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Forte mobilização policial impede novos distúrbios sociais em Dublin
A polícia irlandesa mobilizou-se em peso, nesta sexta-feira (24) à noite em Dublin, para evitar uma repetição dos distúrbios atribuídos a agitadores de extrema direita que eclodiram na véspera após um esfaqueamento múltiplo em uma escola.
Os agentes fizeram algumas detenções ao cair da noite, quando grupos de jovens se reuniam na popular rua O'Connell, palco na quinta-feira de violência, saques e incêndios de veículos.
No entanto, a situação nesta sexta-feira foi estável: "O centro de Dublin está aberto para a atividade normal", disse a polícia, conhecida como Garda Siochana, nas redes sociais.
"Temos um plano policial reforçado implantado esta noite", acrescentou a polícia, que estava equipada com canhões de água vindos da Irlanda do Norte em caso de uma deterioração da situação.
A tranquilidade contrastava com a situação 24 horas antes, quando ocorreram cenas de violência não vistas em décadas no país, o que "envergonhou a Irlanda", segundo o primeiro-ministro Leo Varadkar.
Os incidentes começaram depois que um homem armado com uma faca atacou várias pessoas no início da tarde, ferindo cinco, incluindo uma professora e três crianças pequenas.
Uma menina de cinco anos está hospitalizada em estado crítico. Os outros dois menores e a professora, assim como o agressor, também foram hospitalizados com ferimentos menos graves.
- "Uma vergonha para a Irlanda" -
A polícia atribuiu os incidentes a uma "facção de ultras loucos movidos por uma ideologia de extrema direita" que teriam seguido rumores de que o agressor era imigrante.
Centenas de vândalos incendiaram ônibus, bondes e veículos policiais e saquearam lojas em um bairro de grande composição migrante da cidade. A polícia fez dezenas de prisões.
Rumores nas redes sociais sobre a nacionalidade do agressor, descrito pela polícia como um homem de 50 anos, alimentaram o mal-estar social.
Segundo o jornal Irish Times, o agressor seria um homem que mora no país há vinte anos e que obteve a nacionalidade irlandesa.
"Essas pessoas [que protagonizaram os distúrbios violentos] dizem defender os irlandeses", mas "colocam em perigo os mais inocentes e vulneráveis", declarou Varadkar.
"É uma vergonha para Dublin, uma vergonha para a Irlanda, uma vergonha para suas famílias e para eles mesmos", acrescentou.
O líder irlandês comparou-os às pessoas que desarmaram o agressor, incluindo Caio Benício, um brasileiro que trabalha como entregador de comida, e um cozinheiro francês em estágio.
Varadkar garantiu que os danos causados ao patrimônio público da capital custariam dezenas de milhões de euros.
O governo se reuniu nesta sexta-feira à noite para discutir os acontecimentos. A ministra da Justiça, Helen McEntee, informou que 34 pessoas foram presas.
"A polícia está analisando 6.000 horas de imagens das câmeras de vigilância e estão garantidas mais prisões", disse o gabinete do primeiro-ministro, acrescentando que a Irlanda também "modernizará" sua legislação relacionada à incitação ao ódio.
- Conor McGregor -
Nos últimos anos, tem crescido na Irlanda um discurso contra a imigração por parte de determinadas figuras de extrema direita, potenciado pela crise imobiliária no país.
Segundo dados oficiais, os pedidos de asilo se multiplicaram por mais de cinco em 2022 em comparação com 2021.
A esse movimento anti-imigração se juntou o lutador irlandês de artes marciais mistas Conor McGregor, seguido por milhões de pessoas nas redes sociais.
"Não perderemos mais mulheres e crianças por [ações de] pessoas doentes e pervertidas que, para começar, nem deveriam estar na Irlanda", disse ele nas redes sociais.
Nesta sexta-feira, declarou em outra publicação: "Não aprovo os distúrbios da noite passada (...) No entanto, entendo as frustrações".
O vice-primeiro-ministro Micheal Martin reagiu contra essas posições numa conferência de imprensa.
"Acho que algumas pessoas manipularam muito rapidamente o ataque contra as crianças para organizar o que aconteceu na noite passada", disse.
Nesse sentido, o membro do governo irlandês destacou que o homem que interveio no ataque para defender as vítimas era "um entregador brasileiro" de uma empresa britânica de pratos cozidos.
P.Mira--PC