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Chefe da ONU pede resposta 'unida, sustentada e global' aos riscos da IA
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu, nesta quinta-feira (2), uma resposta "unida, sustentada e global" frente aos riscos da inteligência artificial (IA), durante a primeira cúpula mundial organizada sobre o tema no Reino Unido.
"Precisamos de uma resposta unida, sustentada e global, com base no multilateralismo e com a participação de todas as partes interessadas", declarou Guterres, acrescentando que "os princípios de governança da IA devem estar fundamentados na Carta das Nações Unidas e na Declaração Universal dos Direitos Humanos", destacou Guterres durante o evento, inaugurado na quarta-feira em Bletchey Park, perto de Londres.
O secretário-geral participou da cúpula juntamente com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; da vice-presidente americana, Kamala Harris, e da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
A eles se somaram centenas de especialistas, ministros e empresário, que examinaram os riscos causados pelo acesso sem controle a esta tecnologia, no emblemático centro onde foram desvendados os códigos secretos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
Estados Unidos, China, União Europeia (UE), juntamente com outros 20 países, entre os quais Brasil e Chile, assinaram na quarta-feira, no início da reunião, a Declaração de Bletchley para o desenvolvimento "seguro" da inteligência artificial (IA) e "concordaram com uma responsabilidade compartilhada" frente aos riscos.
"A balança se inclina a favor da humanidade porque temos a vontade política e a capacidade de controlar esta tecnologia, assegurando seus benefícios no longo prazo", afirmou o premiê britânico, Rishi Sunak, no encerramento do evento.
- "Agir rapidamente"
Nesta quinta, no segundo dia da cúpula, Sunak recebeu líderes políticos e chefes tecnológicos em Bletchley Park.
O chanceler britânico, James Cleverly, declarou à AFP que não há tempo a perder para coordenar uma resposta global.
"Devemos avançar em um ritmo que corresponda à evolução tecnológica, não temos outra opção", disse. "E o que vemos é que há uma vontade global, tanto em nível governamental quanto no mundo empresarial, de agir muito rapidamente".
Em formato mais reduzido, com "um pequeno grupo de altos dirigentes de governos com ideias similares", como Estados Unidos, França ou Japão, os líderes deveriam abordar, nesta quinta, os riscos da IA para a segurança nacional, segundo Downing Street.
A China, cuja eventual presença causou comoção, devido às tensões geopolíticas e aos temores de espionagem tecnológica, não foi convidada.
A vice-presidente americana, Kamala Harris, deverá enfatizar os esforços de seu país para "estabelecer normas e ferramentas que permitam diferenciar conteúdos digitais autênticos produzidos pelo governo de conteúdos gerados ou manipulados por IA", informou a Casa Branca.
Com a proximidade das eleições presidenciais americanas (em novembro de 2024) e as legislativas britânicas (que devem ser realizadas antes de janeiro de 2025), a IA gera temores de um aumento do conteúdo falso na internet, com montagens aperfeiçoadas ("deepfake"), cada vez mais confiáveis.
Na tarde desta quinta, foi organizada uma segunda mesa redonda com os diretores-gerais de empresas líderes do setor, como OpenAI, Google Deepmind, Microsoft e Meta, além de representantes da sociedade civil.
Entre os presentes está o bilionário Elon Musk, proprietário do X (anteriormente Twitter) e cofundador da OpenAI, que disse na quarta-feira que a IA representa uma das "maiores ameaças" para a humanidade e tem previsto conversar com Rishi Sunak em Londres depois da cúpula.
Esta conversa já gerou críticas, pois o bilionário tem sido acusado de promover desinformação no X desde que assumiu as rédeas da rede social, há um ano.
S.Pimentel--PC