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Israel irá intensificar bombardeios em Gaza, após entrada de ajuda
O Exército de Israel anunciou neste sábado que irá intensificar os bombardeios na Faixa de Gaza, horas após a entrada do primeiro comboio com ajuda humanitária no enclave palestino.
O comboio entrou horas antes de a ONU pedir um "cessar-fogo humanitário" do conflito, que começou há duas semanas, com um ataque sangrento do movimento palestino Hamas contra Israel.
Correspondentes da AFP observaram que os primeiros 20 caminhões passaram pelo posto de Rafah, na fronteira com o Egito, e entraram na Faixa de Gaza, um enclave palestino que está cercado desde que Israel declarou guerra ao grupo islamista Hamas, que governa o território.
O posto de Rafah, no entanto, voltou a ser fechado logo após a passagem dos caminhões, relataram testemunhas à AFP.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que os cidadãos de Gaza precisam de "muito mais" e pediu um "cessar-fogo humanitário" para "acabar com o pesadelo" durante uma "Cúpula da Paz" no Cairo, que teve a participação de políticos e ministros das Relações Exteriores de países árabes e ocidentais.
Israel, que prometeu “aniquilar” o Hamas, prepara-se para lançar uma ofensiva terrestre em Gaza. O Exército quer aumentar os bombardeios em território palestino a partir de hoje", declarou um porta-voz das Forças Armadas israelenses.
“Vamos entrar em Gaza para cumprir um objetivo operacional, destruir a infraestrutura e os terroristas do Hamas, e iremos fazê-lo profissionalmente”, declarou o comandante do Estado-Maior, Herzi Halevi, que passou as tropas em revista.
- Situação catastrófica -
Na Faixa de Gaza, onde, segundo a ONU, 1 milhão de palestinos fugiram do norte para o sul devido aos bombardeios, a situação “é catastrófica”, afirmaram neste sábado cinco agências das Nações Unidas.
O presidente americano, Joe Biden, pediu que as partes no conflito continuem permitindo a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, citando “uma necessidade crucial”.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, saudou hoje "o primeiro passo para aliviar o sofrimento de pessoas inocentes" em Gaza.
O Hamas executou um ataque violento a partir da Faixa de Gaza contra o território israelense em 7 de outubro, uma ofensiva que matou mais de 1.400 pessoas, a maioria civis, que foram baleados, queimados vivos ou mutilados, segundo as autoridades de Israel.
Os bombardeios em represália de Israel contra a Faixa de Gaza já mataram mais de 4.300 palestinos, a maioria civis, segundo balanço divulgado pelo Ministério da Saúde do Hamas.
- Diplomacia -
Os esforços diplomáticos para evitar uma escalada regional são cada vez mais intensos, como com a reunião de cúpula organizada pelo presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sissi. Entretanto, as discussões tropeçaram em dois pontos: os países árabes se negaram a assinar a "clara condenação do Hamas" e o "apelo à libertação dos reféns" exigido pelos ocidentais, explicaram à AFP diplomatas árabes, que não quiseram ser identificados.
Dessa forma, a cúpula terminou sem um comunicado conjunto. A Presidência egípcia se limitou a publicar uma declaração que critica "uma comunidade internacional que mostrou, nas últimas décadas, sua incapacidade de encontrar uma solução justa e duradoura para a questão palestina".
"Não iremos embora" das terras palestinas", declarou Abbas, uma posição apoiada por Egito e Jordânia, em resposta à fuga dos habitantes de Gaza para o sul do território após as advertências de Israel.
- Outros focos de tensão -
As tropas israelenses seguiam concentradas ao redor de Gaza, tendo em vista uma ofensiva por terra. O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, já havia estabelecido como objetivo da guerra "encerrar as responsabilidades" de Israel em Gaza.
Entre os possíveis cenários, Israel considera "entregar as chaves" da Faixa de Gaza a um terceiro país, como o Egito, informou à AFP uma fonte do Ministério das Relações Exteriores.
Em outro foco de tensão, o Exército israelense anunciou na madrugada deste sábado que atacou alvos do Hezbollah no sul do Líbano. Quatro combatentes desse grupo morreram, afirmou o movimento islamista.
Na Cisjordânia ocupada, uma pessoa morreu na noite desta sexta-feira em confrontos com o Exército israelense, aumentando para 84 o número de palestinos mortos desde o último dia 7 nesse território, segundo o Ministério palestino da Saúde.
P.Serra--PC