Portugal Colonial - Oposição venezuelana anuncia candidata presidencial em meio a cerco judicial

Oposição venezuelana anuncia candidata presidencial em meio a cerco judicial
Oposição venezuelana anuncia candidata presidencial em meio a cerco judicial / foto: Pedro Rances Mattey - AFP

Oposição venezuelana anuncia candidata presidencial em meio a cerco judicial

A liberal venezuelana María Corina Machado, que venceu as primárias da oposição, foi anunciada, nesta quinta-feira (26), como candidata única da oposição, um dia após o Ministério Público anunciar uma investigação contra os organizadores desta eleição interna.

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Machado, inabilitada para exercer cargos públicos por 15 anos, recebeu 92% dos votos, dos 2,4 milhões registrados pela Comissão Nacional das Primárias (CNP) e que o governo rejeitou e classificou como fraudulentos.

"As primárias são uma conquista democrática, cidadã, pacífica, constitucional e eleitoral", afirmou o presidente da CNP, Jesús María Casal, na cerimônia de anúncio, sem fazer referência direta à investigação aberta pela Justiça.

"Alcançamos uma elevada taxa de participação" e "com alegria proclamamos a candidatura única e damos lugar a uma etapa também pacífica e democrática para o bem da Venezuela", completou.

O procurador Tarek William Saab anunciou na quarta-feira a abertura de uma investigação contra Casal, sua vice-presidente, Mildred Camero, e outros integrantes da organização das primárias da oposição.

Saab, de linha pró-governo, designou dois magistrados para a realização desta investigação por suposta usurpação de funções eleitorais e de identidade, além da legitimação de capitais e associação para a prática criminosa.

"Estarei presente quando me convocarem ao Ministério Público", disse Camero à AFP. "Não me sinto mal, não tenho complexo de culpa. O que (o procurador) diz é diferente do que realmente fizemos, mas esses serão assuntos que serão discutidos no tribunal", declarou.

- "Contradição" -

As primárias foram organizadas pela própria oposição, sem a gestão do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que, após meses de evasivas, finalmente propôs no último minuto o adiamento do processo por um mês para que conseguisse administrar o pleito.

O processo, que contou com a votação e a apuração de forma manual, foi muito criticado por dirigentes chavistas, que citaram manipulação dos números.

Machado condenou a "ofensiva" contra a CNP, que também descreveu como uma "contradição".

"É totalmente ineficaz, o processo foi realizado, o resultado e o efeito político foram extraordinários (...), e todos os venezuelanos confiam nesses resultados", afirmou.

No entanto, o Chavismo insiste que mais de 600 mil pessoas não votaram, e é por isso que a Saab está investigando o uso "sem consentimento" da "identidade de inúmeras pessoas (...) de forma professa e esse é um ato criminoso".

Para Víctor Márquez, membro da CNP, "as acusações não têm fundamento, mas como têm poder e realizam um exercício autoritário de poder, é possível que tomem alguma medida fora do quadro da lei", criticou ele, que também rejeitou a denúncia de usurpação de funções do CNE.

"Usurpar funções significaria que organizássemos o processo para eleger o presidente da República, os governadores, os prefeitos... E não foi essa a função que lhe deixamos atribuída", insistiu. "Os responsáveis pelo fato de não ter havido um processo eleitoral supervisionado pelo CNE é o próprio CNE", completou.

As primárias foram realizadas cinco dias após a assinatura de um acordo em Barbados entre a oposição e o governo, que definiu as eleições presidenciais para o segundo semestre de 2024 com observação internacional, com a questão das desqualificações de opositores como Machado ainda pendente.

"O problema da desqualificação foi resolvido por dois milhões e meio de venezuelanos", insistiu a candidata.

E.Raimundo--PC