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Assembleia Geral da ONU pede 'trégua humanitária imediata' em Gaza
A Assembleia Geral da ONU aprovou, nesta sexta-feira (27), com voto contrário dos Estados Unidos, uma resolução não vinculante que pede uma "trégua humanitária imediata e duradoura", em pleno recrudescimento da ofensiva militar israelense contra a Faixa de Gaza.
Com 120 votos a favor, 14 contra e 45 abstenções, a Assembleia Geral aprovou o texto proposto pela Jordânia em nome do grupo árabe, no qual não há menção ao Hamas e a Israel. Antes disso, rejeitou a inclusão de uma emenda do Canadá, que pedia a condenação expressa do Hamas pelo ataque de 7 de outubro, que provocou a morte de mais de 1.400 israelenses, a maioria civis.
Em represália, o Exército israelense bombardeia a Faixa de Gaza sem trégua desde então, sitiando esse território de 2,4 milhões de palestinos. Os bombardeios já causaram mais de 7.000 mortes, segundo as autoridades, a maior parte delas crianças.
O texto, copatrocinado por quase 50 países, "pede uma trégua humanitária imediata, duradoura e sustentável, que leve a uma interrupção das hostilidades".
Além disso, condena o deslocamento forçado da população civil palestina, e exige a libertação imediata e incondicional de todos os civis que são mantidos como reféns "ilegalmente" e "tratamento humano" para eles.
O representante israelense na ONU, Gilad Erdan, tachou de "infâmia" a aprovação do texto, pois não condena expressamente o Hamas. "Todos somos testemunhas de que a ONU já não tem um pingo de legitimidade ou relevância". "É uma vergonha", concluiu.
Exultante, seu homólogo palestino, Riyad Mansour, disse aos jornalistas: "Conseguimos, mas é só o primeiro passo", já que "temos que maximizar nossos esforços e energias para parar a guerra" contra os palestinos, e prometeu continuar "batendo na porta do Conselho de Segurança", que rejeitou quatro resoluções em menos de duas semanas.
A representante dos Emirados Árabes Unidos, Lana Nusseibeh, cujo país é um dos 15 membros do Conselho de Segurança, anunciou que, com a "autoridade moral" que a Assembleia Geral acaba de insuflar, haverá novas tentativas para "desbloquear a situação que impede que o Conselho se pronuncie sobre este assunto".
Antes da votação, o embaixador do Paquistão, Munir Akram, havia explicado que o texto aprovado não mencionava nenhuma das partes no conflito porque "se você é justo, se você é equitativo, não vai culpar uma parte e não a outra".
- Divisão -
A resolução, que diferentemente das que são aprovadas pelo Conselho de Segurança, não tem caráter vinculante, voltou a colocar em evidência as divisões da comunidade internacional sobre o conflito, particularmente dentro da União Europeia.
Os Estados Unidos, apoiador incondicional de Israel, votou contra, assim como fizeram alguns países europeus. Ontem, a UE defendeu a abertura de "corredores humanitários" e a implementação de "pausas" que permitissem o envio de ajuda urgente aos civis em Gaza, após superar divergências e encontrar uma fórmula de consenso sobre a crise humanitária no pequeno território palestino.
Áustria, Croácia, República Tcheca e Hungria votaram contra a resolução, ao lado de Guatemala e Paraguai.
A favor votaram Rússia, China, Irã, Paquistão, França, Brasil, Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile, Cuba, El Salvador, Peru, Espanha e Bélgica, enquanto Alemanha, Austrália, Reino Unido, Itália, Índia, Grécia, Japão, Suécia, Uruguai e Panamá abstiveram-se.
Já a Venezuela, que copatrocinava a resolução, não pôde votar por ter seu direito de voto suspenso por falta de pagamento à ONU.
O texto também condena "todos os atos de violência contra civis palestinos e israelenses, inclusive todos os atos de terrorismo e ataques indiscriminados", e se declara "profundamente preocupado com a última escalada de violência desde o ataque de 7 de outubro de 2023".
Por último, a resolução pede uma solução "justa e duradoura do conflito israelense-palestino" com base na solução de dois Estados.
C.Cassis--PC