Portugal Colonial - Um brasileiro e um jovem francês, heróis em ataque com faca em Dublin

Um brasileiro e um jovem francês, heróis em ataque com faca em Dublin
Um brasileiro e um jovem francês, heróis em ataque com faca em Dublin / foto: PAUL FAITH - AFP

Um brasileiro e um jovem francês, heróis em ataque com faca em Dublin

Um entregador brasileiro e um estudante de hotelaria francês se tornaram heróis na Irlanda, ao desempenharem um papel decisivo quando uma pessoa que atacou outras cinco com uma faca, ferindo gravemente uma menina de cinco anos, foi presa em Dublin na quinta-feira (23).

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Em uma entrevista ao jornal Irish Daily Mirror nesta sexta-feira (24), o entregador da empresa Deliveroo Caio Benício contou que deteve o agressor com um capacete.

Pai de dois filhos e natural do Rio de Janeiro, ele explicou ao jornal que estava passando pela Praça Parnell quando viu o que parecia ser uma briga.

"Eles estavam brigando por uma criança, estavam puxando uma criança", disse o ex-proprietário de um restaurante. "Simplesmente parei minha motocicleta e o vi esfaqueando-a várias vezes no peito", acrescentou, contando que tirou o capacete e começou a golpear o agressor.

"Eu bati na cabeça dele e ele caiu no chão. Depois disso, bati nele algumas vezes e então as pessoas vieram e começaram a chutá-lo", explicou.

- Criança gravemente ferida -

Caio detalhou que após deter o agressor, foi checar a criança e a encontrou muito pálida e sangrando. E embora não tenha recebido muitas notícias sobre sua condição, disse estar orando por ela.

"Quando você vê uma criança pequena, de cinco anos, com um homem armado com uma faca, simplesmente age", declarou.

A menina se encontra "em situação muito grave", enquanto uma professora tem feridas "graves", segundo a polícia.

O agressor, que também ficou ferido, foi preso no local do ataque, principalmente graças à intervenção do brasileiro, que foi o primeiro a enfrentá-lo, e de um adolescente francês, que o desarmou.

O jovem, Alan, é um estudante de hotelaria que faz estágio em um restaurante de Dublin.

O presidente francês, Emmanuel Macron, falou com ele por telefone "para parabenizá-lo e agradecê-lo pelo ato de coragem que salvou vidas e que orgulha a todos", segundo o Palácio do Eliseu.

O restaurante onde trabalha também lhe rendeu uma homenagem no Instagram. "Ele foi um dos bravos heróis que conseguiu desarmar o agressor da escola ontem em Dublin, a caminho do trabalho", escreveu ao lado da foto de Alan.

"Ele percebeu que estava acontecendo alguma coisa (...) e atacou o agressor para detê-lo e conseguir tirar-lhe a faca", detalhou o estabelecimento.

Alan sofreu feridas na mão e no rosto. "Se este ato de coragem, quem sabe o que poderia ter acontecido?", questionou o restaurante.

Após o ataque, espalharam-se rumores de que o agressor era estrangeiro e cerca de 500 pessoas participaram de violentos confrontos em Dublin na noite de quinta-feira.

Os conflitos "envergonharam a Irlanda", disse nessa sexta-feira (24) o primeiro-ministro Leo Varadkar, condenando os incidentes, atribuídos à extrema direita pelo governo.

Nos últimos anos, cresceu na Irlanda um discurso contra a imigração por parte de determinadas figuras da extrema direita, alimentado pela crise imobiliária no país.

- Elogios à Caio Benício -

O vice-primeiro-ministro, Micheal Martin, reagiu contra estas posições em coletiva de imprensa e destacou a intervenção de Caio Benício.

"Acho que é importante conhecermos todos os fatos. Em primeira instância, quem interveio foi um trabalhador brasileiro", disse. "Ataques como o de ontem não estão diretamente relacionados com a questão da imigração em si. O crime não pertence a nenhuma raça ou cor", acrescentou.

Benício, que se mudou para a Irlanda para sustentar sua família após um incêndio em seu restaurante, disse que os confrontos que ocorreram após o ataque "não têm sentido". "Estão protestando pelos imigrantes. Eu mesmo sou um imigrante", afirmou.

"Acho que foi só uma desculpa (...) era um pequeno grupo de pessoas e simplesmente conseguiram uma desculpa para fazer o que fizeram", acrescentou.

E.Borba--PC