Portugal Colonial - Meloni completa um ano de governo na Itália com agenda menos radical que o planejado

Meloni completa um ano de governo na Itália com agenda menos radical que o planejado
Meloni completa um ano de governo na Itália com agenda menos radical que o planejado / foto: Thomas COEX - AFP/Arquivos

Meloni completa um ano de governo na Itália com agenda menos radical que o planejado

Em um ano no poder na Itália, a primeira-ministra Giorgia Meloni consolidou uma agenda moderada que contrasta com as expectativas do início de seu mandato como líder de um partido de extrema direita.

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Muitos observadores esperavam uma reviravolta radical por parte de Meloni, que neste período adotou uma linha moderada na política externa e um programa conservador internamente que está longe de ser disruptivo.

A premiê de 46 anos tem buscado uma atitude construtiva com a União Europeia e seus parceiros, apesar das diferenças com França e Alemanha sobre a questão migratória, na qual a Itália é um dos países em que mais chegam migrantes do Norte de África através do Mar Mediterrâneo.

Do ponto de vista da política externa, Meloni ofereceu apoio à Ucrânia contra a invasão russa e analistas esperam que retire o país do projeto Novas Rotas da Seda, iniciativa chinesa de infraestruturas. A Itália foi a única nação do G7 que aderiu a este programa em 2019.

O apoio à Ucrânia rendeu elogios durante uma visita aos Estados Unidos em julho. "Ficamos amigos", disse o presidente americano, Joe Biden, no Salão Oval, em Washington.

A nível interno, a primeira-ministra reduziu os impostos e defendeu uma política anti-imigração e os valores de uma família tradicional, conseguindo manter o seu partido, Irmãos de Itália, na liderança das intenções de voto (28%).

"Conseguiu parecer ,oderada, apesar de ter sido considerada radical", explica à AFP Luigi Scazzieri, pesquisador do 'Centre for European Reform', que ainda questiona quanto tempo ela suportará com este equilíbrio.

- Reduções fiscais -

A premiê formou o governo italiano mais direitista desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em coalizão com a Liga, o partido anti-imigração de Matteo Salvini, e os conservadores do 'Forza Italia', do falecido ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.

Para Lorenzo De Sio, professor de Ciências Políticas na Universidade Luiss, em Roma, o governo se mostrou "claramente menos radical do que esperávamos". Ele ressalta que o Executivo de Meloni aliviou a pressão fiscal sobre as famílias e, ao mesmo tempo, se mostrou um pouco mais tolerante com a evasão fiscal.

A economia, por sua vez, não apresenta o vigor esperado, o que obrigou Roma a reduzir as previsões de crescimento do PIB para 0,8% em 2023 e 1,2% em 2024. O déficit público também será superior, com a previsão de 5,3% este ano e 4,3% em 2024.

Apesar da agenda moderada, a primeira-ministra defende o modelo tradicional de família, o que levou o governo a enviar mensagens a seus eleitores sobre a proibição das autoridades locais de registrarem filhos de casais homossexuais, que não podem adotar ou recorrer à barriga de aluguel na Itália.

- "Fazer melhor" na política migratória -

A política migratória foi fundamental durante a campanha eleitoral há um ano, e tanto Meloni como Salvini prometeram bloquear as embarcações que transportam migrantes da costa norte-africana para a Itália.

Apesar de uma série de decretos-lei, o número de chegadas de migrantes ao país, 140.000 até agora este ano, aumentou 85% em comparação a 2022.

O tema continua no topo da lista de insatisfação de seus eleitores, de acordo com a YouTrend para o canal de notícias SkyTG24. A própria Meloni reconheceu que quer "fazer melhor" na questão migratória, na qual compete com Salvini, que reforçou seu discurso antieuropeu e anti-migrantes às vésperas das eleições europeias de 2024.

Para Luigi Scazzieri, se a premiê não conseguir demonstrar que a sua abordagem moderada serve melhor os interesses de Itália, poderá ser forçada a endurecer sua linha política.

F.Ferraz--PC