Hamas entra no último dia nesta segunda-feira (27), com negociações em curso para tentar prolongar o acordo que permitiu a libertação de reféns e prisioneiros, assim como entrada de ajuda humanitária de emergência na Faixa de Gaza.

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Depois que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu a continuidade da pausa, o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, defendeu a extensão da trégua, "para torná-la sustentável e duradoura enquanto se trabalha por uma solução política".

O fim da trégua está previsto para terça-feira às 7H00 (2H00 de Brasília).

"Peço uma extensão da pausa que permitiria o alívio tão necessário ao povo de Gaza e a libertação de mais reféns", disse Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan.

Na madrugada de segunda-feira, o movimento islamista Hamas afirmou em um comunicado que busca "prolongar a trégua além dos quatro dias", com o objetivo de "aumentar o número de prisioneiros liberados".

Uma fonte próxima ao Hamas declarou à AFP que o grupo informou aos mediadores que é partidário de uma extensão de "dois a quatro dias".

O acordo, negociado pelo Catar com o apoio dos Estados Unidos e do Egito e que entrou em vigor na sexta-feira (24), prevê quatro dias de trégua, a entrada de ajuda humanitária em Gaza, a libertação de 50 reféns dos mais de 200 mantidos em Gaza e a saída de 150 detentos palestinos das prisões israelenses.

Uma cláusula do acordo permite a ampliação do mesmo para a libertação diária de 10 reféns do Hamas em troca de 30 presos palestinos em Israel.

- "Mais reféns liberados" -

"Os dispositivos preveem a libertação de mais 10 reféns a cada dia e é uma bênção. Mas também disse ao presidente que depois do acordo voltaremos ao nosso objetivo: eliminar o Hamas", declarou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, após uma conversa com Biden no domingo.

"Meu objetivo e o nosso é garantir que esta pausa continue além de amanhã (segunda-feira) para que possamos ver mais reféns liberados e mais ajuda humanitária", declarou o presidente dos Estados Unidos.

O Irã, que apoia o Hamas, também pediu que a trégua "entre em um processo duradouro" e que "os crimes do regime sionista terminem por completo", afirmou Nasser Kanani, porta-voz da diplomacia de Teerã.

O gabinete de Netanyahu afirmou que as "discussões prosseguem" em Israel sobre a lista de reféns que serão liberados durante o dia.

Uma fonte que acompanha as negociações no Catar afirmou que havia "um pequeno problema" com a lista. "Os cataris trabalham com as duas partes para resolver o problema e evitar atrasos".

Desde sexta-feira, 39 reféns e 117 presos palestinos foram libertados devido ao acordo. Outros 19 reféns, a maioria tailandeses que trabalhavam em Israel, foram liberados à margem do acordo.

Entre os reféns liberados no domingo está uma menina de quatro anos de nacionalidade americana, Abigail. Uma fonte do governo dos Estados Unidos afirmou que a mãe morreu diante da criança e o pai foi assassinado quando tentava proteger a menina durante o ataque dos combatentes do Hamas contra Israel em 7 de outubro.

- "Até a vitória" -

Netanyahu, que solicitará nesta segunda-feira um "orçamento de guerra" de 30 bilhões de shekels (quase 8 bilhões de dólares, 39 bilhões de reais), afirmou no domingo em Gaza que a ofensiva continuará "até a vitória".

Israel iniciou a ofensiva contra o território após o ataque do Hamas em 7 de outubro, quando 1.200 pessoas foram assassinadas por combatentes islamistas e outras 240 foram sequestradas e levadas para a Faixa de Gaza, segundo as autoridades do país.

Entre os mortos estão mais de 300 militares ou integrantes das forças de segurança israelenses.

No território palestino, alvo de bombardeios incessantes e de uma ofensiva terrestre desde 27 de outubro, a ofensiva israelense deixou 14.854 mortos, incluindo 6.150 menores de idade, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas.

A comissão de prisioneiros da Autoridade Palestina acusa o Exército israelense de ter detido mais de 100 moradores de Gaza durante a ofensiva.

"Tememos que tenham sido assassinados após a detenção e interrogatórios", afirmou Qaddura Fares, diretor do órgão governamental. Ele disse que Israel apresentou em uma ocasião o "número de 105 detenções, mas sem revelar nenhum detalhe sobre o destino destas pessoas".

- "Sem água potável e comida" -

A trégua ofereceu um alívio aos moradores de Gaza, mas a situação humanitária continua "perigosa" e as necessidades "sem precedentes", afirmou a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA).

Desde sexta-feira, centenas de caminhões com ajuda entraram na Faixa de Gaza, onde Israel aplica desde 9 de outubro um "cerco total", que impede o abastecimento de água, comida, energia elétrica e remédios.

"Deveríamos enviar 200 caminhões por dia durante pelo menos dois meses para responder às necessidades", declarou à AFP Adnan Abu Hasna, porta-voz da UNRWA, antes de informar que em algumas áreas não há "água potável, nem comida".

O Exército israelense, que considera o terço norte da Faixa uma zona de guerra, ordenou à população que abandonasse a área e proibiu o retorno de civis durante a trégua, mas milhares de moradores de Gaza tentaram retornar para suas casas.

Mais da metade das residências do território foram danificadas ou destruídas pela guerra, que provocou o deslocamento de 1,7 milhão dos 2,4 milhões de habitantes, segundo a ONU.

M.Gameiro--PC