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Exército israelense volta a revistar maior hospital de Gaza
O Exército israelense revistou nesta quinta-feira (16), pelo segundo dia seguido, o principal hospital da Faixa de Gaza, apesar das críticas e da preocupação internacional com os civis dentro do estabelecimento, após ter afirmado na véspera que encontrou material bélico do Hamas na instalação.
"Os soldados estão revistando cada andar, prédio por prédio, embora centenas de pacientes e pessoal médico ainda estejam no local", informou um responsável das forças de segurança de Israel.
Na quarta-feira, o Exército israelense lançou uma "operação seletiva" no hospital Al Shifa, em Gaza, alegando que o complexo médico servia de base militar para o Hamas, o que o grupo islamista nega.
Israel disse ter encontrado ali "munições, armas e equipamento militar" pertencentes ao Hamas, além de computadores com informações e "imagens relacionadas aos reféns" capturados por seus combatentes em 7 de outubro. O movimento islamista negou a acusação dizendo que não permite armas em hospitais de sua rede.
O Ministério da Saúde do Hamas afirmou que Israel "destruiu o serviço de radiologia" do hospital e danificou os serviços de tratamento de queimaduras e diálise da unidade hospitalar, onde a ONU estima que existam 2.300 pessoas. "Milhares de mulheres, crianças, doentes e feridos estão em perigo de morte", disse seu porta-voz, Ashraf Al Qudra.
Israel anunciou esta semana que tomou o parlamento, escritórios governamentais, a sede da polícia do Hamas e o porto da cidade de Gaza.
- Ataque a posto de gasolina -
Em 7 de outubro, o Hamas lançou um ataque surpresa no sul de Israel no qual morreram cerca de 1.200 pessoas e outras 240 foram feitas reféns, segundo as autoridades israelenses.
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" este movimento palestino, bombardeando diariamente a Faixa de Gaza e colocando o território palestino sob cerco total. O Exército afirma que 51 soldados foram mortos desde o início do conflito.
Esta ofensiva deixou mais de 11.500 palestinos mortos, incluindo mais de 4.700 crianças, segundo os últimos dados do Ministério da Saúde do Hamas.
Esta mesma fonte indicou que várias dezenas de pessoas morreram em bombardeios noturnos israelenses em Gaza, incluindo nove civis em um ataque a um posto de gasolina no acampamento de refugiados de Nuseirat (centro).
O Crescente vermelho palestino relatou, nesta quinta-feira, um "ataque violento" de tanques israelenses que "sitiaram" o hospital Al Ahli, que já havia sido bombardeado em 17 de outubro.
- Pausas humanitárias "insustentáveis" -
Pela primeira vez desde o início da guerra, o Conselho de Segurança da ONU conseguiu aprovar uma resolução que pede "pausas humanitárias e corredores humanitários amplos e urgentes" que permitam que a ajuda chegue à Faixa de Gaza.
O Ministério das Relações Exteriores israelense indicou nesta quinta-feira que as "pausas humanitárias prolongadas são insustentáveis enquanto 239 reféns permanecem nas mãos dos terroristas do Hamas".
De acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), 1,65 milhão de pessoas - dois terços da população - foram forçadas a fugir de suas casas, devido ao conflito e enfrentam a escassez de suprimentos básicos.
O diretor da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), Philippe Lazzarini, relatou, nesta quinta-feira, que "Gaza sofre novamente um corte total de comunicações, porque não há combustível".
No mesmo dia, a diretora-executiva do Programa Alimentar Mundial da ONU, Cindy McCain, alertou que "o fornecimento de alimentos e água é praticamente inexistente em Gaza" e que os habitantes do território palestino enfrentam um risco iminente de fome.
"A escassez de combustível também está paralisando a distribuição e as operações humanitárias, incluindo a entrega de assistência alimentar", completou.
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, pediu uma investigação internacional, após as "acusações extremamente graves" de violações do direito internacional, "independentemente de quem as cometa".
Já o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, principal apoiador de Israel na guerra contra o Hamas, pediu ao seu aliado para ser "extremamente cuidadoso" nesta operação dentro do hospital.
- "Não se deixe consumir pelo ódio" -
Enquanto isso, as famílias dos 240 reféns detidos pelo Hamas exigem um acordo imediato do governo de Benjamin Netanyahu para sua libertação.
Biden afirmou estar "um pouco esperançoso" de que tenha havido um resultado positivo nas negociações para a libertação dos reféns, nas quais o Catar atua como mediador.
O Exército israelense anunciou nesta quinta-feira que encontrou, perto do hospital Al Shifa, o corpo de uma mulher sequestrada pelo movimento islamista palestino Hamas no dia 7 de outubro.
O corpo da refém sequestrada no kibutz Beeri, identificada como Yehudit Weiss, "foi retirado pelas tropas do Exército israelense de uma estrutura adjacente do hospital Al Shifa, na Faixa de Gaza, e transportado até o território israelense", informou um comunicado das forças de segurança de Israel, que também encontraram "equipamento militar, incluindo rifles Kalashnikov e lançadores de foguetes" no local.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, exigiu a "libertação imediata" dos sequestrados durante uma visita ao kibutz Beeri, atacado pelo Hamas, e também pediu a Israel "que não se deixe consumir pelo ódio".
Mais de 190 palestinos morreram nas mãos de colonos e de soldados israelenses desde aquele dia.
A polícia israelense anunciou, nesta quinta-feira, que matou três agressores, após um "tiroteio" perto de um posto de controle de segurança que liga Jerusalém à Cisjordânia. O Exército de Israel afirmou que um soldado morreu após ser baleado neste ataque reivindicado pelo Hamas.
G.Teles--PC