Portugal Colonial - Trégua em Gaza e libertação de reféns não começará antes de 6ª feira

Trégua em Gaza e libertação de reféns não começará antes de 6ª feira

Trégua em Gaza e libertação de reféns não começará antes de 6ª feira

O acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, que prevê também a troca de 50 reféns capturados pelo grupo islamista por 150 prisioneiros palestinos, não entrará em vigor antes de sexta-feira, disseram autoridades israelenses nesta quarta (22).

Tamanho do texto:

Os combates continuaram nesta quarta-feira na Faixa de Gaza, mas a mídia informou que o cessar-fogo começaria na manhã desta quinta-feira, e um porta-voz do Hamas disse esperar "uma primeira troca de 10 reféns por 30 prisioneiros na quinta-feira".

Mas o chefe do Conselho de Segurança Nacional de Israel, Tzachi Hanegbi, declarou que a libertação de reféns ocorrerá "não antes de sexta-feira" e que as negociações "não param".

Também não haverá "pausa" nos combates até então, disse à AFP um funcionário israelense sob anonimato.

O governo israelense anunciou na madrugada desta quarta-feira a aprovação deste acordo que resultará na libertação de pelo menos 50 mulheres e crianças capturadas pelo Hamas e uma "pausa nos combates" de quatro dias.

O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu estava sob pressão das famílias dos cerca de 240 reféns capturados pelo Hamas durante o ataque de 7 de outubro, que deixou 1.200 mortos, na maioria civis, segundo as autoridades israelenses.

"Estamos muito felizes", disse em comunicado a principal associação israelense de famílias de sequestrados pelo Hamas, o Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas. "No momento, não sabemos exatamente quem será libertado nem quando".

"Isso me dá esperança de que minhas filhas voltem", declarou Maayan Zin, mãe de duas meninas sequestradas em Gaza.

Desde o ataque de 7 de outubro, Israel lançou uma ofensiva contra Gaza que, segundo o Hamas, deixou mais de 14.000 mortos neste território palestino, incluindo mais de 5.800 crianças.

Além disso, Israel impõe um "cerco total" a este pequeno território de 360 km² desde 9 de outubro, cortando o fornecimento de água, comida, eletricidade e combustível.

Os bombardeios devastaram o território e causaram uma grave crise humanitária, segundo a ONU, que estima que 1,7 milhão dos 2,4 milhões de residentes de Gaza foram deslocados pela guerra.

- Evitar "montanha de mortos" -

O acordo, mediado por Catar, Estados Unidos e Egito, deve proporcionar um alívio para a população e facilitar a entrada de ajuda humanitária, que tem chegado de forma limitada em caminhões vindos do Egito.

Ao detalhar os detalhes do acordo, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed al Ansari, explicou à AFP que "a cada dia, um número de reféns será liberado (...) até atingir 50 no quarto dia" do cessar-fogo. Não incluirá militares israelenses.

Israel divulgou uma lista de 300 prisioneiros palestinos que podem ser libertados: 33 mulheres, 123 adolescentes menores de idade e 144 jovens com cerca de 18 anos. Entre eles, 49 membros do Hamas.

As autoridades israelenses explicaram que as trocas podem continuar se o cessar-fogo for prolongado, chegando a um total de 100 reféns e 300 prisioneiros palestinos.

Na lista de prisioneiros palestinos está Shrouq Dwayat, condenada por tentativa de assassinato em um ataque com faca em 2015.

Sua mãe, Sameera Dwayat, não conseguia conter a emoção diante da possível libertação da jovem de 26 anos. "Eu choro, rio, tremo", contou à AFP.

No Vaticano, o papa Francisco recebeu nesta quarta-feira parentes dos reféns israelenses e palestinos com familiares em Gaza, instando ao diálogo para evitar uma "montanha de mortos" pela guerra.

- "Muito a ser feito" -

Catar indicou que a pausa humanitária permitirá uma maior entrada de "comboios humanitários e de ajuda, incluindo combustível".

Entre 200 e 300 caminhões entrarão em Gaza, oito deles com combustível e gás, segundo Taher al Nunu, funcionário do Hamas.

Vários líderes internacionais celebraram o acordo, incluindo o presidente da Autoridade Palestina (que governa a Cisjordânia), Mahmoud Abbas, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sisi.

A ONU também considerou o acordo um "passo importante", mas observou que "ainda há muito a ser feito".

Várias ONGs internacionais afirmaram que o cessar-fogo não será suficiente para que a ajuda necessária chegue, além de "não ser suficiente em termos de direitos humanos".

O território palestino é atualmente o "lugar mais perigoso do mundo para uma criança", denunciou nesta quarta-feira a diretora da Unicef, Catherine Russell.

- "Que trégua?" -

Apesar do acordo, Israel afirmou que continuará a guerra para "eliminar o Hamas e garantir que não haja ameaça ao Estado de Israel vinda de Gaza".

"Confirmamos que nossos dedos permanecerão no gatilho", alertou por sua vez o movimento islamista.

Nesta quarta-feira, o Exército israelense continuou seus bombardeios em Gaza, onde também realiza uma operação terrestre desde 27 de outubro.

De acordo com a defesa civil, mais de 30 pessoas morreram em bombardeios a casas no norte da Faixa de Gaza.

"Falam de trégua, mas... que trégua? Uma trégua com feridos, mortos e casas destruídas? Não queremos trégua se não pudermos voltar para nossas casas, não queremos trégua por um pouco de comida", afirmou Maysara al Sabbagh, refugiado em Jan Yunis, no sul do território.

A guerra também levantou o temor de um conflito regional, especialmente entre Israel e o grupo libanês Hezbollah e os rebeldes houthis do Iêmen, em suas fronteiras norte e sul, respectivamente.

O Exército israelense afirmou ter interceptado nesta quarta-feira um míssil de cruzeiro lançado em direção ao sul do país, sem indicar sua origem.

O.Gaspar--PC